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Cinema / Relato

Diretor vencedor do Oscar detalha agressões após horas em cárcere

O diretor palestino Hamdan Ballal, vencedor do Oscar 2025, relatou ter sido agredido por soldados durante cárcere privado

por Rafaela Oliveira
rboliveira_colab@caras.com.br

Publicado em 26/03/2025, às 14h26

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Hamdan Ballal - Foto: Reprodução / Instagram
Hamdan Ballal - Foto: Reprodução / Instagram

O palestino Hamdan Ballal, co-diretor do documentário 'Sem Chão', vencedor do Oscar 2025, se pronunciou pela primeira vez após ser resgatado. Nos últimos dias, o cineasta Yuval Abraham comunicou o desaparecimento do amigo, afirmando que sua casa havia sido invadida por colonos israelenses.

Em entrevista à 'Associated Press', Ballal detalhou o que ocorreu durante o período em que permaneceu em cárcere privado, que durou mais de 20 horas. De acordo com o diretor, um colono israelense e soldados o espancaram e 'chutaram sua cabeça como uma bola de futebol'.

Hamdan Ballal ainda relatou que foi levado na companhia de outros dois palestinos e permaneceu vendado durante todo o tempo. Além de chutes e socos, ele contou que também foi agredido com um pedaço de madeira. "Todo meu corpo está dolorido", declarou ele.

O co-diretor de 'Sem Chão', que retrata as relações conflituosas entre Israel e Palestina, explicou que não fala hebraico, mas lembra de ter ouvido os soldados citarem a palavra 'Oscar' em meio às agressões.

"Percebi que eles estavam me atacando especificamente. Quando eles dizem Oscar, você entende. Quando eles dizem seu nome, você entende", relatou. Segundo os médicos do hospital em que Hamdan Ballal foi levado, o cineasta possuía hematomas e arranhões por todo o corpo.

Escoriações sob o olho e um corte no queixo também foram identificados em Ballal. Os outros dois palestinos que foram detidos junto com o diretor também tiveram ferimentos leves. 

Oscar de Melhor Documentário

Vencedor do Oscar de Melhor Documentário, 'Sem Chão' foi representado no palco por Basel Adra e Yuval Abraham, diretor responsável por denunciar o desaparecimento de Hamdan Ballal. Em seu discurso, ele pediu o fim do genocídio do povo palestino.

"Fizemos esse filme, palestinos e israelenses, porque, juntos, nossas vidas são mais fortes. Estamos vendo a destruição de Gaza e seu povo, e isso precisa parar. Israel foi atacada em 7 de outubro, mas quando vejo Gaza, vejo meus irmãos, mas não somos iguais. Vivemos em um regime em que eu tenho liberdade sob a lei civil, e ele [Basel] atende à lei militar, que destrói a vida dele e ele não consegue controlar a sua vida", declarou Abraham.

"Existe uma situação política, um caminho diferente, sem supremacia, com direitos nacionais para os dois povos. E a política estrangeira deste país [EUA] está ajudando a impedir que esse caminho seja tomado. E por quê? Não dá para ver que nós dois somos unidos? O meu povo só vai ficar seguro se o povo do Basel estiver livre e seguro. Existe uma outra forma de fazer as coisas. Não está tarde demais", completou o diretor.

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