Na novela Vitória, da Record, ela interpreta uma personagem muito diferente do que é. “Desde cedo, fui muito independente e responsável pelas minhas escolhas”
Uma mulher frágil emocionalmente, de baixa autoestima, que nunca se posicionou diante da vida, sempre na dependência do pai, do marido e do filho. Com essa personagem distante de sua realidade, Beth Goulart (53) retorna à TV, após dois anos de ausência, em Vitória, da Record. “Desde cedo, fui muito independente e responsável pelas minhas escolhas”, destaca, em sua primeira viagem a Curaçao. No Caribe, gravou cenas como Clarice, nome dado em homenagem à escritora que vive desde julho de 2009 no espetáculo Simplesmente Eu, Clarice Lispector. Com o início das gravações, ela interrompeu a peça e irá retomá-la após a novela. “Farei enquanto houver público. Mas já projeto outras coisas”, explica. De certo, o monólogo Perdas e Ganhos, baseado em livro homônimo de Lya Luft (75), adaptado por ela. A montagem, que estreia no fim do ano em Porto Alegre, será uma catarse emocional. Afinal, além de homenagear o pai,Paulo Goulart, morto em março, pela primeira vez vai dirigir a mãe, Nicette Bruno (81), com quem atuou em sua estreia como atriz, aos 13 anos, em Os Efeitos dos Raios Gama nas Margaridas do Campo. “Lya escreveu o livro quando perdeu um grande amor, o psicanalista Hélio Pellegrino, e sentiu necessidade de dividir seu processo de superação”, explica Beth.
– E no caso da sua família, como enfrentam a perda do seu pai?
– Estamos superando a cada dia e trabalhar ajuda. A saudade e a ausência serão para sempre. Ele me deixou valores éticos e morais. Seu melhor exemplo foi ser um homem do bem, correto, que valorizou família e trabalho. Generoso e amoroso, deixou esse legado que, de alguma forma, passei para meu filho, João Gabriel.
– Já cobra dele um netinho?
– Vou adorar ser avó, amo criança. Se não fosse atriz, seria professora. Sigo o exemplo da minha mãe, herdei sua genética, não tem a ver só com células, mas com sua alegria imensa de vida. Então, seria maravilhoso receber esse bebê na nossa família.
– Como mantém a vitalidade?
– Não como carne vermelha há mais de 20 anos, priorizo legumes e verduras, caminho e faço pilates. Tenho prazer nessas coisas, não é um sacrifício. Agora, não tem como evitar uma ruguinha, o peso aumenta, mas lido com naturalidade, não desejo ser o que não sou. As pessoas querem evitar o tempo, fazem botox, plásticas, mas não adianta, o tempo estará em você. É inexorável, o tempo passa para todo mundo. E quem enfrenta isso com naturalidade encontra a beleza da maturidade.