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Tássia Camargo abre o camarim e fala sobre vida, carreira e polêmica do tabagismo

Em entrevista à CARAS Online, Tássia Camargo - que está em cartaz em São Paulo com a peça 'Se Você Me Der a Mão' - disse sentir saudades da TV; a atriz também relembrou o episódio em que foi vista fumando em frente a uma clínica em que esteve internada

Rafael Andrade Publicado em 26/06/2012, às 16h56 - Atualizado em 19/03/2020, às 14h03

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Tássia Camargo - Patrícia Gattone/Divulgação
Tássia Camargo - Patrícia Gattone/Divulgação

Em meio às maquiagens na bancada do camarim em que se prepara para entrar em cena, Tássia Camargo (51) mantém um quadro com fotos de amigas que conheceu pelo Facebook e trouxe para a vida real. No espelho, em uma cartinha enviada pelo sobrinho Kauê (6), lê-se a frase 'Boa estreia, Tia Tássia'  acima de um desenho da atriz no palco. Mas a imagem de Nossa Senhora Aparecida, que ela carrega sempre, talvez seja o símbolo maior de uma história de superação que começou logo depois do nascimento.

"Ao invés do batismo, recebi a extrema unção. Meu pai era atleta e foi até Aparecida do Norte a pé, desde Guarulhos. Por isso, meu nome é Maria Aparecida Pereira Anastasio", contou a atriz. "Descobri, anos depois, em 1994, por meio de um exame de raios-X, que tinha um tumor enorme no mediastino. Era embrionário. Era um feto, gêmeo ou gêmea, que se alojou em mim quando estava na barriga da minha mãe. E eu não sentia nada. Fui fazer o exame e veio essa surpresa. Depois da cirurgia, fiquei um ano sem poder deitar de bruços. Naquela época, eu já tinha tido a Maria Júlia", revelou.

Maria Júlia (1993-1996) foi a terceira filha de Tássia. Vítima de rubéola congênita tardia, a menina faleceu antes de completar o terceiro ano de vida. Na peça Se Você Me Der a Mão, com a qual está em cartaz em São Paulo, a atriz faz uma homenagem à pequena que a deixou tão prematuramente. "Minha princesinha está no céu. Aquele "mamaííí" é para ela, porque era como ela me chamava. Então, na peça, eu falo "mamaííí", disse.

Tássia tem outros dois rapazes, Pedro (25) e Diego (28). "Pedro mora comigo. Ele veio para São Paulo, e a gente conseguiu se ver aqui. Temos horários diferentes, porque ele estuda e trabalha. Já o Diego mora em Sorocaba [interior de São Paulo] e trabalha o dia inteiro. Sou uma mãezona. Estou ali sempre. Tento me desdobrar no meio de tudo isso. E a gente consegue. Quando eles eram pequenos, eu não faltava nas reuniões da escola. Contava histórias, acompanhava em festinhas. E ainda fazia novela e teatro", lembrou.

Fora da TV desde 2007, quando fez Vidas Opostas, na Record, a atriz garante ter uma ótima relação com a Globo, emissora que a consagrou. "O Manoel Carlos me chamou para fazer Viver a Vida e, na época, não aconteceu. Mas ele falou que quando for sua última novela, vai me chamar. Tenho muita saudade. Todo mundo fala que briguei. Mas vou lá, tomo café, sou amiga de todo mundo. Tanto que eu estava em outra emissora, que não vou citar o nome, e eles divulgavam minha peça no jornal, com anúncio de página inteira. Faziam chamada na tevê. E estão dando apoio nessa nova peça também", contou. "Existe processo contra a outra, que não toco o nome", referindo-se à ação trabalhista que moveu contra a Record, por ter trabalhado na condição de pessoa jurídica.

A polêmica do tabagismo

Em Se Você Me Der a Mão, Tássia interpreta a irreverente Dulce, uma mulher de meia-idade e separada do marido cuja relação conflituosa com a filha Denise - vivida por Priscilla Squeff (29) - ganha novos ares com a descoberta de que tem um tumor em um dos seios. O câncer, como se sabe, é uma doença que pode ser desencadeada pelo tabagismo. Tássia é fumante desde os 14 anos e, em 2011, viu-se em meio a uma polêmica envolvendo o cigarro.

“Fiquei muito chateada. Tive uma gastroenterite, por causa de algo que comi. E minha pressão foi a três por dois, a ponto de chegar quase à morte. Fiquei na UTI durante uma semana e meia. Depois, tive abstinência. Falei: 'Preciso dar um trago'. Eu estava na Clínica São Vicente, que é no meio de uma mata. O paparazzo devia estar no meio do mato. E eu fui dar um trago. E parecia que ele estava do meu lado. Porque hoje em dia eles têm aquela câmera que parece um canhão que vai te dar um tiro, né? E aí saiu a foto, que eu lamentei. Eu não saio em fotos fumando, eu evito”, explicou.

A atriz gosta de deixar claro que não é a favor do cigarro. “Sei que dá câncer. Não incentivo. Só que sou de uma geração que foi motivada pelos filmes de Hollywood, com os caras surfando e fumando. Eu gostaria de não fumar. Já tentei parar várias vezes”, disse. “Tem gente que não consegue. Eu já fiz de tudo. Mas sou daquelas que ficam com o cigarro na mão e deixam queimar. Dou um trago ou dois. Parece que acendo um atrás do outro. É mais o vício de acender”, completou.

Considerada símbolo sexual na década de 1980 - ela posou nua três vezes para a capa da Playboy - Tássia nunca se submeteu a cirurgias plásticas. Mas não descarta a possibilidade, se achar necessário. Ela se preocupa com a boa forma. "Só bebo socialmente. Não como gordura, doce, queijo ou leite. Me alimento de salada, carne vermelha. Porque também não sou radical. Como massa quando tenho vontade. Fritura, nem pensar", revelou. "Na menopausa, inchei 18 quilos. Ninguém me viu daquele jeito. Não sabia o motivo. Então descobri que miojo, essas comidas instantâneas, além de engordar, também podem causar câncer", disse.

Uma árvore, um disco e um livro

Além de fazer teatro e aguardar o retorno às telinhas, Tássia dá aulas de atuação e prepara um livro e um disco.  “Sempre fui cantora. Sobrevivi com isso cantando em barzinhos. Logo que entrei para a Globo, queriam gravar na Som Livre comigo. Eu não quis. E agora resolvi fazer. Vai se chamar Coisas de Mulher. Não quero ser cantora que faz show, mas, modéstia à parte, eu canto bem”, contou. O livro, ela começou a escrever há quatro anos e meio. “Fala da minha vida. Era para ser uma ficção, mas virou uma autobiografia. Não é que eu me ache demais, não. Não tem nome ainda. Tenho até que mudar algumas coisas, o Chico morreu e outras coisas aconteceram", disse, relembrando a morte de Chico Anysio (1931-2012) - ela foi a Marina da Glória na Escolinha do Professor Raimundo. "Não quero ser escritora. Mas plantei uma árvore em Guarulhos, tive filhos e agora estou escrevendo um livro", concluiu.