Luiza Tomé, estrela da peça A Vida Começa aos 60, conta em entrevista à CARAS Brasil semelhanças com sua personagem
Publicado em 12/04/2025, às 09h00 - Atualizado em 14/04/2025, às 01h25
Luiza Tomé (63) bate de frente com o etarismo na peça A Vida Começa aos 60, escrita por Aguinaldo Silva (81). A produção, que recebeu aplausos de um público selecionado no último ensaio antes da estreia, marcada para este sábado, 12, na Casa de Artes, na Vila Buarque, em São Paulo, traz um tema que ainda nos dias de hoje insiste em continuar na sociedade.
A atriz é Loudes, uma mulher viúva que redescobre a vida após a chegada de uma paixão. Amaro (Júlio Rocha), mostra que o amor é para ser vivido em todas as fases da vida, o que traz um novo significado para a perspectiva.
Em entrevista à CARAS Brasil, Tomé descreve a sua personagem como uma mulher que luta para sair de um cenário de falta de amor e encontra a sua paixão em um mundo cheio de incertezas. Uma figura que sofre os efeitos do etarismo ao ser excluída.
"Ela foi casada há muitos anos com um único homem, ficou 30 anos com esse marido e ficou viúva. Tinha um filho que casou, e digamos que ele abandonou ela. Então, a Lourdes é uma mulher solitária que tem uma grande amiga e é só quem ela tem na vida, não trabalha mais, porque vive de renda e com certeza não teria trabalho para Lourdes, né? E o filho abandonou porque os filhos vão embora. Fica aquele ninho vazio e muitos deles não dão atenção pra mãe, eles abandonam mesmo, eles não querem saber da solidão dessa mãe", conta.
A estrela se identifica com a personagem e encontra semelhanças ao refletir sua vida com o contexto da história. A começar pela idade e sobre como leva a vida atualmente, já que seus filhos estão todos crescidos.
"Bate com vários conflitos que eu, Luísa, passo hoje em dia. 'Solidão?'. Sim. Sou solitária pra caramba. Como tá o relacionamento da Luísa? 'Tá difícil?'. Tá. Tá difícil. 'Por quê?'. Porque a gente fica mais exigente, porque realmente tá difícil se relacionar. Então, assim, quando apareceu esse personagem com essas questões, isso tá me fazendo parar pra pensar no que eu, Luísa Tomé quero pra minha vida de agora em diante, pro meu futuro. É um tempo chato. Muitas reflexões", confessa.
A atriz defende obras criadas para combater o etarismo. Para ela, é importante protestar através da arte de atuar e de contar histórias para um público disposto a aprender. "É extremamente importante", afirma a artista.
"É um assunto que não se fala muito. Se fala sobre toques, se tem shows musicais, jovens, exceto a peça agora maravilhosa que o Othon Bastos está fazendo, que é um exemplo de vida, de profissional, de tudo. É uma peça muito importante que eu tenho. Quando eu falo para as pessoas que estão na minha faixa etária, que eu estou fazendo essa peça, elas não olham para mim e nem piscam. Não é porque eu sou a Luiza Tomé que estou falando. Porque elas se identificam na hora com esse lugar dessa mulher, com esses conflitos. Então é uma peça extremamente necessária nesse momento para as pessoas refletirem", finaliza.