Em entrevista à CARAS Brasil, Hana Kolodny reflete sobre impactos da peça Lotte Zweig - A Mulher Silenciada e proximidade com personagem
Publicado em 04/05/2024, às 11h30
Hana Kolodny volta no tempo para falar de tragédia com a peça Lotte Zweig - A Mulher Silenciada, que está em cartaz Teatro Fashion Mall, no Rio de Janeiro, até 12 de maio. Em entrevista à CARAS Brasil, a atriz entrega impactos da peça e reflete sobre proximidade com sua personagem nos palcos: "Me fez amadurecer".
"Estrelar a peça é um sonho se realizando. Eu amo minha personagem e a sinto como uma irmã. Sempre considerei monólogo o trabalho mais avançado que um ator pode fazer. É trabalho de 'gente grande' e ainda tenho a oportunidade de interpretar cantando, outro sonho realizado", compartilha Hana Kolodny.
"Como a Lotte, sinto necessidade de me esforçar além do esperado, fazer mais do que é pedido, por medo de não ser o suficiente. Ela é profundamente inteligente, sabe muito mais do que transparece, não só acadêmica e culturalmente. Sei que toda mulher vai se identificar com a intuição de Lotte e vai sentir muito além de suas palavras", acrescenta a atriz.
Além das semelhanças com a personagem, Hana Kolodny explica que suas raízes também se conectam com o espetáculo: "O tema da peça é muito próximo e importante para mim. Assim como o casal Zweig, sou judia. Meus avós e bisavós fugiram da perseguição na Polônia e Rússia e imigraram para o Brasil no período entre guerras. Apesar das dificuldades que encontraram no exílio, ensinaram meus pais, e consequentemente a mim, lições fundamentais".
"Como é sobre uma personagem muito próxima, tem unido a comunidade judaica no teatro. É um movimento muito bonito e raro de se ver, tem cumprido com seu papel de causar um impacto social positivo. Pessoalmente, essa peça me fez amadurecer muito como profissional e me desafia a entregar uma interpretação mais refinada a cada sessão", destaca ela.
Ao lado de Carlos Vereza, a atriz encarnou a escritora Lotte Zweig, que foi encontrada morta ao lado do marido, Stefan Zweig, em 1942. "É um espetáculo de alto nível. A Lotte Zweig é uma mulher muito especial que conquista e se conecta com a plateia. Tudo é personagem: o audiovisual, as músicas, as luzes, os móveis. Tudo entra em sintonia e flui".
Com o mistério da tragédia nos palcos, Hana Kolodny conta que a peça despertou um misto de emoções no público: "O que temos observado em todas as sessões foi uma comoção geral. Fico íntima da plateia, que se torna cúmplice. É difundido um sentimento de união. Além de emocionadas, as pessoas ficam amigas e seguem falando sobre o assunto da peça, que é ora leve, ora angustiante, ora misterioso, apaixonante, mas também se revela um soco na boca do estômago".
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"Sinto que a peça surte um efeito muito positivo em quem assiste. Isso nos comove profundamente, porque desejamos deixar com o legado dessa peça a união entre os povos, a fraternidade, a busca pelo conhecimento e, principalmente, a celebração e justiça pelo casal Zweig. Esse é o papel do teatro de qualidade e estamos honrando este espaço", completa a atriz.