CARAS Brasil
Busca
Facebook CARAS BrasilTwitter CARAS BrasilInstagram CARAS BrasilYoutube CARAS BrasilTiktok CARAS BrasilSpotify CARAS Brasil
Atualidades / ‘ELE NÃO MERECIA ISSO’

Amigos de João Rebello, morto na Bahia, relembram últimos momentos com o ex-ator mirim

Em entrevista à CARAS Brasil, amigos de João Rebello lamentam sua morte e relatam momentos ao lado do ex-ator mirim, morto a tiros na Bahia, na última quinta-feira, 24

Thaíse Ramos
por Thaíse Ramos

Publicado em 26/10/2024, às 17h11 - Atualizado às 17h20

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
O ex-ator João Rebello atuava como DJ e era conhecido como Vunje - Reprodução/Instagram
O ex-ator João Rebello atuava como DJ e era conhecido como Vunje - Reprodução/Instagram

A notícia da morte do ex-ator mirim João Rebello pegou todo mundo de surpresa e está provocando uma verdadeira comoção na internet. O sobrinho do ator e diretor Jorge Fernando (1955-2019) foi morto aos 45 anos, na noite da última quinta-feira, 24, na Bahia, ao ser atingido por disparos de arma de fogo dentro de seu carro. Em entrevista à CARAS Brasil, amigos do DJ Vunje, como era conhecido atualmente, se emocionam ao relembrar os últimos momentos em que estiveram com o artista.

A fotógrafa e produtora Elza Cohen, amiga de longa data de Rebello, conta que conversou com o ex-ator por telefone, entre maio e junho deste ano. “Ele falou que estava superfeliz lá na Bahia, que estava com vários projetos, morando em um lugar tranquilo. Ele estava realmente muito feliz, cheio de planos, trabalhando como DJ junto aos tambores. E ele até me sugeriu da gente fazer uma reedição do evento Zoeira HipHop – em que ele era um dos DJs/VJs da minha festa – para o final deste ano, mas, infelizmente, não vai dar mais”, diz ela, contando que o amigo participou da edição do ano passado, em outubro, na Festa Literária das Periferias (Flup), no Rio de Janeiro.

“Ele era um apaixonado pela cultura Hip Hop. E a última vez que a gente se encontrou foi nesse festival. Ele veio da Bahia para participar dessa festa que faço há muitos anos no Rio Janeiro. Ele sempre foi uma pessoa muito criativa e estava sempre presente; tanto na minha vida pessoal quanto na profissional. Estávamos planejando fazer um documentário; escrevi e ele estava junto comigo. Eu já tinha o convidado para dirigir junto comigo. João estava várias ideias”, continua.

Elza destaca que João Rebello sempre foi uma pessoa muito generosa: “Ele tem uma equipe, Apavoramento Sound System, que cuida de audiovisual: música, videoclipe, documentários. Então, ele estava sempre ali quando a gente precisava. Sempre atento aos acontecimentos da cultura hip-hop, do funk, especialmente da cultura hip-hop, que ele gostava muito. Ele tem um acervo gigantesco porque estava sempre atento ao movimento”.

“Ele era um grande colaborador nessa área e um ser humano incrível. Sem superego, sem vaidade, um ser humano íntegro, que gostava de compartilhar conhecimento com as pessoas. Estava sempre se doando, abrindo portas e janelas. Ele dizia que sempre valia sonhar. Ele era um grande sonhador e realizador também. Me identificava muito com ele, com essa coisa da curiosidade, de sonhar, de pensar no futuro, de desbravar, pesquisar, buscar conhecer. A gente tinha muita troca”, emenda Elza.

Os dois se conheceram por intermédio da atriz Natália Lage (45).  “Ela é muito minha amiga e muito amiga dele e nos apresentou. Os fizeram várias novelas juntos. A partir de então, ele começou a frequentar a minha casa, na época que eu fazia as festas de hip hop no Rio, na Lapa. E aí, ele levava equipamento na minha casa (...) Teve uma época que o DJ Negralha, do Rappa, que estava morando lá em casa, começou a tocar juntos e eu o convidei para tocar na festa. Foi daí que ele virou um dos DJs residentes, e sempre cuidando dessa parte do audiovisual da festa”, diz.

‘FIQUEI SEM CHÃO’

A fotógrafa lembra que soube da notícia da morte de João Rebello por meio das redes sociais. “Um amigo me marcou no story (Instagram). Ele foi uma das primeiras pessoas a saber. E na hora que ele me marcou com várias fotos dele, pensei que fosse dando parabéns por alguma coisa. Nunca pensei que fosse uma notícia ruim. Quando acessei o perfil dele, vi um monte de pessoas falando sobre a partida dele. Me deu uma sensação horrível, fiquei sem chão, mal conseguia respirar. Sentei, fiquei tentando assimilar. Liguei para o primo dele, o Guilherme, e ele confirmou. Muito chocante, muito impactante”, lamenta.

AMOR INCONDICIONAL PELA FAMÍLIA

João Rebello era filho da atriz e diretora Maria Rebello e, além de ser irmão de Maria Carol (41), era também sobrinho do diretor de TV Jorge Fernando e neto da também atriz Hilda Rebello (1924-2019). Elza Cohen conta que o artista era muito ligado à família, que sempre foi muito unida. “Que família linda! Teve uma época, quando eu morava em Copacabana, que o João reunia todo mundo que ele tinha afinidade na casa do Jorge Fernando, na Avenida Atlântica. E aí rolavam DJs maravilhosos, com aquela vista maravilhosa”, fala.

