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Médico esclarece dúvidas sobre o câncer de Ney Latorraca: ‘Doença silenciosa’

Em entrevista à CARAS Brasil, o oncologista Jorge Abissamra Filho esclarece dúvidas sobre o câncer de próstata de Ney Latorraca, que voltou em agosto

Dr. Jorge Abissamra
por Dr. Jorge Abissamra

Publicado em 27/12/2024, às 17h16

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Ney Latorraca morreu na última quinta-feira, 26, aos 80 anos - Foto: Cristiana Silva/AgNews
Ney Latorraca morreu na última quinta-feira, 26, aos 80 anos - Foto: Cristiana Silva/AgNews

O corpo do ator e diretor Ney Latorraca foi velado nesta sexta-feira, 27, no Theatro Municipal, no Centro do Rio de Janeiro. Dezenas de amigos, familiares e colegas de trabalho deram o último adeus ao artista, que morreu aos 80 anos, na manhã de quinta-feira, 26. Internado desde o dia 20 de dezembro na Clínica São Vicente, na Gávea, ele lutava contra um câncer de próstata e foi acometido por uma sepse pulmonar. No início da tarde, o caixão seguiu para a cremação, reservada aos amigos e família.

O câncer de Ney foi diagnosticado em 2019. Na época, ele foi operado e retirou a próstata (uma pequena glândula localizada na parte inferior do abdômen dos homens). A doença voltou em agosto deste ano, já com metástase. Em entrevista à CARAS Brasil, o oncologista Jorge Abissamra Filho dá detalhes sobre o tumor. Ele informa que o câncer de próstata é o terceiro câncer de maior incidência no mundo, perdendo apenas para o de pele não melanoma e o de mama. “Trabalhos recentes mostraram que a cada oito homens, um terá câncer de próstata; isso mostra o tamanho da incidência da doença”, reforça.

Segundo o médico, o principal fator de risco é a idade, pois é uma doença que acomete geralmente homens a partir dos 50 anos. “Os fatores genéticos como parentes com a doença e a raça negra também são fatores de risco, pois a incidência é maior nessa população. A doença geralmente é silenciosa apresentando sintomas em casos mais avançados”, diz.

“Os sintomas podem ser confundidos com os apresentados pela hiperplasia prostática benigna, que é uma doença não oncológica, como aumento da frequência urinária, sensação de esvaziamento incompleto da urina, diminuição da força do jato da urina. Outros sintomas como sangramento ao urinar e dor também poder se apresentar”, explica Abissamra.

Ainda de acordo com o oncologista, a próstata aumentada é uma condição habitual do idoso e na grande maioria das vezes não está relacionada ao câncer, apesar do câncer de próstata também poder apresentar aumento da próstata. “Aí, há a necessidade de um acompanhamento para o médico poder diferenciar as patologias”, fala.

O especialista explica que o câncer de próstata é diagnóstico através de uma biópsia, que é a retirada de pequenos fragmentos do órgão para análise em microscópio. “Porém, algumas alterações indicavam se há a necessidade do médico solicitar a biópsia ou não, já que é um procedimento invasivo. Dentre eles, o aumento do PSA, que é um exame sanguíneo, e a alteração da textura e do tamanho na próstata examinada no toque retal. Ambos são fundamentais para auxiliar no diagnóstico. O toque é um exame rápido, indolor, simples e barato e muito importante para indicar ou não a biópsia próstatica”, salienta.

O tratamento pode ser feito de diversas formas, mas de maneira geral, para doenças iniciais, é possível realizar a retirada da próstata cirurgicamente ou através de radioterapia, destruindo com radiação o tecido prostático.

“Em casos mais avançados, realizamos o bloqueio da testosterona (hormônio produzido pelos testículos, responsável pelo crescimento e multiplicação das células tumorais da próstata), através de medicações ou cirurgicamente (retirada dos testículos). Em casos mais graves, também é possível utilizar quimioterapia”, conta Abissamra. “Estudos são inúmeros, mas depende muito do estágio e de como a próstata se comportou ao tratamento utilizado. É muito específico”, finaliza.

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