Em entrevista à CARAS Brasil, Hugo Bonemer desabafa sobre cancelamento de peça em que viveria Harry Potter e fala de conexão com o personagem
Publicado em 09/04/2025, às 11h30 - Atualizado às 15h38
Hugo Bonèmer (37) foi destaque em Senna como Nelson Piquet (72) e voltou a ser o centro das atenções no mundo artístico após descobrir, de forma inusitada, que viveria Harry Potter no teatro. O ator recebeu o retorno de seu teste para viver o personagem ao ler uma notícia informando sobre o cancelamento da versão brasileira de A Criança Amaldiçoada. Em entrevista à CARAS Brasil, ele analisa a oportunidade perdida: "Aula de como o mercado funciona", declara.
Hugo Bonèmer viveu um momento agridoce: depois de ser escolhido para interpretar Harry Potter em uma montagem brasileira da peça A Criança Amaldiçoada, o artista soube da escalação por meio de uma notícia anunciando o cancelamento do projeto. “Foi duro. Duro porque a audição também é um processo criativo no qual a gente investe emocionalmente, sonhando junto”, revela.
Apesar da decepção, o ator enxerga a experiência como um marco na carreira — e uma lição sobre o funcionamento do mercado artístico. “Pelo olhar pessimista, cancelar é como ser cortado da peça na véspera da estreia, perder aquela grande e única chance. Mas também foi uma aula. De como o mercado funciona, de como as decisões burocráticas se sobrepõem às artísticas, e de como é preciso separar o que é pessoal do que é estrutural.”
Ainda em processo de digestão da notícia, ele escolhe olhar o acontecimento com gratidão e tirar uma boa lição da oportunidade perdida. “Fui indicado e ganhei o prêmio de ser escolhido pelos gringos como o Harry Potter por aqui. É um baita reconhecimento. Agora é colocar o prêmio na estante e… vida que segue.”
Para Bonèmer, a conexão com o personagem da saga que vendeu milhões de cópias e produtos já vinha de longe. “A saga marcou. Eu era do tipo que queria, mas só não ia de capa para o cinema porque era ‘mico’", relembra.
Quando soube da possibilidade de interpretar uma versão mais velha do bruxo, enxergou uma chance de reencontro pessoal. “Fazer um Harry mais maduro, da minha idade, era quase uma forma de encontrar meu eu adolescente e dizer: ‘tá vendo? A gente conseguiu chegar aqui’.”
Outro ponto cativante no papel, segundo o ator, era a possibilidade de mergulhar emocionalmente em novas camadas do personagem: “O que mais me empolgava era explorar esse lado mais quebrado dele, mais humano, mais exausto, tentando uma conexão com um filho e com as questões da minha geração. Porque, nessa história, o Harry cresceu. Que nem a gente".
Mesmo com a peça fora de cena, Bonèmer não perde o fôlego criativo. Três filmes com sua atuação já estão prontos para estrear — e prometem mostrar diferentes facetas do ator. “Um é mais introspectivo, outro mais romântico, e o terceiro… é segredo. Mas todos têm uma coisa em comum: fui fundo. Me entreguei. E espero sempre que dê pra sentir isso na tela.”
O artista também prepara um projeto autoral que mistura linguagens e questiona o próprio tempo. “Algo híbrido, entre palco e audiovisual, que mistura realidade e ficção. E que fala sobre memória, legado, e o que fica quando a cortina fecha”, antecipa.
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