‘AVÓ TROCAVA IDEIA COM TODO MUNDO’

“Ele sempre convidava todo mundo da cena do hip-hop, que ele se identificava. E aí era interessante, era engraçado porque a avó dele sempre sentava na sala e conversava com todo mundo, trocava ideia com todo mundo sobre música, filmes. E ele sempre acolheu a gente muito bem. Nunca vou me esquecer disso, de como ele acolhia as pessoas na casa dele, tanto na dele, quanto no estúdio dele. Sempre que a gente precisava de alguma coisa, ele falava: ‘Vai lá, tem equipamento’. Ele sempre foi empático com todo mundo”, revela.

Elza volta a falar do quanto João Rebello era afetuoso e amoroso. “Sempre! E eu nunca o vi brigar com ninguém, falar mal de ninguém, nunca o vi de mau humor. Sempre que você o encontrava, ele estava com aquele sorriso estampado no rosto, com os olhos redondos brilhando. Era muito parecido com a avó, que também transmitia esse amor, esse carinho e esse acolhimento. Um ser humano muito especial, que vai deixar um vazio em todo mundo. Deixou um legado e exemplo de ser humano, artista e profissional. Vai fazer uma falta absurda. Tão jovem, tiraram a vida dele. Ele não merecia isso”, completa.

Amigos de João Rebello, morto na Bahia, relembram últimos momentos com o ex-ator mirim
João Rebello com a avó, Hilda Rebello, e com o tio, Jorge Fernando - Foto: Reprodução/Instagram

‘ERA UMA DESPEDIDA’

Muito abalado com a morte de João Rebello, o professor de atabaque, cantos e danças Doug Moraes revela que sonhou com o ex-ator recentemente. “Fiquei em choque, pois havia sonhado com o João há poucos dias. No sonho, estávamos entre tambores e atabaques num estúdio aberto, na natureza. João estava mega feliz, dizendo que tinha aprendido muito, queria que eu ouvisse seu som, que tinha muita gratidão e que iria tocar seus tambores em mais lugares e alegrar mais pessoas. Era uma despedida. Gratidão, uma palavra muito usada por João, ele era grato a tudo”, diz.

Doug explica que João já tinha uma forte ligação com a espiritualidade através da tia e da avó. “Ele conheceu meu trabalho e consolidamos sua ligação ancestral. João realizou algumas aulas em nosso estúdio. Depois, seguiu com aulas online da casa de sua família na região serrana do Rio e, posteriormente, migrou para a Bahia. Conciliava seus estudos a sua carreira como DJ, ampliando seu networking na região como Vunje. Aliás, seu nome artístico faz alusão a divindade protetora das crianças, N'Vunje, da região de Angola”, frisa.

“A gente teve bastante proximidade desde a pandemia, em 2020. João fez aula de percussão comigo durante bastante tempo. De percussão dedicado às matrizes afro-brasileiras. Ele compartilhou muito comigo sobre a vivência dele lá na Bahia, lá em Trancoso, das experiências. Lá nos posts dele (do Instagram), tem muito comentário meu dando apoio a ele, e vice-versa. Foi um choque absurdo quando recebi essa lastimável notícia”, acrescenta.

Segundo o professor, João era um aluno dedicado. “Ele se abstinha de suas vivências e estudos, aprendendo de forma muito atenta. Ele dizia que os tambores faziam parte de sua história e sua vida. Cem por cento dos beats criados por João, sendo o DJ Vunje, tem sons de tambores e atabaques. Além de seu aprendizado, trocávamos muito para agregar arte, cultura e ancestralidade aos seus beats e lives jams”, reforça.

Doug relembra o amigo como uma pessoa super do bem. “Bastava cinco minutos ouvindo sobre quaisquer temas e você se tornava amigo do João. Extremamente simpático e agregador em tudo. Sua forma leve de falar, refletia exatamente quem era a pessoa João em todos os dias. Ele era muito grato a sua família e trazia com muito amor histórias de sua avó, Dona Hilda Rebello, e seu tio Jorge Fernando”, exalta.

VELÓRIO

O velório do ex-ator mirim João Rebello será realizado no domingo, 27, no cemitério São João Batista, em Botafogo, no Rio de Janeiro, a partir das 10h. O sepultamento acontecerá às 13h, conforme informações postadas pela irmã do DJ, Maria Carol Rebello.

No post, ela pede que usem roupas brancas na despedida e que, quem não consiga dar o último adeus a João, mande boas energias. “Aos amigos que não puderem comparecer, sintonizem em vibração”, diz o comunicado.

Horas depois da morte do filho, Maria Rebello, mãe do artista, postou um desabafo nas redes sociais: "Não consigo fechar os olhos! Obrigada pelas palavras, estou acordada sozinha e Carol foi para Trancoso! Terra violenta! Mataram por engano, confundiram o carro! Ele estava vivendo em uma cidade onde parecia uma vida tranquila com sua mulher Karine tocando, fazendo festa com sua doçura meu luto será eterno".

NOVELAS DE JOÃO REBELLO

O ex-ator mirim estreou a carreira aos 7 anos, na novela Cambalacho (1986), escrita por Manoel Carlos (91). Ele esteve em grandes tramas como Bebê a Bordo (1988), Vamp (1991) - que está sendo reprisada atualmente no canal Viva, Deus nos Acuda (1992) e Vira Lata (1996). Sua última participação nas telinhas foi em 1997, quando atuou em Zazá.

Leia também:Morre atriz Anja Bittencourt, de 'Êta Mundo Bom!', aos 72 anos

Amigos de João Rebello, morto na Bahia, relembram últimos momentos com o ex-ator mirim
João Rebello morreu na última quinta-feira, 24, na Bahia - Reprodução/Instagram