Em entrevista à CARAS Brasil, Thereza Falcão fala sobre sua volta ao teatro com 'Sonho Encantado de Cordel' e confessa retorno às raízes familiares com espetáculo
Thereza Falcão estreia neste sábado, 12, Sonho Encantado de Cordel, o Musical, sua primeira peça como autora e diretora após 28 anos. A ex-escritora de novelas da Globo, que encerrou o contrato com a emissora carioca em maio deste ano, não dirigia um espetáculo desde A Arca de Noé, em 1997. Em entrevista à CARAS Brasil, ela conta que a proposta, agora, é levar um desfile carnavalesco da avenida para os palcos.
"Tudo entra e tudo sai, como no desfile. Quando acaba a peça, o palco está vazio, como se fosse um desfile, com carro, alegoria, adereços. Tem truques de Carnaval, mudança de roupa rápida, tem uma magia bem valorizada", explica a dramaturga, responsável pela co-autoria de novelas como Novo Mundo (2017) e Elas por Elas (2023).
Em Sonho Encantado de Cordel, o Musical, Thereza transforma em magia a inspiração em Uma Delirante Confusão Fabulística, enredo de 2005, criado por Rosa Magalhães (1947-2024) para a Imperatriz Leopoldinense, escola de samba do Rio de Janeiro, que prestou homenagem a Hans Christian Andersen em seu centenário.
Na época, o enredo juntou Andersen com Lobato. Dessa vez, Thereza afirma ter se agarrado na história do repentista, por meio de uma menina que sonha em ser cordelista. "O cordel tem muito isso de viajar no tempo e no desfile, a Rosa levou a história do Andersen para a avenida fazendo um paralelo das histórias que ele criou e é isso que proponho nos palcos", adianta.
De acordo com Thereza, Andersen enfrentou rejeição, preconceito e dificuldades durante toda sua vida. "É a história do Patinho Feio, quase uma biografia", destaca. Ancorada em uma coleção de histórias que beira a literatura infanto-juvenil, a autora promove um encontro entre esta personagem chamada Rosa - nitidamente em homenagem a Rosa Magalhães - e Andersen, contando as histórias de maneira entrelaçada.
"É um diálogo de conto de fadas com o cordel", garante Thereza Falcão, que leva as cenas para a peça acompanhadas de canções de Chico César (60), Zeca Baleiro (58), entre outros nomes consagrados da música brasieira. Tudo isso com uma estética que acompanha o olhar de uma menina nordestina. "A história é contada com essa cor, com o universo da cultura popular, que é a cultura dela", pontua.
Para trabalhar o cordel - tema que já esteve presente indiretamente na carreira de Thereza em 2011, na novela Cordel Encantado, na Globo, onde atuou como colaboradora - Thereza contou com a supervisão do trabalho de da cordelista de Recife (PE) Érica Montenegro. "O cordel é um universo muito rico, tem poesia e a peça fala de amizade, superação, realização, fala com criança pequena, com adulto, porque tem magia. Não reduziria ela ao infantil", analisa a autora, que volta às raízes alagoanas da família com a realização deste trabalho.
"O universo do Nordeste é muito forte pra mim. Sempre tive contato com a cultura nordestina, com o jeito de falar, fez parte da minha vida. Minha tia morreu no ano passado com 99 anos e eu nunca tinha passado mais minha vida com alguém do que com ela, no meu ouvido o tempo inteiro, uma verdadeira apropriação de histórias. Então, cordel é poesia!", conclui Thereza.
Sonho Encantado de Cordel, O Musical, estreia no Teatro Claro Mais, em São Paulo, neste sábado, 12. O espetáculo conta com 14 artistas, cantores e multi-instrumentistas, entre eles o casal Aline Wirley (42) e Igor Rickli(40). O espetáculo mescla o ritmo do Nordeste com a magia das histórias.