Em tempos onde o quiet luxury reina dentro e fora das passarelas, estilista uruguaia une clima bucólico e cosmopolita com acalento visual
Publicado em 08/03/2024, às 17h00
Em tempos onde o quiet luxury reina dentro e fora das passarelas, a estilista uruguaia Gabriela Hearst (47) propõe um novo olhar a respeito da sobriedade por vezes rígida que esse movimento incita. O luxo praticado por Hearst é afetivo e se manifesta como um acalento visual que abraça a ética e o conforto acima de qualquer imposição estética. Isso se dá não só pelas práticas sustentáveis que são uma das principais bases do trabalho da estilista, mas também por todas as técnicas artesanais misturadas com peças de design contemporâneo que conferem uma naturalidade espontânea às suas criações, que são ao mesmo tempo bucólicas e cosmopolitas.
As referências em importantes figuras femininas também formam o processo criativo da designer e, nesta temporada, Hearst se voltou para o repertório surrealista da artista britânica Leonora Carrington (1917-2011). Leonora, sem dúvida, foi um dos nomes mais expressivos do movimento de vanguarda no começo do séc. XX e uma de suas pinturas mais conhecidas é aquela que retrata o seu então amante, o pintor alemão Max Ernst (1891-1976), vestido com um casaco longo e vermelho de pele, peça que foi reproduzida em seu desfile.
A pele fake, aliás, aparece em sua apresentação mediante diversas formas e texturas, seja em detalhes ou looks completos (inclusive na composição de vestidos), sempre trazendo uma atmosfera de sofisticação afável à coleção. Esse clima afetuoso e tão chique permeia todo o desfile da estilista uruguaia, que também conta com vestidos longos de referência boho, peças produzidas com um couro maleável, conjuntos de alfaiataria bem ajustados, botas minimalistas e elegantes, além de bolsas bem estruturadas que exalam requinte e sofisticação.
FOTOS: GETTY IMAGES