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Teatro / ENTREVISTA

Gilda Nomacce abre o coração ao falar sobre carreira: 'Sonho com coisas que ainda não conquistei'

Em entrevista à CARAS Brasil, a atriz Gilda Nomacce comenta sobre trabalho mais recente no teatro e reflete sobre trajetória e objetivos na carreira

A atriz Gilda Nomacce soma mais de 100 títulos na carreira no IMDB - Divulgação/Thom Foxx
A atriz Gilda Nomacce soma mais de 100 títulos na carreira no IMDB - Divulgação/Thom Foxx

Referência no meio artístico brasileiro, Gilda Nomacce (53) acumula projetos não apenas nos palcos, mas também nas telinhas e telonas. Do streaming ao cinema, a artista leva o sonho de infância de interpretar para a cena e entrega trabalhos que marcam o público. Nos palcos, o magnetismo se repete: recentemente, a atriz finalizou a temporada do espetáculo Serra Pelada em São Paulo e recebeu uma chuva de elogios. Em entrevista à CARAS Brasil, Gilda compartilha que é agradecida pelo caminho que trilhou até agora, mas abre coração ao falar sobre carreira: "Sonho com coisas que ainda não conquistei", revela.

Trajetória marcada pela resistência e pelo afeto

Gilda conta que nunca se encaixou nos padrões convencionais da indústria, e talvez seja justamente essa singularidade que a fez se destacar nos palcos: "Desde o início, entendi que não ia ser fácil. Mas eu sempre acreditei na potência da minha existência em cena", afirma. Ao longo dos anos, seu talento se consolidou em produções que desafiavam narrativas tradicionais e propunham reflexões mais trabalhadas ao público. 

Para a intérprete, o teatro sempre foi mais do que uma escolha profissional: era um chamado. Crescendo em uma cidade pequena, a arte parecia um sonho distante, mas foi sua mãe quem primeiro a incentivou. "Minha mãe sempre foi meu primeiro público. Ela me encorajava a interpretar, a contar histórias. Acho que sem esse olhar dela, eu não teria seguido por esse caminho", relembra com carinho. Esse apoio foi fundamental para que ela acreditasse na possibilidade de viver da atuação, mesmo sem um cenário propício ao seu redor.

No teatro, GIlda encontrou um espaço de liberdade e experimentação que poucas linguagens permitem. "O palco é um lugar onde posso ser quem eu quiser, onde tudo é possível", diz. Esse amor pela arte cênica se traduz na maneira intensa com que a atriz se entrega a cada personagem, em um espaço que é um território de risco e criação constante, onde cada nova montagem representa um renascimento artístico.

Ao longo de sua trajetória, a artista conta que transitou entre diferentes formatos e gêneros, sempre buscando projetos que a desafiassem. "Não quero fazer mais do mesmo. Quero personagens que me tirem da zona de conforto, que me façam crescer como atriz e como pessoa", destaca. E é justamente essa inquietação artística que a mantém em movimento, sempre em busca do próximo grande projeto.

Desafios e aprendizados

O caminho, no entanto, não foi sem percalços. Gilda relembra, principalmente, os desafios de se manter em uma carreira que nem sempre oferece estabilidade: "A gente se acostuma com a incerteza, mas isso não significa que seja fácil. É um desafio constante se reinventar e encontrar espaço", compartilha. Ainda assim, o amor pela atuação e o desejo de estar em cena sempre falou mais alto. "A arte é o que me move, o que me faz querer continuar, apesar de tudo."

Além da vocação que a guia, a artista também destaca que a necessidade de resistir e persistir no meio cultural é um motivador na sua trajetória. "É uma luta constante, mas eu nunca quis outra coisa para mim. Sempre soube que estar em cena era o meu destino", explica. Para ela, a arte tem um papel transformador e essencial na sociedade, e é isso que a motiva a continuar, mesmo diante dos desafios que o setor enfrenta.

O teatro, para Gilda, é um espaço de troca, onde cada espetáculo carrega a possibilidade de provocar mudanças no espectador e, por consequência, no mundo ao redor. "É emocionante quando você sente que tocou as pessoas de alguma forma. Que fez alguém refletir, sentir, se transformar", fala sobre o reconhecimento do público e da crítica, outro fator que tem um peso importante para os artistas longe dos grandes holofotes da televisão. 

Sonhos que ainda estão por vir

Mesmo com uma trajetória tão rica, Gilda conta que tem muitos objetivos a serem alcançados. "Sonho com coisas que ainda não conquistei. Quero explorar novas formas de contar histórias, experimentar linguagens diferentes", revela. A atriz também reforça o desejo de seguir colaborando com artistas que admira e de continuar ampliando seu repertório. Para ela, a arte nunca é um ponto de chegada, mas "um caminho contínuo de descobertas".

Entre os sonhos ainda por realizar, ela revela um desejo especial: ter um papel de destaque em uma novela. "A fama que eu sonhei é impossível, porque eu era bastante ambiciosa! Já fico contente com o reconhecimento. Espero ainda conseguir fazer uma novela e poder falar assim: 'Ah, eu sou atriz', e ouvir 'Eu te vi na novela!'", compartilha.

Para Gilda, o teatro segue sendo sua grande paixão, mas ela anseia por novos desafios em outras mídias. "Adoro cinema, adoro TV. Cada formato tem sua magia, seu jeito de envolver o público e isso me encanta". Seu desejo é continuar transitando entre diferentes linguagens, explorando as múltiplas formas que a atuação pode assumir.

Nos palcos com o passado

O espetáculo Serra Pelada trouxe para Gilda Nomacce um desafio especial. A peça, que revisita um dos episódios mais emblemáticos da história brasileira, a corrida do ouro na década de 1980, exigiu da atriz uma entrega profunda. "Foi um processo intenso. A gente mergulhou nesse universo tão brutal e fascinante ao mesmo tempo", conta. Além do aspecto histórico, a montagem trouxe uma reflexão sobre ambição, desigualdade e a dura realidade dos garimpeiros que buscaram fortuna e, muitas vezes, encontraram apenas sofrimento.

Interpretando uma personagem inserida nesse contexto de ganância, exploração e sobrevivência, Gilda se viu desafiada emocionalmente. "É uma história de ambição, mas também de desespero, de sonhos destruídos. Para mim, foi muito forte dar voz a essas pessoas que viveram aquilo tudo", reflete. A construção da personagem envolveu um mergulho profundo em relatos reais e pesquisas sobre a época, o que permitiu uma interpretação carregada de verdade e emoção.

A recepção do público foi um dos pontos altos dessa experiência. "É muito bonito ver como as pessoas se conectam com essa história. A cada sessão, a plateia reagia de um jeito diferente, e isso é o que faz o teatro ser tão vivo".

Olhando para o futuro, a atriz segue firme em sua busca por novos desafios e conquistas. "O teatro me deu tudo, mas ainda há muito para criar, muito para viver em cena", finaliza, com a certeza de que sua arte segue ecoando e inspirando aqueles que acompanham sua jornada.

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