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Galã em 'Sangue Bom', Felipe Lima era ignorado no colégio: ‘Me sentia invisível’

Felipe Lima fala sobre Xande, seu personagem em 'Sangue Bom' que trabalha como 'amigo de aluguel'. O ator também comenta o assédio que recebe por causa da novela e dá dicas de como ser uma boa companhia

Renan Botelho Publicado em 29/07/2013, às 14h23 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Felipe Lima - Divulgação
Felipe Lima - Divulgação

Felipe Lima interpreta o ambicioso Xande em Sangue Bom. Apesar do mau caráter do personagem, o ator tem se destacado como um dos galãs da trama e conquistado o público. “Me sinto lisonjeado por ser considerado um homem bonito”, diz o carioca, de 27 anos, em entrevista à CARAS Online.

Mas o assédio é novidade para Felipe, que estava acostumado a ser ignorado na época do colégio. “Eu brinco que sofria bullying por ‘ser nerd e não jogar futebol’ e, de certa forma, foi assim que eu me senti. Eu me sentia meio invisível, não fazia parte da galera”, fala o ator, que está solteiro.

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Aproveitando a profissão do seu personagem, que trabalha como ‘amigo de aluguel’, Felipe ainda dá dicas de como ser uma boa companhia. "Ninguém gosta de sair com gente que vive de mau humor, que trata mal e fala mal dos outros, ou que vive reclamando da vida", afirma. 

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- Como é receber o título de galã logo no primeiro trabalho de destaque na Globo? O assédio aumentou muito?

Existe uma tendência entre muitos atores da minha geração de rejeitar o título de "galã de novela", como se, de alguma forma, o título de "homem bonito que trabalha na televisão" fizesse oposição ao título de "bom ator". Eu não encaro dessa forma, pelo contrário, me sinto lisonjeado por ser considerado um homem bonito. Mas, confesso que espero que exista um olhar mais apurado sobre mim, que saia um pouco do óbvio, que além de verem um homem bonito, vejam também um cara com conteúdo, um bom ator, um artista que desenvolve seus próprios projetos e é engajado nas questões culturais do seu país. Em relação ao assédio, sim, aumentou muito... Não chegou ao ponto de ser cercado nas ruas por fãs adolescentes enlouquecidas que não me deixam andar (risos). Brincadeiras à parte, estou muito feliz com o reconhecimento do público em relação ao meu trabalho. Apesar de ser um ator que trabalha já há bastante tempo, sou um rosto relativamente desconhecido do grande público e com alguns meses de novela no ar, algumas coisas mudaram nesse sentido. Muita gente me abordada nas ruas para tirar foto, para falar do personagem, do que elas acham que deve acontecer na trama. É um retorno muito gostoso.

- Você tem namorada? Ela tem ciúmes? 

Estou solteiro, mas, se estivesse namorando, acredito que não sofreria com crises de ciúme. Sou um cara muito tranquilo, do tipo que acha que crises de ciúme - fora raros casos que fogem ao nosso controle - são bobas e sem fundamento. Se existe uma relação legal, se existe parceria e confiança, não tem motivo para ter ciúmes.

- Como um amigo de aluguel, que dicas você daria para ser uma boa companhia?

Se eu fosse aconselhar como Xande, eu diria que uma boa companhia precisa saber representar o papel que esperam de você naquele momento. Se você sai com alguém que precisa conversar e desabafar, banque o terapeuta. Se você sai com uma menina que quer fazer ciúmes no ex-namorado ou nos colegas de trabalho, banque o cara apaixonado por ela. Se você sai com alguém para uma despedida de solteiro, uma festa de casamento, seja o mais animado possível. E por aí vai. Mas, aconselhando como Felipe, meu personagem na vida real (risos), eu diria que uma boa companhia deve ser educada, bem humorada e alto astral. Ninguém gosta de sair com gente que vive de mau humor, que trata mal e fala mal dos outros, ou que vive reclamando da vida.

- Você aceitaria ser amigo de aluguel na vida real?

Se eu pudesse escolher os clientes e os programas, com certeza! Seria o trabalho perfeito (risos). Eu costumo brincar com meus amigos que eles estão ‘tendo de graça’ o que muita gente na novela está tendo que pagar e caro! Eu tenho essa curiosidade de saber como seria na vida real. Na época em que eu soube que faria esse papel na novela, cheguei a cogitar em ‘me alugar’ para ter essa experiência.  Mas eu não daria o cartão para qualquer pessoa que passasse na rua e não sei como faria pra cobrar e coisas do tipo, então desisti. Fora as brincadeiras que eu ouço por parte dos meus amigos, que dizem que vão ganhar um ‘trocado’ me alugando por aí, eu não recebi nenhuma proposta interessante. Mas se chegar a receber, acho que pensaria no caso! (risos)

- Você fez Uma Rosa com Amor (2010). Quais as diferenças de fazer uma novela no SBT e na Globo?

