Em entrevista à CARAS Brasil, Índio Behn, que vive Dra. Rosângela nas redes sociais, fala sobre transição da personagem e papel da terapia em sua vida
Publicado em 12/12/2024, às 11h30
Sucesso na internet com a personagem Dra. Rosângela, o humorista Índio Behn vive um novo momento na carreira e se prepara para estrear seu novo show, Tratamento de Choque, em 2025. Com uma personagem mais segura de si e que caminha por temas atuais com facilidade, o intérprete busca integrar cada vez mais o público ao universo da Dra. Rosângela. Em entrevista à CARAS Brasil, ele fala sobre as reflexões da personagem e reforça a importância da saúde mental: "Artigo de luxo", declara.
Misturando o humor com uma forte consciência social, Índio fala abertamente sobre sua relação com a saúde mental e reflete que esse cuidado ainda é muito elitizado em um novo ensaio que uniu cerca de duas mil cápsulas de remédios em um look inédito. A ideia do vestido, segundo o intérprete, surgiu da necessidade de exibir que saúde mental é um item de luxo.
"A metáfora de artigo de luxo é justamente isso, de conscientizar as pessoas de quão bom é ter saúde mental, porque é um artigo de luxo, ao mesmo tempo que não é uma coisa para todos. Infelizmente, hoje em dia a terapia ainda é cara, até tem algumas de graça, mas é difícil de achar", comenta.
Através de seu perfil nas redes sociais, o ator transforma uma discussão de poucos em um debate público entre seus seguidores, além de informar os fãs sobre a importância do acompanhamento psicológico. "Muitas vezes, a pessoa não tem nenhum acesso à informação que tem opções de graça. Então, eu trato como artigo de luxo justamente nesse lugar de que, ao mesmo tempo que é bom e que é um desejo, a saúde mental acaba infelizmente sendo inatingível para a maioria das pessoas".
Índio compartilha que sua própria vida mudou completamente após começar na terapia: "Um amigo me dizia para eu fazer, eu não levava muita fé. Ele falava 'faz que vai ser o melhor investimento, e hoje eu afirmo sem sombra de dúvidas, categoricamente, cuidar da saúde mental, fazer terapia, é o melhor investimento que a gente pode fazer. Não tem nada que vá nos dar tanto retorno a médio, curto ou longo prazo".
Além do desafio dos detalhes minúsculos da peça, Índio destaca que transformar o vestido em um look que configurasse seu corpo masculino em um feminino foi um desafio. "A gente passou por várias opções. Geralmente, uso roupas mais largas e roupas que me dão essa facilidade na ilusão, mas como eu queria que tivesse essa pegada de modelo, então tinha uma certa sensualidade que a gente queria colocar no look, que é uma coisa que eu não costumo abordar", explica.
Sobre o desenvolvimento do projeto, o ator só tem elogios à equipe que embarcou com ele na proposta. "Foi uma sintonia total da equipe, entendendo todo esse contexto que a gente queria chegar, sabe? É muito bom jogar uma ideia e ter pessoas que compram contigo e te ajudam a construir ela com uma qualidade tão legal. Gostei muito, tô muito orgulhoso desse trabalho".
Para Índio, a comédia pode ser um forte aliado na promoção da qualidade de vida e da saúde mental. Ele compartilha que recebe ótimos comentários de seu público e, por isso, acredita no poder transformador de seu trabalho.
"O riso cura, de fato. E não só acredito, como eu recebo milhares de relatos de pessoas que têm ou estavam tendo crise de ansiedade, pessoas em profunda depressão, que quando tem uma queda muito grande de humor ou quando tem uma crise de ansiedade, vão lá assistir meus vídeos, riem um pouco e conseguem se distrair daquilo", compartilha.
Os feedbacks, conta, são variados e refletem a realidade de muitas pessoas que enfrentam desafios emocionais profundos, como o luto. "São pessoas que saíram de momentos muito difíceis da vida através da comédia e da conexão com a Dra. Rosângela".
Sobre sua reflexão favorita da personagem, ele não esconde: "Foguete não dá ré, mas tu não é foguete! Tu é no máximo um sandero". A frase visa, justamente, mostrar que está tudo bem fazer o que está dentro da capacidade e realidade de cada um.
"Nem todo mundo é muito acima da média e tá tudo bem. Às vezes, é preciso dar ré. Tu precisa desistir de algumas coisas para poder dizer sim a outras. Então, essa coisa que a gente não pode nunca desistir dos nossos propósitos e tem que seguir em frente a todo custo, é extremamente prejudicial", conclui.
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