Durante um bate papo exclusivo, Sérgio Malheiros e Peter Brandão revelaram o que o público pode esperar para a nova temporada de Impuros
A 3ª temporada de Impuros acabou de chegar ao catálogo da Star+ e com ela a continuação da história de Evandro, deRaphael Logam (35), Victor Morello, de Rui Ricardo Diaz (43) e todos os outros moradores e frequentadores do Morro do Dendê, onde se passa a trama.
Entre eles está Wilbert, feito por Sérgio Malheiros (28) e Hermes, interpretado por Peter Brandão (27) que bateram um papo exclusivo e super divertido com a CARAS Digital para falar dos rumos e das novidades da nova temporada da série.
Logo de cara eles comentam um pouco de seus personagens que, apesar de serem de mundos opostos, acabam se unindo por conta do tráfico de drogas. Wilbert, por exemplo, já nasceu no crime, sempre morou no morro e é amigo de infância de Evandro e seu irmão, enquanto Hermes entra no tráfico pela amizade e consideração que tem pelo protagonista da história.
Para Sérgio, esses jovens se encontram para transformar o tráfico em algo organizado: "É a história de um grupo de jovens que começa a tratar o tráfico de drogas, de uma forma diferente. Começa a tratar aquilo como uma verdadeira empresa. E começa a profissionalizar o tráfico de drogas. É sobre isso que a série fala, sobre o início da militarização do tráfico de drogas. E nesse sentido, o Hermes é peça fundamental nisso. Porque ele é o cara que, de certa forma, é o cabeça dessa transformação, [...] É a ferramenta que ele (Evandro) usa pra justamente para trazer esse conhecimento técnico, essa precisão, essa cadeia de comando, que tem a ver com o que ele é. E o Wilbert representa o morro do Dendê e representa quem o Evandro realmente é. Então eu acho que esses conflitos estão muito claros nesses dois personagens, que tem a ver com um cara que nasceu na comunidade, que era filho de outro bandido e o cara que vem de uma cadeia de comando e entende aquilo como um emprego."
Peter falou ainda que a união dos personagens vem dos interesses em comum que eles acabam tendo: "Mostra os laços que são criados desde a primeira temporada só que reforçando isso, mostrando mais da história de cada persona." e Sérgio completa, falando que o diferencial da série é justamente trazer esses personagens de lugares opostos: "Essas divergências ajudam a narrativa a não estagnar em um esteriótipo. A gente está contando a história de vários jovens negros traficantes, mas eles não são a mesma coisa. A gente tem uma diferença muito grande entre esses dois caras, por exemplo, e entre o Evandro, e entre o Afonso e entre todo mundo. Então um pouco do que a gente tenta mostrar são essas diferenças e as histórias pessoais desses caras e porque eles tomam essas decisões que eles tomam."
Sérgio seguiu a conversa falando que acredita muito mais na importância das relações entre os personagens da série do que na história em si: "O grande diferencial da série é que a gente promete uma série de bang bang, policia e bandido, e a gente vai contando um pouco a história desses personagens e verticalizando cada vez mais nas relações com esses personagens e daqui a pouco você não quer nem saber se o Morello vai pegar o Evandro, você quer que ele cuide da filha dele. E você está muito mais preocupado com as relações entre eles."
"Nessa terceira temporada, a gente está naquele cabo de guerra, entre quem esses personagens são e quem esses personagens vão virar, quem eles vão ser, quem eles estão se transformando. Eu acho que tanto o Wilbert quanto o Hermes e todos os personagens da série, eles vivem esse conflito e eles potencializam esse conflito nos protagonistas, no nosso caso, o Evandro, que o núcleo que a gente está!", continuou ele.
Peter também deu sua opinião sobre o assunto, dizendo um pouco do que vem por aí: "(Essa temporada) está mostrando muito dos personagens agora, no núcleo de cada personagem, de onde veio, para onde vai, como é o caminho. Eu acho que a galera pode esperar muitas coisas novas. Não tem apenas um segmento. Dentro da história, você pode esperar muitas coisas novas também."
E é claro que ambos comentaram a atualidade do assunto tratado na série, mesmo ele se passando há 20 anos. Sérgio confessou que tratar de um tema como esse ainda é muito delicado no Brasil: "A gente está falando de um problema que começou lá nos anos 1990 e por causa de um resultado de ações equivocadas do governo, de vários governos, [...] a gente acabou virando um país com um tamanho de um tráfico descontrolado. Então eu acho que a gente conta a história de como isso começou e a gente tem uma responsabilidade muito grande poque parte dessa história, infelizmente ainda esta sendo contada. [...] A gente precisa de fato ter muito carinho e ser muito delicado na hora de falar essa história porque são acontecimentos que ainda tem impacto no presente."
Concordando com o amigo, Peter prosseguiu: "É aquele velho ditado: 'Eles inventam a doença para depois criar a cura'. Então essa 'doença' já vem de muito tempo e eu acho que uma das formas da gente debater isso, acabar encontrando um ponto em comum é a arte". E continuou fazendo um grande elogio a equipe da série: "É a forma que a gente está fazendo esse trabalho com bons profissionais, profissionais muito antigos já, da TV e do cinema, tanto na frente das câmeras, quanto atrás, uma preparação magnifica."
"É conseguindo botar a galera pra poder refletir sobre esse tema, pensar o quanto a gente progrediu, se a gente continua parado e como está a nossa vida, o nosso andamento. A Impuros é muito isso, serve para fazer a galera refletir.", finalizou ele.