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Teatro / Em cartaz

Carla Salle destaca semelhança com personagem de Shakespeare Apaixonado: 'Gosto de viver desafios'

Em entrevista à CARAS Brasil, Carla Salle comenta sobre espetáculo teatral em que interpreta a protagonista e elenca conexões com personagem do tablado

Ao lado de Rodrigo Simas, Carla Salle leva amor ao teatro para papel em Shakespeare Apaixonado - Divulgação/João Caldas
Ao lado de Rodrigo Simas, Carla Salle leva amor ao teatro para papel em Shakespeare Apaixonado - Divulgação/João Caldas

Em cartaz em São Paulo até o dia 13 de outubro no espetáculo imersivo Shakespeare Apaixonado, a atriz Carla Salle (33) leva ao público uma interpretação realista e humana da protagonista Viola, que sonha em atuar em uma época em que o ofício era proibido para as mulheres. Em entrevista à CARAS Brasil, Carla destaca que, em certos níveis, os dramas de Viola ainda são comuns para atrizes contemporâneas e elenca semelhança com a personagem baseada na obra shakespeariana: "Gosto de viver desafios", afirma.

Secunda a intérprete, estar na peça foi um caminho natural, guiado pela sua conexão com o teatro. "Comecei minha carreira no teatro e Shakespeare teve um papel fundamental na minha formação. Fico fascinada com a profundidade das histórias dele e como elas retratam a humanidade", conta.

Em Viola, personagem central de outra peça de Shakespeare chamada Noite de Reis, a atriz viu uma oportunidade única: "Com sua coragem e determinação, ela enfrenta as dificuldades impostas por uma sociedade patriarcal. Esse tipo de personagem me instiga e inspira". 

As dificuldades citadas por Carla, no drama teatral, são relacionadas à impossibilidade de a personagem atuar — e para realizar o sonho de estar no teatro, Viola se passa por um rapaz, já que apenas homens podiam estar no tablado no século 16. Paralelamente, hoje, mesmo que as mulheres tenham liberdade para atuar livremente, a intérprete destaca que outros desafios são enfrentados diariamente:

"Hoje, diferentemente da época em que mulheres sequer podiam atuar, há inúmeras mulheres na indústria cinematográfica e artística, enfrentando outros desafios. Uma luta constante para uma atriz que quer explorar diferentes territórios é não ser colocada em uma caixa, por exemplo", destaca. Para Carla, uma das grandes questões para as atrizes de hoje é "ter a oportunidade de mostrar seu trabalho de diferentes maneiras, em diferentes registros".

Além da paixão pelo teatro, a intérprete explica que a devoção pelo trabalho de atuar e levar vida aos palcos é outra semelhança marcante entre si e Viola. "Atuar é parte intrínseca da minha existência, algo que me impulsiona e dá sentido. Sinto uma conexão enorme com os sentimentos da Viola, compreendo seus desejos e angústias de forma muito pessoal", diz.

"Há uma frase dela, no texto, que me emociona: 'nesse palco, eu fui livre'. Essa liberdade é exatamente o que experimento em cena", compartilha Carla, que se define como uma artista que gosta de viver desafios e se arriscar.

Nessa montagem de Shakespeare Apaixonado, um diferencial chama a atenção: o espetáculo é interativo, com as cenas se desenrolando por meio da plateia, que pode acompanhar o drama enquanto saboreia um menu especial com pratos da Inglaterra elisabetana — "Ainda não experimentei, mas tenho vontade", brinca a artista.

Além de ser uma experiência única para o público, Carla afirma que a dinâmica também influencia no trabalho do elenco. "Estar tão próximo da plateia faz com que o jogo se estabeleça de forma ainda mais viva e inesperada. É preciso estar presente, atento às reações da plateia, estar preparado para os acasos. Se fazer teatro já é um lançar-se ao inesperado, é arriscar-se, nessa configuração de palco, tudo se torna ainda mais intenso", revela.

Ao lado de Rodrigo Simas (32), que interpreta um jovem William Shakespeare cheio de sonhos, e de Ana Lúcia Torre, que dá vida a Rainha Elizabeth I (79), Carla Salle integra o elenco principal e entrega ao público uma apresentação única.

"Somos um elenco profundamente conectado, cada personagem tem sua própria curva dramática, ideias novas surgem a cada dia e tudo se torna ainda mais vivo e em movimento", comenta. Sobre os colegas de elenco, a atriz só tem elogios: "Rodrigo é um ator de entrega total, intenso e vibrante, estar com ele em cena é maravilhoso. E Ana Lúcia é uma inspiração, um privilégio observar de perto o processo criativo e contracenar com essa atriz magnífica". 

Para a Carla artista, mulher e amante de teatro, as personagens rebeldes de Shakespeare são essenciais para fomentar questionamentos importantes na sociedade. "Existe uma resistência feminina nas obras de Shakespeare, mulheres muito transgressoras. Acredito que desafiar as convenções e tradições da época com uma personagem como a Viola faz com que a gente questione as nossas próprias, nos dias de hoje. Essas personagens incitam a liberdade, transformam, inspiram", conclui.