A apresentadora Eliana celebra 50 anos e espera que o passar do tempo ocorra de forma calma e sem tanta pressão estética: 'O corpo é nosso e a gente decide o melhor para nós'
É tempo de celebrar e de agradecer para Eliana, que acaba de completar 50 anos. E ela fez isso em grande estilo, com uma viagem para as Ilhas Maldivas, onde gravou uma matéria para seu programa no SBT. Sem grilos com a idade, a apresentadora comemora o fato de estar viva. Como? Ela faz o que ama, acompanha o crescimento dos filhos, Arthur (11) e Manuela (5), curte o romance com o diretor de TV Adriano Ricco, celebra os pais, Eva Michaelichen (83) e José Bezerra (91) e recebe o carinho do público. Tranquila e cheia de energia para continuar trabalhando, a loira só pede uma coisa: saúde.
– Como é fazer 50 anos?
– Está muito mais leve do que eu poderia imaginar. Pensei que eu teria a crise dos 30, dos 40 e agora teria a dos 50. Mas eu acho que a maturidade te traz essa segurança. Estou vivendo mais um momento
de agradecer. Cheguei até aqui, meio século bem vivido. Foram anos de muita realização profissional, pessoal, eu tenho minha família, meus filhos. Estar em casa, com meus pais, também é outro presente. É um balanço muito positivo.
– Passa um filme na cabeça de toda a sua vida?
– Passa, porque é uma trajetória bonita de ser revista, de ser contada e de ser comemorada. E eu quero comemorar com tudo que eu mais amo nesta vida, fazer coisas que realmente me deixam feliz, com as pessoas que me amam e que eu amo. Fazer uma viagem como essa, estar conectada com o meu público, poder dividir isso. Estar nesse momento ao lado da minha família, é mágico.
– Algum arrependimento?
– Ah, claro que tenho meus dias de insegurança, dias que não estou bem... é normal. Assim como na
vida profissional, também já tive muitos altos e baixos. Mas o bacana é que nessas dificuldades eu ganhei forças, percebi o quanto eu posso crescer, profissionalmente e pessoalmente. Acabou que tudo
que eu vivi me fortaleceu como mulher, como ser humano.
– Você lida bem com o passar dos anos?
– Eu acho que a gente tem o direito de envelhecer em paz. Isso é um dos direitos que a gente ainda
precisa batalhar, assim como tantos outros, principalmente a mulher, porque ainda existe um
policiamento muito severo para o envelhecimento da mulher. Eu quero envelhecer em paz da maneira que eu acredito que seja melhor para mim. O mais importante é estar bem comigo mesma, é entender os meus limites, respeitar o meu corpo, ser gentil comigo mesma. Por muitos anos, eu fui muito severa
comigo, exigente e agradeci pouco a esse corpo em que eu habito. Então, aos 50 anos, eu quero só
agradecer por estar viva, que é o maior presente que eu posso ter recebido de Deus, vendo meus filhos crescer e me realizando.
– Essas cobranças estão começando a mudar...
– A gente tem dado nome a isso, que é o etarismo, o preconceito ao envelhecimento. Quem não quiser
envelhecer, vai acabar morrendo cedo, né? E eu quero viver muito! Envelhecer faz parte de estar vivo.
Claro que tudo que eu construo daqui pra frente é pensando em ser uma mulher mais madura e
saudável. Então, desde a comida que eu como até os relacionamentos que eu escolho ter, os lugares que escolho frequentar, até a profissão que eu quero continuar fazendo, tem muito a ver com o meu bem-estar, com o meu estado emocional, minha saúde mental. Daqui para frente, sem dúvida alguma, eu vou priorizar aquilo que me faz bem.
– E é importante você, como figura pública, defender isso...
– É maravilhoso quando eu falo alguma coisa na TV e a audiência está lá para me ouvir ou quando
posto alguma coisa nas redes e os meus seguidores acompanham. Acho que a gente tem, de uma
certa forma, uma obrigação de enaltecer mesmo o feminino, de normalizar essas transições de vida
que são maravilhosas. Se eu estou saindo da casa dos 40 para a dos 50 é porque eu estou viva e preciso
comemorar isso! E o envelhecimento, que ele venha de uma maneira calma, tranquila, sem tanta pressão estética. Sem apontar, dizer o que o outro deve fazer ou não. O corpo é nosso e a gente
decide aquilo que é melhor para nós.
