Após deixar Globo e CNN, a jornalista Gloria Vanique vive fase livre, leve e solta e quer inspirar pessoas
Quando a vida se transforma da noite para o dia e as coisas se alteram sem aviso prévio, o desespero, definitivamente, não ajuda. Foi pensando assim que a jornalista Gloria Vanique (46), ao se ver diante de uma série de contratempos, como uma demissão inesperada, resolveu encontrar a melhor maneira de superar os obstáculos e se reinventar.
Após 25 anos de profissão, com passagens pela Globo e, mais recentemente, pela CNN, emissora que deixou no fim do ano passado, ela traça novos rumos e objetivos e quer transformar sua experiência em lições valiosas para as pessoas.
Em papo exclusivo com CARAS, Gloria celebra a nova fase, diante do que chama de improviso consciente: a capacidade de transformar um limão em uma limonada. “Eu posso dizer que estou no melhor momento da minha vida!”, avisa.
– Como foi sair da CNN?
– Eu senti que aquela foi a deixa que eu precisava para me lançar em uma nova jornada. Uma demissão nunca é esperada, ainda mais na proporção que foi. Mas, para mim, a saída da CNN foi o movimento que me impulsionou. E estou muito feliz pelo meu momento profissional.
– Você vem se transformando desde que saiu da Globo, em 2020. Como foi o processo?
– Foi um conjunto de fatores. Eu estava em um horário há quase dez anos, acordando às 3h da manhã e entrando às 4h. Tive filho nesse meio tempo e aquilo já estava exigindo muito de mim, afetando minha saúde. Não havia perspectiva de que eu saísse daquele horário ou mudasse de função. Eu adorava fazer meu trabalho, fazia com muito prazer, mas questionava até quando, o que viria depois. Decidi sair até o final de 2020. Não sabia ainda o que ia fazer, mas não era mais aquilo que queria para a minha vida. Tudo na Globo foi muito legal, mas estagnei. Um mês depois dessa decisão, chega o convite da CNN, me oferecendo oportunidades que me encheram os olhos. Era hora de mudar.
– Como todas essas mudanças transformaram seu trabalho?
– Em abril de 2022, passei do Jornalismo para o Entretenimento na CNN, algo que eu queria havia algum tempo. Mesmo depois de fazer tantas coisas na emissora, coberturas fora do País, vários programas, eu já vinha em paralelo colocando outro plano para a minha vida que é o que, agora, estou executando. Eu quero levar esse conhecimento adquirido ao longo desses 25 anos de Jornalismo e passar isso para o dia a dia das pessoas. Eu, então, criei um método que chamo de improviso consciente.
– Como é esse método?
– As pessoas têm uma noção de improviso como gambiarra, mas não é. Você precisa se preparar, estar pronto para lidar com mudanças o tempo todo. Os problemas vão existir, o que muda é a forma de lidar com eles. Trabalhei em todos os locais e meios, com todo o tipo de pessoa, e isso me trouxe essa bagagem. Gosto dessa conexão com as pessoas, do olho no olho. Agora, eu sinto que estou livre. Quando você está ligado a uma emissora, especialmente no Jornalismo, você tem uma amarração: não pode fazer isso ou aquilo, até pelos vínculos comerciais. Essa liberdade me traz uma tranquilidade tão grande. Agora, eu posso falar tudo o que quero.
– Como recebe o carinho das pessoas nas ruas e nas redes?
– Independentemente de estar nas redes sociais ou no vídeo, sou do mesmo jeito. As pessoas me param na rua e eu adoro conversar, amo esse contato. Eu gosto de mostrar o que realmente sou, não sou uma personagem. Tento responder a todo mundo que me escreve. Às vezes, me perguntam se sou eu mesma que respondo. Eu mesma! Para trabalhar com o público, você tem que gostar. Esse é o trabalho do jornalista, estar 100% presente com as pessoas.
– Sente saudade das emissoras pelas quais passou?
– Eu não sinto saudade, mas tenho apreço por tudo que passei. Isso me construiu como pessoa. As pessoas com quem convivi, desde colegas de trabalho até quem conheci nas reportagens, isso me fez ser quem eu sou hoje. Eu tenho um agradecimento muito grande. Não vou dizer que tenho saudade do Jornalismo, mas é essa bagagem que passo para as pessoas hoje. Mostrar que os problemas acontecem com qualquer um. Eu também passei por desgastes, problemas na vida pessoal, situações que eu pensava que não teria saída. Essas empresas me formaram de uma maneira para conseguir lidar com adversidades de forma positiva. E não é ser Poliana. Todo mundo tem dias ruins, todo mundo sofre. Somos humanos, passamos pelas mesmas coisas, mas a gente consegue superar e fazer com que isso se transforme em uma experiência positiva.
– Voltaria para a TV?
– Sim, claro! Inclusive já houve algumas sondagens para isso. Mas o projeto de um programa deve estar de acordo com os meus planos nesta nova fase da vida.
– O que espera de 2023? Quais projetos tem à frente?
– Eu espero que seja um ano de colheita. Venho semeando há algum tempo e, agora, quero colher muita prosperidade. Sou palestrante. Vou para empresas conversar sobre a minha experiência: mostrar
aos funcionários o quanto é possível não ficar parado em um problema, encarar aquilo de forma transformadora. Tenho o meu podcast encaminhado, que talvez vá além de um podcast, trazendo entrevistas e mostrando mais ainda essa conexão entre as pessoas. Tenho outras coisas para fazer que ainda não posso revelar. Eu não paro mesmo, estou sempre em movimento!
FOTOS: PAULO SANTOS, STYLING: GREICY BAINES, MAKE: ROBSON JOVINO