Apresentador do Globo Esporte, na TV Verdes Mares, esclareceu os motivos que o levaram a tomar tal decisão
Kaio Cézar, jornalista da TV Verdes Mares, afiliada da Rede Globo no Ceará, surpreendeu o público e pediu demissão ao vivo na tarde deste sábado, 16.
“Neste momento, estou pedindo demissão do sistema Verdes Mares. Não abro mão do respeito nem da dignidade para estar em lugar nenhum”, disse ele, durante os créditos finais do programa Globo Esporte.
Depois da grande repercussão do caso, Kaio fez uma nota de esclarecimento através das redes sociais para explicar sua decisão.
"Em quase onze anos de empresa – cheguei aos 17 de idade – cometi, lógico, muitos erros. Todos, no entanto, no âmbito profissional, ainda assim julgo ter passado bem, sem qualquer falta grave. Nunca um erro de ordem ética, no sentido de diminuir algum colega enquanto pessoa, por exemplo, ou assediá-lo moralmente. (...) Fizeram isso comigo. E fizeram mais. O diretor Paulo César Norões me apunhalou por muito tempo. Arrogante, ele nunca soube lidar com quem pensa diferente, principalmente os que julga inferiores. E eu, por ter raízes, convicções – políticas e esportivas – e personalidade extremamente opostas nunca fui respeitosamente aceito por ele. Lembro-me que um dia, no meio de uma reunião do esporte, quando era nosso editor-chefe, mandou-me tomar no c* por ter discordado dele", contou ele.
Em seguida, Kaio relatou outros momentos em que teria sido injustiçado na emissora. "Tudo isso foi ocorrendo em combinação com outros acontecimentos, que não posso reputá-los todos ao Paulo César Norões, mas, por tudo isso que já relatei, seria natural pelo menos desconfiar que alguns tenham interferência dele", afirmou.
"Inicialmente me tiraram dos jogos do Premiere Futebol Clube, onde narrei, se não me falha a memória, quatro jogos em três anos. Depois, me tiraram da rádio, alegando, pasmem, que minha saída era para que eu pudesse me dedicar aos jogos do PFC, sendo que depois voltei para o rádio para tapar buracos e sem o salário que eu lá recebia. Por último, fui perdendo espaço também nas transmissões da TV Verdes Mares. O motivo? Tive que folgar obrigatoriamente dois domingos no mês. Apesar de absurdo do ponto de vista da rotina jornalística - muito mais do esporte, que trabalha essencialmente as quartas e domingos. Tudo bem, se é uma norma da empresa em acordo com o Ministério do Trabalho, o jeito é acatar. Mas, por que há contratos diferentes que não exigem isso? Mais uma vez fiquei sem resposta", relatou ele.
A gota d'Água, segundo o jornalista, teria sido após uma discussão onde Paulo César Norões ofendeu a ele e sua família. "Em meio a tantos fatos que configuram perseguição, certa vez PC Norões se dirigiu a mim e proferiu ofensas à minha família que não as repito aqui porque tenho dois filhos, entre eles uma enteada, e poderia expor pessoas que não tem nada a ver com a história. Só adianto uma coisa, não tem nada a ver com traição da minha mulher, como inventaram de ontem para hoje. E foi assim que pouco a pouco me escantearam, sem qualquer pudor ou respeito por mim, um profissional que se dedica há tanto tempo à mesma empresa".
Por fim, Kaio agradeceu ao Sistema Verdes Mares pelas oportunidades que teve ao longo da carreira. "Apesar de tudo, preciso agradecer. Sou profundamente grato ao Sistema Verdes Mares pelas oportunidades que tive, embora nos últimos anos, o diretor citado tenha insistido em me tirar do páreo".
Indiretamente, o diretor Paulo César rebateu as acusações e publicou a seguinte frase em seu perfil do Instagram: “Se algum dia vocês forem surpreendidos pela injustiça ou pela ingratidão, não deixem de crer na vida, de engrandecê-la pela decência, de construí-la pelo trabalho!”.
Em comunicado, a TV Verdes Mares também se posicionou sobre o ocorrido.
"O Sistema Verdes Mares foi surpreendido, na tarde deste sábado (16), com o pedido de demissão do jornalista Kaio Cézar, ao final da apresentação do Globo Esporte, na TV Verdes Mares. Diante da repercussão do fato, o Sistema Verdes Mares esclarece que desconhece os motivos da decisão do apresentador e que vai tratar o assunto internamente, pelos canais adequados, como é prática na empresa. Reitera, ainda, que rege toda a atividade desde a sua fundação, há quase 50 anos, pela correção ética, por valores morais e pelo diálogo”.