‘Uma Rosa com Amor’ no SBT foi o meu primeiro trabalho na TV e foi uma experiência muito feliz, não só no quesito pessoal, mas também no quesito profissional. Acho que foi um período de amadurecimento pessoal e artístico muito importante na minha carreira. No SBT as coisas são um pouco diferentes, as novelas são gravadas com muita antecedência, a gente estreia com uma frente enorme, às vezes com a novela quase toda gravada. Isso tem seu lado bom - no caso de poder planejar melhor a trajetória dos personagens, como a gente recebe muitos capítulos de uma vez só. Mas também tem o seu lado ruim. A novela é uma obra aberta e precisa da resposta do público como termômetro. Para nós, atores, também é muito importante poder ver o nosso trabalho no ar, sentir a repercussão para poder avaliar o tom geral das coisas, para saber se puxamos um pouco mais para cá, para lá, se está no tom, se vale a pena colorir com tintas mais fortes, mais fracas... E não ter essa referência é um ponto negativo. Eu penso que o SBT é uma empresa de família e isso se reflete em tudo lá dentro. Por ser uma emissora com uma penetração menor, existe uma cobrança menor por resultados, por ibope, enquanto que a Rede Globo é uma grande empresa onde todos têm como meta um patamar artístico e comercial altíssimo. E realmente eles sabem como fazer, como atingir esse patamar. E fazer parte de um produto da emissora te coloca numa ótima vitrine .

- Você disse que sofria bullying por ser nerd na escola. O que falavam para você? Como foi passar por essa fase?

Antigamente não existia esse termo, era ‘zoação’, ‘brincadeira’, ‘sacanear’, nada que na prática fosse muito diferente do que é o bullying. Mas acho que por não haver ainda essa conotação, as coisas eram encaradas de uma forma um pouco diferente. Eu brinco que sofria bullying por ‘ser nerd e não jogar futebol’ e, de certa forma, foi assim que eu me senti. Eu me sentia meio invisível, não fazia parte ‘da galera’, mas não sei se era porque eu era muito tímido e não gostava de jogar futebol ou se era porque eu era recém-chegado de outro colégio e todos eles já se conheciam desde criança. Então era mais difícil entrar na turma. Mas o fato é que eu me sentia um peixe fora d'água ali, então comecei a focar toda a minha atenção em tudo que fosse fora dali. Comecei a fazer vários cursos - dentre eles teatro para perder a timidez - entrei no inglês, no francês, na natação, passei no vestibular mais cedo - no segundo ano do colegial – e foi meio que isso: uma passagem, sem grandes marcas positivas nem negativas na minha vida. Conheço pessoas que têm amigos que os conhecem desde os 3 anos de idade, desde os 7 anos, e acho incrível, mas fora raras exceções, todos os meus amigos de verdade eu fiz fora do colégio.    

- Já encontrou algum desses amigos que praticavam bullying no passado agora que é um galã da Globo? Como foi?

Eu não guardo ressentimentos nem traumas dessa época de colégio. Não existia nenhuma hostilidade direcionada especificamente contra mim – ninguém nunca me afogou numa privada suja, nem derramou refrigerante na minha mochila, muito menos me infernizavam com bolinhas de papel durante as aulas (risos) ou essas coisas que a gente se acostumou a ver em filmes americanos. Eles apenas não me davam bola, não estavam nem aí pra mim. Quando eu encontro uma ou outra pessoa que estudou comigo por acaso na rua é meio que como se eu estivesse encontrando uma pessoa que eu vejo raramente malhando no mesmo horário que eu na academia. Ou uma pessoa que morou no mesmo prédio que eu quando eu era pequeno. Cumprimento com ‘oi, tudo bem?’, mas não passa muito disso.

- O que conquistou com o sucesso de Sangue Bom?

Acho que Sangue Bom me trouxe uma certa autonomia profissional, me respondeu algumas perguntas que eu sempre me fiz durante o caminho, sabe? Me orgulho muito de estar contando essa história, acredito muito nos valores que a novela se propõe a discutir, adoro os personagens, meu núcleo e me sinto bem realizado profissionalmente nesse momento da minha vida. Não só pela novela em si, pelo meu personagem, mas por tudo que vem acontecendo. Esse ano ainda estreio um espetáculo infantil chamado ‘Fonchito e a Lua’, um projeto meu e do meu sócio Pablo Sanábio que já estava caminhando há meses. Também começo a ensaiar um espetáculo adulto chamado Cock -Briga de Galo quando terminarem as gravações da novela. E voltei em cartaz no Rio de Janeiro com a peça ‘R&J de Shakespeare’, que já está há mais de dois anos e meio rodando várias cidades e capitais do país.