Sucesso de 'Pé de Chinesa' abre caminho para a produção de conteúdos rápidos e voltados para a internet que acenem a novos caminhos para o mercado
Pé de Chinesa foi, definitivamente, a novela que mais viralizou na web nos últimos dias. No estilo carta do leitor que virou manchete - conforme análise feita por este mesmo autor na semana passada - a trama, que sequer existe, ofuscou a expectativa de estreia de Mania de Você e ganhou todos os desdobramentos e memes possíveis, alcançando 12 vezes mais engajamento que Renascer, novela das nove da Globo que chega nesta sexta, 6, a seu último capítulo.
Embora sabido por todos que se trata de uma "fanfic", ou seja, uma "fake novela", Pé de Chinesa pegou de verdade e entrou para a lista de termos utilizados por marcas e artistas, como a própria autora atribuída ao inexistente folhetim, Gloria Perez (75) e atores que simularam um possível personagem na história que para os internautas contaria com Davi Britto (22) e Jade Picon (22) como protagonistas.
O X da questão - e não estamos falando do Twitter - é que nesta brincadeira toda uma lição fica para quem quiser enxergar: Pé de Chinesa deu um baita recado aos "grandões" das comunicações - por isso entenda Globo, Netflix, Prime Video, SBT ou qualquer produtora que queira se arriscar a), existe um buraco no mercado das novelas no Brasil: a produção de formatos curtos e rápidos que funcionam - e muito - para o público da internet.
Recentemente, a CARAS Brasil apurou que a ideia de produzir novelas curtas com o uso de celulares mais potentes - como o iPhone 15 Pro Max - chegou a surgir entre projetos do Globoplay para um futuro não distante. No entanto, a ideia enfrentou resistência por parte de alguns profissionais e não chegou a vingar.
O formato não apresentaria nenhuma novidade - pelo menos não por aqui - e tem tudo a ver com o efeito de mercado trazido pela tal Pé de Chinesa: quando o consumo vai além de assistir ao produto, mas de abraçá-lo como uma narrativa e transportá-lo para todos os hábitos e passos virtuais.
Há dois anos, o público brasileiro viralizou na internet ao descobrir a existência de "mininovelas" no Kwai, rede social de vídeos curtos. Gravadas na vertical com o uso de celulares, as tais novelas curtas trazem episódios de - pasmem - dois a três minutos, tempo suficiente para um consumo rápido e imediato.
Um exemplo são as novelas do casal Tamara e Paulo, eles apresentam os dilemas da vida de casado e demonstram algumas dificuldades que grande parte dos casamentos enfrentam. A trama é um sucesso no Tik Tok e Kwai.
Sem precisar perder meses na frente da TV ou de suportar as "barrigas" que o folhetim brasileiro exige, os internautas - principalmente os mais jovens e com menos paciência - tendem a compartilhar "seu surto" (linguagem de engajamento nas redes sociais) com cada episódio curto ou nova "mininovela" lançada, transformando, assim, o produto em um sucesso de repercussão - e consequentemente em potencial para o mercado.
Afinal, se Pé de Chinesa que nem existe virou uma "sensação", imaginem novelas de uma ou duas semanas e feitas com rostos conhecidos e amparadas por grandes marcas? O recado está dado!