Com segundo álbum, Marina Sena reflete sobre exposição, sexualidade e fama
Mais sucesso, mais dinheiro, mais compromissos e mais exposição. O último ano virou a vida de Marina Sena (26) de cabeça para baixo. A cantora e compositora mineira explodiu com o primeiro álbum, De Primeira, acompanhado do hit Por Supuesto. Agora, os fãs aguardam ansiosos pelo novo trabalho, Vício Inerente, que chega às plataformas neste mês. Pela primeira vez nas páginas de CARAS, ela reflete sobre os desafios da carreira e da fama avassaladora.
– Como lidou como esse estouro dos últimos anos?
– Tive altos e baixos. É muita informação, às vezes você não dá conta de administrar tudo. É assustador. Foi um momento de adaptação, de me acostumar com a exposição, com tudo que envolve fazer sucesso. Agora, me sinto mais pronta. Acho que ainda vou me sentir desestabilizada em um milhão de momentos, mas faz parte do processo. Eu gosto de ser exposta, de expor minha arte, minha imagem. É isso que eu quero, mesmo que isso me deixe com medo.
– O que mudou na sua vida com a fama?
– O dinheiro! (risos) Eu não tinha um real no bolso e agora eu tenho. Posso sentar num restaurante sem me preocupar com a conta, posso comprar um carro se quiser. Achava que demoraria muito para conseguir isso. Muda toda a história da sua vida. Mas minha maturidade mudou também. Fiquei mais corajosa para enfrentar qualquer coisa. Cada vez mais conectada com a Marininha criança. Era aqui que eu sonhava chegar. Agora, tem agenda para tudo, tudo tem horário. Minha vida era mais despretensiosa, agora é tudo contado.
– Esse seria o que considera o lado ruim da fama?
– É a dor e a delícia. Quando você se expõe, é porque você tem uma necessidade daquilo. Eu sou de me expor, sinto necessidade que minha opinião tenha relevância, tenho que expressar o que sou para muitas pessoas. É incrível dar uma entrevista e saber que as pessoas vão ver aquilo. Mas você pode ficar sem liberdade para algumas coisas também. São as concessões que você faz para ter essa vida.
– Você é muito confiante quando fala da sua arte. Qual a importância disso?
– Eu penso grande mesmo. Minha autoestima podia estar um lixo no dia e eu continuaria achando meu primeiro disco perfeito. Esse novo é a mesma coisa. Comecei a entender que tem coisas em que você é bom demais. Eu sei que vou arrasar fazendo música, porque faço isso de forma industrial. Eu conheço música, sou estudiosa, conheço o que bomba, sei o que vai funcionar. Não faço música só para bombar, mas vai bombar porque é bom. Eu tenho problemas de autoestima com outras coisas, mas o meu trabalho eu sei que entrego com perfeição.
– E como você aborda a sexualidade e sensualidade na sua arte?
– A pessoa que ignora sua própria sexualidade e sensualidade não tem como dar certo. Algumas coisas da sua vida vão travando quando você não está sexualmente resolvido. As pessoas tratam como se fosse algo para deixar de lado, mas é importante. Tudo vem no sexo. Acho muito importante me expressar dessa forma. Temos que nos expressar. Não é pecado. Não gosto quando veem como algo sujo. É uma energia limpa.
– Você é uma das maiores fãs de Gal Costa e terá a chance de cantar o repertório dela no The Town. Como se sente?
– Nunca fui fã de outra pessoa como sou fã dela. Sempre sonhei em fazer um show cantando só Gal e, agora, surgiu essa oportunidade. Visitei muito a obra dela, tudo é muito profundo e me fez sentir muitas coisas.
– E o que seus fãs podem esperar deste seu novo trabalho musical?
– Quero que as pessoas que ouçam sintam vontade de se movimentar, sair da zona de conforto, não ter medo de se relacionar, de sofrer. Faz parte do processo de autoconhecimento, você precisa se sentir, se envolver. Quero que as pessoas saiam de casa e se relacionem umas com as outras.
FOTOS: FERNANDO TOMAZ, STYLING: LEANDRO PORTO, BELEZA: SASA FERREIRA