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Revista / FORTE E OUSADA

Daphne Bozaski abre intimidade e mostra lado maduro longe da TV: 'Sempre tive cuidado'

Em entrevista à Revista CARAS, Daphne Bozaski surge com visual diferente e fala sobre amadurecimento e dificuldade em dividir as mudanças de sua vida nas redes

Daniel Palomares Publicado em 14/09/2024, às 11h15

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Daphne Bozaski se divide entre o Rio e São Paulo, onde vive com o marido e o filho Caetano, de 5 anos - FOTO: Selmy Yassuda
Daphne Bozaski se divide entre o Rio e São Paulo, onde vive com o marido e o filho Caetano, de 5 anos - FOTO: Selmy Yassuda

Longe das telas, ela não lembra a adolescente ansiosa e peculiar de Malhação: Viva a Diferença, de 2017, nem a extrovertida e sonhadora Lupita, do atual folhetim Família É Tudo. Personagens à parte, Daphne Bozaski (31) deixou a ficção de lado para revelar a faceta mais ousada de sua personalidade durante papo exclusivo com CARAS. “Quero poder estar nesse lugar da mulher mais madura, sensual, que a Daphne também tem”, conta a atriz, empolgada com o excelente momento da carreira.

O papel de Lupita na trama das 7 impulsionou ainda mais a trajetória da estrela, que até hoje habita o imaginário do público como a doce Benê — personagem de Malhação e do seriado As Five.

Desabrochar ao olhar atento do público é desafiador, mas Daphne dá o seu melhor. Para isso, ela aprendeu a lidar com o processo de amadurecimento pessoal e profissional, afinal, além da jornada artística, ela tem se reinventado no papel de mãe de Caetano (5), fruto da relação de sete anos com o chef Gustavo Araújo (41), com quem divide o comando de um restaurante em SP. “Não importa como estou vestida, mas o que eu estou dizendo”, dispara a estrela, que como já era esperado vive sempre na correria da ponte aérea Rio-São Paulo.

– Esperava que a Lupita, uma guatemalteca desajustada, fosse cair nas graças do público e fazer tanto sucesso?

– Fazer novela é sempre uma surpresa porque a gente nunca sabe o que vai acontecer. A Lupita foi me surpreendendo. Todo o carinho do público foi muito importante para ela crescer. Eu não esperava. Esse tom cômico encantou as pessoas e fez com que torcessem por ela. Estou muito feliz com todo esse momento que estou vivendo. Recebo cada bloco de capítulos e já vou correndo descobrir o que mais vai rolar com a Lupita.

– Na infância, também foi ligada às novelas e personagens mexicanos...

– Enquanto eu crescia, isso era o auge no Brasil! Para fazer a Lupita, tive que retomar tudo isso e me inspirei muito na Thalía. Revi Maria do Bairro, assisti a entrevistas dela, até para pegar esse sotaque espanhol. Essa prosódia do ‘portunhol’ ainda é muito nova para mim. Ela tem o exagero, mas também é doce. Se entrega para as coisas que faz. A Lupita também tem esse lado, de se entregar, de se apaixonar inteiramente. Diferentemente da Betty, a Feia, por exemplo, Lupita tem autoestima. Adoro o figurino dela! A Lupita conquistou um público infantil, as crianças gostam dela, imitam o coque que ela usa, me mandam foto... Acho fofo.

– A própria Thalía notou o sucesso e te seguiu nas redes sociais. Como foi esse contato?

– Ela é um ícone. Quando soube da novela, escrevi para ela no Instagram para explicar sobre essa homenagem. Eu não sabia se ela ia ver ou se iria responder. Quando respondeu, fiquei muito emocionada. Toda vez que a gente encontra alguém que víamos na TV quando éramos crianças, mesmo sendo da mesma área, ativa esse lado lúdico. Nunca criei expectativa de encontrar essas pessoas, mas agora isso acontece. Eu acho que é isso que os fãs sentem. É muito louco esse carinho do público. Ela adorou as cenas e o fã-clube dela é muito querido. A internet possibilita isso hoje em dia, a chance de aproximar as pessoas. Quando a Lupita chegou para mim, me perguntavam se eu achava que ficaria para sempre marcada com a Benê. Claro que ela é um diamante na minha carreira, foi quem me trouxe para o grande público. Mas acho que a Lupita conseguiu trazer mais uma personagem para esse lugar e isso é muito raro de acontecer!

– Você é acompanhada, desde a época da Malhação, em 2017, por um público jovem que foi crescendo com você. Como foi servir de exemplo para essa geração e ter seu próprio amadurecimento em frente às câmeras?

