Em cartaz com 'Elogio da Loucura' pelo país, Leona Cavalli evidencia paixão pelo teatro ao tratar a loucura como deusa e prepara homenagem a Zé Celso
Temporariamente afastada das telinhas, Leona Cavalli (54) segue pelo Brasil com Elogio da Loucura, monólogo baseado no clássico ensaio crítico homônimo. Idealizado virtualmente em meio à pandemia do coronavírus, a obra, baseada traz reflexões, humor e provocações que perduram por séculos. Em entrevista à CARAS Brasil, a atriz conta como continua buscando o passado para fazer um verdadeiro ritual à loucura nos palcos.
Interrompida durante as gravações de Terra e Paixão, no ano passado, a peça, dirigida por Eduardo Figueiredo retornou aos palcos em curtíssima temporada aqui em São Paulo. Já encerrado, o monólogo, agora, viaja para Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ) e para cidades do interior de São Paulo, como São José do Rio Preto.
No segundo semestre, entretanto, Leona volta a, literalmente, encarnar a loucura em solos paulistanos, local onde a atriz brilha e se faz versátil sobre o tablado desde os anos 90. Apesar de gaúcha, foi na Selva de Pedra que Leona se consagrou no teatro como Ofélia em Ham-let, Cacilda Becker em Cacilda!, Geni em Toda Nudez Será Castigada e Frida em Frida y Diego, por exemplo.
Encenada pela primeira vez no teatro, Elogio da Loucura chegou aos palcos pela paixão de Leona Cavalli ao clássico holandês de Erasmo de Rotterdam (1466-1536), figura com quem a atriz dialoga em cena enquanto brinda a ideia de loucura proposta pelo autor em primeira pessoa na obra original.
Segundo Leona, no espetáculo, a abordagem à loucura é algo inédito. "Normalmente se aborda a loucura na ficção como patologia, sofrimento. Na peça a loucura é uma deusa, que vem clamar seu reconhecimento de divindade e princípio presente em todo ser humano", explica.
Apesar de denso, o monólogo resiste à paixão da atriz pelo teatro e de maneira surpreendente, chega ao público por meio da interação, principalmente na compreensão de que embora atual, o conteúdo foi escrito no século XVI. "É denso, mas tem música, humor e as pessoas se encantam por este paralelo do passado trazendo a contemporaneidade do texto. É importante ele ser trazido porque fala muito do hoje, tem um conteúdo muito forte", ressalta.
"Eu gosto de diversidade". A frase dita, categoricamente, por Leona Cavalli à CARAS Brasil, exprime a essência da artista. No ano passado, antes de viver Glauce na novela de Walcyr Carrasco (72), a atriz atuou em Procuro o homem da minha vida. Marido já tive, uma comédia bastante popular, ao lado de Grace Gianoukas (60), Maurício Machado (46) e Totia Meirelles (65).
Além de Elogio da Loucura, Leona sobe aos palcos no Rio de Janeiro duas vezes por semana para viver 10 divas do teatro em Ser Artista, peça idealizada por seu agente artístico Marcus Montenegro (54). No espetáculo, a atriz interpreta nomes como Nicette Bruno (1933-2020), Tônia Carrero (1922-2018), Eva Wilma (1933-2021) e Rosamaria Murtinho (91).
Fora dos palcos, Leona ainda sente a repercussão de sua atuação em O Rei da TV (2022), produção do streaming disponível no catálogo da Star+, onde a atriz dá vida a Íris Abravanel (75), a esposa de Silvio Santos (93). "É disso que eu gosto", conclui a atriz ao evidenciar sua versatilidade.
E não para por aí. Após terminar a temporada de Ser Artista e Elogio da Loucura, Leona Cavalli se unirá ao elenco do Teatro Oficina para uma homenagem aZé Celso Martinez Correa (1937-2023). Eles apresentarão no Rio de Janeiro Fausto, última peça dirigida por Zé Celso. Na montagem, a atriz será Mefistófeles, icônico aliado de Lúcifer.