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Maria Zenayde, de Renascer, dribla o etarismo na TV aos 71 anos: 'Ditadura estranha'

Em entrevista à CARAS Brasil, a atriz Maria Zenayde comentou sobre os desafios da carreira e compartilhou projetos futuros do streaming e teatro

Maria Zenayde usa referências da própria vida, como sua mãe e avó, para viver Dalva em Renascer - Reprodução/Globo e Instagram
Maria Zenayde usa referências da própria vida, como sua mãe e avó, para viver Dalva em Renascer - Reprodução/Globo e Instagram

Aos 71 anos, Maria Zenayde soma trabalhos no teatro, cinema e televisão. O último deles, a personagem Dalva de Renascer, foi recebido como um presente em meio à tendência etarista das grandes produções. Em entrevista à CARAS Brasil, a atriz revela projetos futuros e compartilha opinião sobre os desafios para atrizes mais velhas: "Ditadura estranha", afirma.

Para Zenayde, o cenário desafiador que ela enfrenta ao ser uma atriz mais velha é mundial. Grandes nomes do cinema norte-americano, como Meryl Streep (75) e Glenn Close (77), já vieram a público comentar sobre as limitações impostas aos seus trabalhos com o avanço dos anos: "Acho que isso é mundial. Chegou na faixa dos 50, 60 anos, a coisa já fica complicada", pontua.

"Como a Susana Vieira fala, ela é a única que ainda beija na boca. Mas, na última novela, acho que ela não beijou na boca, não", comenta de bom humor. Para a atriz, o entendimento de que, ao envelhecer, as mulheres se tornam limitadas em sua arte, faz parte de um pensamento institucionalizado. "É uma ditadura estranha, porque parece que a mulher, depois dos 60 anos, não tem mais vida nas histórias do cinema, nas histórias da televisão", reflete.

Em meios que usam a imagem, como analisa Zenayde, as histórias de mulheres mais velhas são cada vez mais esquecidas e subdesenvolvidas: "Nos livros isso não acontece tanto, você tem toda a liberdade. Mas onde precisa da imagem da mulher, é outra coisa. O homem pode ter 80 anos, ter filhos, não tem problema nenhum", observa.

A atriz compartilha que a tendência tem fundamento na sociedade patriarcal e relembra o julgamento sofrido por Cláudia Raia (57), que engravidou aos 55 anos: "Ela foi crucificada, como se ela não pudesse, como se isso fosse uma coisa assim, fora de sério. Eu não sei como a gente pode ainda vivenciar isso".

"A gente já está ultrapassando os homens em quantidade, inclusive, em idade, muitas vezes, e eles ainda dominando as histórias" desabada. Apesar dos desafios, Zenayde vê com bons olhos o surgimento de diretoras, cineastras e dramaturgas do sexo feminino:

"Existe um movimento contrário também. Cineastas maravilhosos aparecendo por aí ou se mantendo por aí para contar as histórias das mulheres mais maduras, que têm uma vida rica, com mil detalhes interessantes a serem discutidos e não se dá a devida oportunidade", fala.

Ativa na carreira artística

Zenayde revela que, em Renascer, não está no set de filmagens todos os dias, já que sua personagem faz aparições pontuais, mas seria um prazer gravar diariamente: "Sem problema nenhum, isso nunca me atrapalhou. Porque é tão bom, é tão bom estar em cena, é tão bom estar trabalhando, é tão gratificante estar trabalhando que não me atrapalharia em nada, em nada", explica.

O convite para viver Dalva veio como uma pequena participação e se estendeu para um papel fixo na trama das nove, onde a intérprete contracena com nomes como Irandhir Santos (46) e Alice Carvalho (28): "Contracenar com o Irandhir é uma coisa absurda. Sinto que ele é um dos maiores atores que eu já vi na minha vida, se não o maior, porque é uma coisa é impressionante. A Alice eu encontrara nas gravações de Guerreiros do Sol e foi um prazer reencontrá-la. Eles são uma coisa maravilhosa", compartilha.

Em Guerreiros do Sol, novela do Globoplay que tem previsão de estreia para 2025, Zenayde vive a mãe de um personagem muito importante, mas não revela detalhes do trabalho cercado de segredos: "Eu faço a mãe de um personagem lindo, maravilhoso, que tem uma história também bastante interessante, mas que a gente não pode falar ainda", brinca.

"É um personagem importante, e essa mãe é uma mãe muito, muito zelosa. Minha personagem é muito bonita, também de uma força maravilhosa, extraordinária. E é um trabalho que fala daquele nordestão profundo, uma relíquia de Lampião e Maria Bonita. Então, imagina a força desses personagens, não é?", conta a intérprete.

Além do trabalho no streaming, Maria também destaca o espetáculo Caras do Brasil, já apresentado pela atriz no passado e que agora está em processo de remontagem, com previsão de estreia entre outubro e novembro. "Estou ensaiando um show que fiz há 4, 5 anos, o Caras do Brasil. Um espetáculo com texto e muita música, mais música do que texto. E está me dando muito prazer. Ensaiar me dá prazer, é uma vitalidade! Como se a gente se alimentasse de uma coisa diferente do que os outros comem, do que os outros bebem", diz.

Zenayde explica que, apesar de o espetáculo ser antigo, todo o trabalho de remontagem está construindo uma apresentação inédita: "A gente está modificando todo o roteiro. Era um roteiro, agora virou outro roteiro, então será um espetáculo novo. O mesmo nome, porque acho que esse nome é muito importante, mas é um novo espetáculo", conclui.