Em entrevista à Revista CARAS, o ator Felipe Ricca reflete sobre sua vocação e a inspiração nos pais, Adriana Esteves e Marco Ricca
A arte, definitivamente, corre pelas veias de Felipe Ricca (24). Depois de período dedicado à música, o filho de Marco Ricca (61) e Adriana Esteves (54) se encontrou na atuação e segue o caminho dos pais. Há três anos estudando na CAL, a Casa das Artes de Laranjeiras, estreou no audiovisual em Pedaço de Mim, série da Netflix. Próximo desafio? O remake da global Vale Tudo.
Em entrevista exclusiva à CARAS no Parque Natural Municipal da Cidade, no Rio, o artista avisa que não quer algo momentâneo: "Quero construir uma carreira sólida e isso exige muito estudo, seriedade. Tenho uma longa trajetória e vou aos poucos, um passo de cada vez", afirma Felipe Ricca.
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Por que relutou tanto a aceitar que queria ser ator?
Foi um processo pessoal. No colégio fiz umas peças, meu pai comentou que eu levava jeito, mas como vários amigos botavam essa pilha em mim, criei alguma barreira e me distanciei. Dos 16 aos 20 anos foquei muito na música, só pensava nisso. Depois que abri minha mente e entendi que eu poderia me experimentar nos palcos. Eu senti vontade de estudar teatro, mas não necessariamente queria exercer a profissão, mas comecei a estudar e me apaixonei. Eu acho que tudo tem o seu tempo, foi muito bom entrar no teatro com uma maturidade.
O fato de seus pais serem grandes atores pode levar as pessoas a criarem expectativas sobre você. Pensa nisso?
Tenho bastante consciência de que tudo na vida é acúmulo de aprendizado. Então, com experiência, naturalmente, cada vez vou me tornar melhor. Tenho pretensão de seguir uma longa jornada na dramaturgia, então não tenho pressa de nada. Eu tenho um compromisso com os estudos, porque sei que é isso que vai me levar aonde quero.
Nas internet falam que Pedaço de Mim e Vale Tudo estão cheias de nepo babies. É como se, por ser filho de atores renomados, vocês tivessem privilégio. Como encara isso?
O maior privilégio que tenho por ser filho dos meus pais é poder trocar experiências com eles. Reconheço esse privilégio e agradeço, porque me acrescenta muito como ator conversar com minha mãe sobre isso e, às vezes, até bater texto das cenas dela para ajudá-la. Isso me ensina muito. Esses são os tipos de privilégios que tenho sendo filho deles.
As pessoas falam no sentido de que ser filho deles pode abrir portas, mas se for pensar assim, você já estaria fazendo novela há muito tempo!
Exatamente. As pessoas sempre vão ter muita coisa para falar. Isso é natural. Por isso, busco conhecimento, porque não quero algo momentâneo, eu quero construir uma carreira sólida e isso exige muito estudo, seriedade. E, querendo ou não, o tempo é mestre, ele mostra tudo. Eu tenho uma longa trajetória e vou aos poucos, um passo de cada vez.
Está preparado para a exposição que vem junto com a televisão?
Acho que eu estou. A fama tem um ladoilusório também, né? Tenho interesse pela arte da dramaturgia e acho que a fama é consequência, você acaba virando uma pessoa pública. Mas isso independe da minha pessoa, isso diz respeito a quem assiste. Sou apaixonado por viver personagens, por estar em ação, não penso muito sobre a fama.
Mas você sabe que vão ter curiosidades sobre a sua vida...
Com certeza, mas, de certa forma, a curiosidade sempre existiu.
Você fez um teste para atuar em Pedaço de Mim?
Eu já tinha feito alguns testes antes, então estava começando a pegar uma noção de como era fazer testes para um trabalho. Fiz primeiro o selfie tape, depois teve o teste presencial. Para mim, no final das contas, foi tudo novo, até mesmo o processo de gravação, então foi uma adrenalina boa e muita gratidão por todo mundo que trabalhou na série e que acreditou no meu trabalho.
Não só a história principal, mas a do seu personagem também fala de violência sexual. E é um tema mais do que necessário de ser abordado na TV...
Com certeza. São assuntos horríveis, dificílimos de se tratar, mas é um debate muito importante. E a série ter essa repercussão toda só prova que a sociedade quer debater isso.
Como desconstrói esse machismo em você?
É um trabalho que todos nós temos que fazer, porque a gente vive numa sociedade estruturalmente machista e a gente tem que analisar isso o tempo inteiro. Teve época que aceitaram coisas que hoje em dia, graças a Deus, a gente vem entendendo que não tem mais como aceitar.
Como está o lado musical?
Estou fazendo muita música, só que não estou lançando nada. Tenho um álbum para lançar, já escrevi, tem uma produção de música, mas ainda tenho mais uns meses de estudo na CAL, tenho duas peças, então acho que só ano que vem.
Se frustrou com a música?
Não me frustrei, eu entendi o mercado. Não faço música para os outros, faço pra mim, porque amo. Eu vivo música e vou viver sempre, mas não tenho mais a ambição nem o sonho de rodar o Brasil fazendo shows.
Te transformou virar ator? Em que sentido?
Com certeza. Eu fiz um curso com Amir Haddad e ele fala que o corpo não sai impune. Então, cada papel que você vive, cada história que você conta, cada peça de teatro que você faz, você sai uma nova pessoa. Além disso, você tem trocas intensas com as pessoas. A atuação é uma arte de contato físico, espiritual, pessoal... você aprende com as pessoas e sai transformado, não tem jeito.
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