Em entrevista à CARAS Brasil, a drag queen Suzy Brasil fala sobre o espetáculo QComédia e revela os desafios da carreira artística
Publicado em 26/11/2024, às 16h56 - Atualizado às 18h02
A drag queen Suzy Brasil (47) leva aos palcos o espetáculo QComédia, com apresentação única nesta terça-feira, 26, no Teatro Clara Nunes, no Rio de Janeiro. Em entrevista à CARAS Brasil, a artista adianta detalhes da peça e faz confissão sobre sua trajetória na arte e humor.
Suzy garante que o público vai se surpreender muito com o QComédia, pois é um espetáculo de variedades, que mistura stand-up, dança, cenas teatrais e talk shows, celebrando a diversidade e a inclusão, além de oferecer uma plataforma para diferentes formas de humor e expressão artística.
"Tem uma dinâmica, uma velocidade que as coisas acontecem que não vai dar tempo da pessoa se cansar. Não vai dar tempo do público se mexer na cadeira. A gente tem de tudo um pouco. Quem assistir vai querer voltar e se voltar, vai assistir um outro espetáculo, pois tudo vai se transformando. As cenas serão outras, o comediante de stand-up vai ser outro, as drags serão outras, o entrevistado do talk-show será outro. É uma proposta mega ousada, mas vai entregar novidade o tempo inteiro para o público", declara.
O espetáculo ainda conta com a participação de grandes artistas, entre eles a atriz Maria Clara Gueiros (59), um dos maiores nomes da comédia do país. Suzy Brasil reforça sua parceria com a humorista e fala da dobradinha na peça.
"Maria Clara Gueiros é maravilhosa. É uma comediante fortíssima, talentosíssima, faz um humor com muita naturalidade, facilidade, daquelas comediantes de mão cheia (...) Além de muito talento para somar com o espetáculo, tem uma liberdade para uma brincar com a outra, improvisar com a outra. Sem contar que, Maria Clara é uma mulher empoderada, que está sempre prestigiando a arte LGBT. Emprestar a visibilidade dela para esse tipo de arte é uma parceria ideal", confessa.
Apesar de ser um grande nome da comédia, Suzy Brasil reforça que o cenário artístico não é um dos mais fáceis e a correria da rotina não reserva apenas risadas. A drag queen relembra como o humor chegou em sua vida.
"Eu morei com a minha vó, quase que a minha vida inteira, [ela] era uma mulher que tinha cada sacada, cada piada, cada pérola... então, começou dentro de casa. Eu frequentava um centro Kardecista e comecei a fazer peças espíritas. Tudo muito sério. Então, eu passei para um grupo de teatro amador que fazia teatro infantil. Um belo no dia, no teatro, eu conhecia uma drag queen, na época o nome era transformista, que me levou para a cena LGBT", relembra.
A artista confessa: "Ser drag queen nunca foi fácil. As casas nunca pagaram o que as drags deveriam receber. Para você ganhar dinheiro tinha que correr de uma boate para a outra. Andar na noite no Rio de Janeiro é muito difícil".
"O maior problema sempre foi a falta de valorização da arte LGBT. O trabalho da drag queen, durante muito tempo, foi marginalizado. Era tratado como sub-arte, era preso ao gueto. Nunca teve o espaço que merecia ter e nem o cachê ideal. As drags cantoras como Pabllo Vittar e Gloria Groove, ajuda muito", lamenta Suzy.
"Temos mais visibilidade e espaço. A cena noturna empobreceu, muitas casas voltadas para esse público fecharam, mas hoje temos um outro canal, que é a internet, com as redes sociais, e com isso também fomos ganhando espaço no teatro e na TV. Hoje, sem dúvidas, é muito mais fácil de trabalhar do que no passado", finaliza a artista.
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