Com uma estética HQ, 'Moscow', filme de Mess Santos, protagonizado por Thaila Ayala e Werner Schünemann, quer trazer um novo jeito de se fazer cinema no Brasil
Nesta quinta-feira, 11, estreia com exclusividade na Prime Vídeo o longa Moscow, filme de Mess Santos (40), protagonizado por Thaila Ayala(35) e Werner Schünemann (62). A obra trouxe novidades para o Brasil, contando uma história de mafiosos de um jeito diferente e muito surpreendente. Comemorando a estreia, o diretor e os protagonistas conversaram com a imprensa e revelaram os desafios e as alegrias de fazer esse filme que tem tudo para ser um grande sucesso.
As gravações ocorreram em apenas 12 dias, um recorde para o cinema nacional. Segundo Mess, isso foi totalmente intencional, visto que sempre foi um sonho trazer esse formato de fora para dentro do Brasil: "A gente já tinha essa ideia de rodar em tempo recorde, antes mesmo da pandemia acontecer, quando eu tive a ideia de rodar o filme em 2019. Eu sempre me inspirei em cineastas que eu gostei muito que rodaram em tempo recorde. Eu acredito muito no cinema nacional e na gente. Eu sabia que a gente conseguiria rodar em tempo recorde e com a qualidade que a gente precisaria."
Com poucos dias para rodar o longa, os desafios já eram enormes, mas o projeto se deparou com a pandemia, o que fez tudo ficar ainda mais desafiador: "Quando veio a pandemia foi um plus a mais de um monte de desafio... Porque rodar um filme em 12 dias não é fácil, não é uma coisa comum. E com a pandemia ainda, a gente teve que driblar várias coisas, entender os protocolos, como aplicar esses protocolos, eles eram novos ainda... então assim, ninguém ainda entendia como funcionava o protocolo e a gente se baseou muito no cinema de fora até para deixar os protocolos mais rígidos, a mais do que era necessário na época", contou Mess.
Para driblar a pandemia e conseguir 'encher' um set de filmagem, foram usados bonecos, dando a impressão de que o lugar estava lotado. Mess conta que isso foi algo novo, nunca visto antes no país: "A ideia de fazer os manequins, veio da minha diretora de arte, porque a gente estava em um impasse muito grande de quantas pessoas poderíamos ter no set. Os protocolos eram muito rígidos, então a gente tinha um limite de pessoas. Só que o tempo inteiro no filme os personagens falam que a casa está cheia e a gente tinha que representar isso de alguma forma, então surgiu a ideia de fazer manequins realísticos com o figurino. A gente sempre brincava, fazia esse truque de colocar o manequim de costas e a pessoa real de frente. Em muitas cenas você vê volumes e vê coisas acontecendo ali, mas muitas delas são manequins e difícil de perceber. Isso foi um recurso que a gente usou para se manter dentro dos protocolos e ao mesmo tempo fazer o filme acontecer de uma forma estética que funcionasse."
Para os atores, gravar em apenas 12 dias também foi visto como impossível no início, mas vendo cada cena sendo finalizada, eles perceberam que estava tudo encaminhado: "A gente ensaiou por muito tempo on-line e depois mais uma semana, aproximadamente, de ensaios presenciais. E o Mess sabia muito o que queria, tinha noção do que fazia. Nós coreografamos essas cenas. Então mesmo quando tinha que repetir, era muito fácil. Eu me senti muito bem, muito tranquilo fazendo. Não tinha a impressão de que estava correndo. Todas as vezes que alguém sentia necessidade de repetir, nós repetimos. Isso não são sinais de que foi feio em pouquíssimo tempo, não houve isso. A gente simplesmente foi rodando. Foi muito legal, e rendeu muito um grande nivel de concentração. Eu adorei fazer!", disse Werner.
"Eu acho que todo mundo ficou com '12? Não vai ser possível', acho que todo mundo ficou com essa pulguinha atrás da orelha. Mas esse cara fez! Não tinha essa coisa do correr, não tinha essa coisa do não repetir quando necessário. Era um set normal! Não teve correria nem nada. Teve muita concentração, muita organização e ensaios, focados no que ele sabia o que ele queria, foi super possível.", completou Thaila.