– Sua boa forma é fruto de muito cuidado ou genética?
– Eu acho que é genético, acho que também tem essa coisa de eu nunca ter parado de me exercitar,
sempre gostei de esporte. Tudo isso se reflete no que eu sou. Mas hoje, mais do que a preocupação com a estética, a minha preocupação agora é com a saúde. Eu quero fazer uma reserva de coisas boas para que eu tenha uma velhice muito saudável e para isso eu me alimento bem, bebo pouco e uma das
coisas que tenho feito é dormido mais. Porque tudo isso impacta nessa poupança positiva que eu
quero atribuir à minha velhice e ser uma senhora saudável.
– Você sempre trabalhou muito, mas também é mãe, filha, mulher. Como divide seu tempo?
– Eu acho é que tentar se cobrar menos para não pirar. Porque se a gente quer fazer tudo ao mesmo
tempo fica complicado e ninguém dá conta, né? Eu já entendi que ser Super-Mulher não dá, que isso na
vida real é prejudicial à nossa saúde, nossa saúde mental inclusive. Então, quando termino um dia e
eu vejo que não dei conta, eu me acolho, me entendo, me permito não ter dado conta daquela expectativa toda de uma agenda de trabalho, marido, filhos, organização de casa. É ter um pouquinho mais de leveza para lidar com as coisas e menos cobrança. Já tive momentos que eu queria equilibrar todos os pratos. Mas não dá, não faz bem. Deixar de fazer algumas coisas, priorizar outras é fundamental. E o que eu entendo hoje como uma das minhas maiores prioridades é o bem-estar dos
meus filhos. Se eles estão felizes, eu vou estar feliz também.
– Sua vida pessoal é discreta. Sempre quis preservar a família?
– Eu acho que é respeitoso, afinal, a artista da família sou eu. Mas na medida que meus filhos querem
aparecer nas redes sociais, no programa, em uma revista, eu os deixo muito à vontade para escolher. Eu aprendi que preservar aquilo que a gente ama é o melhor caminho. E é o que eu tenho feito ao longo dos anos com a minha família. O mais importante é o que a gente vive internamente, na nossa casa, com a nossa harmonia familiar. Mas claro que tem momentos especiais que a gente gosta de dividir com o público também.
– O Arthur e a Manuela já têm a noção que são filhos de um ícone da televisão brasileira?
– Nem eu tenho (risos)! Eu entendo que meu trabalho tem uma visibilidade, de entrar na casa das
pessoas, gerar intimidade, mas eu não me enxergo como um ídolo. Eu simplesmente faço o que amo e
é assim que ensino meus filhos. ‘Mamãe trabalha na TV, papai também, mas é uma profissão tão
linda e bacana como ser um médico, professor, jornalista’. Eu não dou esse peso ao meu trabalho.
Eles percebem, por exemplo, que algumas pessoas me param para tirar foto. A Manuela uma vez perguntou: ‘Todas as mamães tiram foto?’ (risos). Mas eu sempre me coloco muito pé no chão, tive essa
educação e é ela que dou a eles.
– O que espera do futuro?
– A minha energia continua vibrando para a realização de sonhos, de novos projetos. Eu amo desafios! Neste ano eu fiz o Ideias à Venda, projeto na Netflix que foi fantástico! Então quero estar no streaming, quem sabe pensar em um projeto para os meus mais de 30 milhões de seguidores, e sem deixar a televisão, que é minha paixão. Eu tenho energia de sobra, maturidade e desejo de fazer muitas coisas nesses próximos anos que estão por vir. A única coisa que eu peço mesmo é saúde. Porque se eu tiver saúde, eu vou voar!
Fotos: Jana Pepe; Styling: Tidy Alvis; Beleza: Lavoisier; Comunicação: BPMCOM