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Bem-estar e Saúde / FIQUE ATENTO!

Psicóloga alerta sobre os sinais do assédio moral e como combatê-lo

Em entrevista à CARAS Brasil, a psicóloga Leticia de Oliveira fala sobre o assédio moral, tipo de conduta que caracteriza comportamento abusivo

O assédio moral pode afetar a autoestima e a autoconfiança - Freepik
O assédio moral pode afetar a autoestima e a autoconfiança - Freepik

O assédio moral em relações de trabalho é um sério problema da sociedade atual. Ele ocorre devido ao conjunto de uma série de fatores. O clima de pressão psicológica no ambiente gera, na vítima que é assediada, um sofrimento capaz de atingir diretamente sua saúde física e psicológica, podendo ocasionar doenças crônicas. Em entrevista à CARAS Brasil, a psicóloga Leticia de Oliveira fala sobre esse tipo de conduta, que caracteriza comportamento abusivo.

“Quando ocorre no ambiente de trabalho, é caracterizados como assédio moral. Então, fora do ambiente de trabalho, a gente chama de comportamento abusivo. E dentro do ambiente de trabalho, esses comportamentos abusivos são denominados assédio moral. O assédio moral ou eu, o comportamento abusivo, diz respeito a qualquer violência implícita, exposição, difamação, quando você compara a outra pessoa, quando você diminui a capacidade da pessoa, quando você faz com que a pessoa se sinta intimidada, inferiorizada, E esses comportamentos têm a função de fazer com que o colaborador se sinta refém, refém daquele emprego”, explica.

Leticia ressalta os principais impactos psicológicos das vítimas de assédio moral e como esses efeitos podem se manifestar em sua saúde mental. “Os principais impactos do assédio moral é aumento de ansiedade, aumento de insegurança, diminuição da autoestima, o burnout, que é o esgotamento emocional mesmo, que é o estresse diante do ambiente de trabalho. Crise de pânico, a depressão, gatilhos mesmo para comportamentos de ansiedade, por exemplo, como uso e abuso de álcool, de drogas, o excesso de comida, o comer excessivo, dificuldade com o sono, a insônia”, diz.

“Então, muita gente que tem, que sofre o assédio moral, no ambiente de trabalho, acaba tendo dificuldade de dormir. É um isolamento social, então a pessoa acaba se sentindo tão inferiorizada que mesmo fora do ambiente de trabalho ela fica desconfortável de se expor. Então são aí alguns sinais de que a pessoa, alguns sintomas de que a pessoa está vivenciando o assédio moral no ambiente de trabalho”, emenda a especialista.

SAÚDE EMOCIONAL E COMPORTAMENTAL

A psicóloga pontua como o assédio moral pode afetar a autoestima, a autoconfiança e a percepção de si mesmo das vítimas, e como isso pode influenciar na saúde emocional e comportamental. “A forma como o outro nos trata acaba tendo muita influência na forma como a gente se enxerga. Então, se o meu colega de trabalho e, muito pior, o meu chefe, me caracteriza, me enxerga, me destrata, me expõe, me ridiculariza, faz com que eu me sinta incompetente, incapaz, aos poucos eu vou aceitando essa imagem que ele tem sobre mim. E mesmo quando a pessoa já tem, que ela tem uma boa autoestima, é como se o chefe, a pessoa que está exercendo a sede moral fosse o espelho, como nossos pais quando a gente é criança”, salienta Leticia.

“A forma como eles nos enxergam acaba se transformando na forma como a gente se enxerga. Então, o assédio imoral, independente da idade, a gente pensa assim: Ah não, mas uma pessoa de 60 anos, de 50 anos, no começo da carreira você tem a vulnerabilidade da idade, da insegurança, mas com 60 anos, 50 anos, você já se sente menos habilidoso com as tecnologias, então tem sempre algo para mexer com a pessoa, para que ela se sinta inferiorizada. Então, impacta muito e esse impacto da autoestima pode ser, pode atrapalhar realmente não só no trabalho como nas outras relações da pessoa”, acrescenta.

EFEITOS FÍSICOS E SINAIS

O assédio moral pode causar efeitos físicos do estresse crônico, contribuindo para problemas de saúde como dores musculares, distúrbios do sono e problemas gastrointestinais. “A somatização é muito comum quando a pessoa passa por um estresse, principalmente quando a pessoa não tem a possibilidade de sair do ambiente que está gerando todo o estresse para ela. E quando ela não consegue se curar ali emocionalmente, ou seja, sair do ambiente tóxico, ela normalmente manifesta, ela somatiza, ou seja, ela manifesta no corpo. Doenças de pele, doenças autoimune, doenças gastrointestinais, então, queda de cabelo, enxaqueca... É bem comum a gente ver esse tipo de sintoma na vida de pessoas que estão vivenciando assédio moral no ambiente de trabalho”, informa.

De acordo com Leticia, além dos efeitos diretos nas vítimas, o assédio moral pode impactar o ambiente social e relacional. “Quanto mais a pessoa vivencia outros ambientes, maior a chance dela absorver menos aquela influência. Então, está com amigos, está praticando atividade física, está se cuidando, está tendo momentos de lazer, de prazer. Tudo isso funciona como, se a gente fizesse um paralelo, você está melhorando a sua imunidade emocional. Não quer dizer que você não pegue a doença, não quer dizer que você não está suscetível, mas quer dizer que você fica emocionalmente mais preparado, mais blindado para lidar com esse ambiente estressor”, fala.

A psicóloga alerta para os principais sinais de que alguém está sofrendo assédio moral, e como podemos distinguir entre conflitos normais e comportamentos abusivos. “Muitas dessas pessoas, que passam, não percebem. Não percebem porque se cobram, e acabam acreditando que são, de fato, menos capacitadas. Começam a investir em mais cursos. Começam a ter um comportamento diferente por acreditar que elas precisam dar conta e elas precisam se encaixar”, explica.

“Então, o papel do psicólogo é mostrar o abuso, mostrar que aquilo não é normal, dar consciência para a pessoa e ferramentas para ela lidar com aquela situação e, se possível, para ela reverter aquela situação e modificar de ambiente. Então, o papel principal do psicólogo é a validação do sofrimento, a conscientização do abuso, e a estruturação de novos caminhos para que essa pessoa consiga se recolocar pessoalmente e profissionalmente”, completa.

Leticia de Oliveira - Psicóloga Comportamental; Referência em Análise comportamental; Fundadora do Núcleo Letícia Oliveira, do qual presta atendimentos multidisciplinares, com foco na saúde e cuidado do corpo e mente; Foi psicóloga consultiva no programa “É De Casa”, da Rede Globo; Ao longo de sua carreira, já ajudou milhares de mulheres a conquistarem o controle de suas moções e a terem uma leve e feliz vida, com seus treinamentos e consultas. CRP SP: 0695130.

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A psicóloga Leticia de Oliveira - Arquivo Pessoal