– Sinto que, hoje em dia, as pessoas, quando são tocadas pela arte, querem conhecer mais daquele artista. Tem gente que me acompanha há muito tempo. Sempre tive cuidado para mostrar sobre minha vida pessoal. Quando engravidei, quando casei, eu pensei em como divulgaria isso para quem me segue, porque eu tinha acabado de viver a Benê, que era mais nova do que eu. Reflito sobre isso na minha terapia e troco com meu marido o que é importante mostrar da Daphne. Sempre me surpreendo quando me chamam pelo meu nome. As pessoas realmente sabem da minha vida! Ainda não me acostumei. As pessoas que vão ao meu restaurante em São Paulo são muito carinhosas. São pessoas de todas as idades. A gente faz a arte para o outro, se ele não se identifica, não adianta nada.

– Como você consegue conciliar a vida a dois, a maternidade e ainda viver entre Rio e SP?

– Na mesma época que comecei a namorar com o Gustavo, eu embarquei no audiovisual. A gente sempre precisa lidar com esse movimento de se adaptar a rotinas diferentes de trabalho. Não tem meio-termo ou vida tranquila. A gente passou por isso muitas vezes até termos o Caetano. Quando um está trabalhando mais, o outro assume essas funções de maternidade e paternidade. Não é nada fácil. Quando o Caetano tinha apenas 6 meses de vida, eu comecei a gravar As Five. Existe esse fantasma de que quando você vira mãe, você precisa largar a carreira. Nada é como antes, mas você precisa se dividir. 

O Caetano foi crescendo e se adaptando. Agora, ele fica em São Paulo e eu fico indo e voltando. Ele está na escola, já tem os amigos, vai conquistando a vida dele. Ele já é um ser humano que pensa, que fala, que coloca as opiniões. Mesmo distante, ele sabe o que é a saudade, tem mais consciência da ausência, sente falta da mãe. Achei que ele fosse entender melhor essa distância com o tempo, mas percebo que ele acaba sofrendo mais, porque sabe que a mãe está longe. A gente consegue ter uma troca, nos falamos sempre. Digo que ele pode ligar a TV e ver a mamãe por ali. Digo que ele pode ficar feliz porque a mamãe está feliz também. É um grande desafio conciliar carreira, maternidade, relacionamento, mas a vida é feita disso. Sem desafios, que graça tem? Que bom estar trabalhando, vivendo a vida! Adoro estar no Rio gravando. Quando volto para São Paulo, estou inteira. É importante viver a nossa vida, saber que tenho uma história e uma família que me acolhe.

– Dando vida a Lupita, você encarna uma mulher que não segue os padrões de beleza. Como é sua relação com essas imposições e padrões? O que a chegada dos 30 te trouxe?

– Eu tenho uma imagem que parece mais nova do que a minha real idade. Como vou transparecer quem sou, uma mulher de 31 anos, com um filho de 5, contas para pagar e responsabilidades? Por ter começado a fazer teatro muito nova, convivia com gente muito mais velha do que eu. Fiz muito teatro em Curitiba, eu tinha 16 e meus amigos 28. Me adaptava bastante. Comecei a trabalhar cedo. Que bom poder transitar e parecer mais nova, mas que bom mostrar esse lado mais maduro. 

Como fazer isso sem me expor aos padrões impostos? Eu quero poder estar nesse lugar da mulher mais madura, sensual, que a Daphne também tem. Eu escolhi ser atriz porque é muito bom viver com o personagem coisas que não vivemos na vida. Levamos isso para o nosso crescimento pessoal. Fazer a Lupita hoje, que sai desse estereótipo, é poder se achar linda daquela forma, com aqueles figurinos. Muitos espectadores até torcem para que ela nunca se transforme. Na minha vida pessoal, posso me vestir totalmente diferente dela, vou passar um batom vermelho, colocar um decote. Depois que fazemos 30 anos, nossa cabeça muda muito. Muda o olhar para a vida, é o peso da fase adulta. Adoro ter a Daphne criança dentro de mim e não quero perder isso. Hoje, nós falamos muito sobre ser quem queremos ser. Não importa como eu estou vestida, mas sim o que estou dizendo.

FOTO: Selmy Yassuda
FOTO: Selmy Yassuda
FOTO: Selmy Yassuda
FOTO: Selmy Yassuda
FOTO: Selmy Yassuda
FOTO: Selmy Yassuda
FOTO: Selmy Yassuda
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