O filme também se difere por trazer uma estética nova, se baseando em histórias em quadrinhos para criar os personagens, os ambientes e até a narração da história: "Eu sempre gostei de assistir um filme e ser levado, desde criança, para dentro de universos que eram únicos. Eu sempre gostava dos filmes, tanto de super-herói, ou qualquer outro filme que me levava para um lugar que não era palpável. Então, quando a gente criou a ideia do Moscow, fazer um filme atemporal, já era a ideia principal. De ser um filme que não se passa em uma época específica. E o HQ ele te deixa levar por extremos que você não precisa ter limite. Os personagens são muito caricatos. Eles são tão caricatos que parecem até saídos de um quadrinho.", disse Mess.
"Uma inspiração para mim grande foi o Batman porque é meu HQ favorito e o Batman tem a questão de ver vários vilões caricatos. As vezes você até lembra do filme pelos vilões e não só pelo herói. Essa estética já era programada para a gente levar um estilo de filme novo para o Brasil. Eu sempre vi filmes fora que tinham esse visual, mas eu não via no meu país isso. Eu acredito muito no cinema nacional e no Brasil. A gente é muito capaz de fazer qualquer coisa, só que a gente tem que fazer. Moscow foi meio que 'vamos fazer isso' e o resultado foi esse.", continuou o diretor.
Gravado em tempo recorde e com uma estética totalmente nova no país, a história não poderia ser simples e muito menos clichê: "A gente não explora vários nichos de cinema que a gente conseguiria explorar. A gente tem obras de arte no cinema nacional, mas a gente pode explorar outros nichos que às vezes não existem. Como terror, como thrillers de ação, filmes desse estilo. Então a gente ama filme de super herois, consome muito, mas não tem nenhum no Brasil. Então o legal do Moscow é que a gente pensou nisso, em criar algo que não exite no cinema nacional e que seja interessante, que o público vai querer ver. Eu entrei em um universo que eu queria ver. Eu quis fazer um filme com um pouquinho de tudo que eu quis assistir aqui no Brasil e ainda não tinha.", revelou Mess.
Werner concordou com o diretor: "O Mess falou uma coisa que é muito legal que é fazer o filme que eu gostaria de ver. Isso é uma belíssima orientação para o artista. E no caso desse nosso Moscow, ele é feito e elaborado com uma certa afetação característica da história em quadrinhos, só que ela não parece ser externalizada, ela está dentro de nós. É extremamente natural, é extremamente bem feito. Está perto de um novo realismo e isso que o grande barato que a mão do diretor que faz. Isso é muito legal!"
Fazendo o caminho inverso do comum, quando um filme se baseia em histórias em quadrinhos, o diretor contou que tem vontade de lançar o HQ de Moscow: "A gente já tinha falado sobre isso, antes mesmo de rodar o filme. A gente tem conversas com alguns criadores de HQ, desenhistas e algo. É uma intensão sim. Mas a gente queria primeiro lançar o filme. Geralmente é ao contrário, o filme é baseado em uma HQ, mas, na verdade, o filme é uma história que talvez no futuro vire uma HQ. Então é uma intensão tanto isso quanto um filme do Moscow, são duas coisas que a gente pensa em fazer, mas após ele nascer e as pessoas assistirem ele."
Com tantas novidades e esperando o grande sucesso do filme, Mess não descarta a possibilidade de uma sequência e confessa: "A vontade existe bastante! Já tenho ela programada como seria na cabeça. O que eu posso dizer é que vai depender muito de como o Moscow 1 vai seguir. Mas a minha ideia era que o Moscow fosse uma trilogia. O que a gente tem em mente, mas como será ainda é um mistério. O que eu posso falar é que se tiver o Moscow 2 vocês poderiam contemplar um pouco mais desses personagens que já existem. Eles estariam no Moscow 2."