A atriz Louise D’Tuani está de volta aos palcos com a reestreia da montagem Alaska, que é um projeto idealizado por ela. Saiba mais
A atriz Louise D’Tuani está de volta aos palcos com a reestreia da peça de teatro Alaska, da dramaturga Cindy Lou Johnson. A ideia de trazer o espetáculo para o Brasil foi da própria atriz há 13 anos, e ela sempre interpretar a protagonista. Agora, ela encena a montagem ao lado de Rodrigo Pandolfo para contar a história sobre solidão, saúde mental e resiliência emocional.
“Estava à procura de algo que me identificasse e tocasse, mas despretensiosamente, sem previsão de data se estreia, ou de começar qualquer processo. Tanto que a peça ficou anos guardada. Mas desde quando eu conheci o texto até tantas outras vezes que peguei pra ler durante esse tempo eu me emocionava com alguns trechos, me tocava profundamente. Até que em 2018 eu resolvi me movimentar na direção de realizar mesmo. De lá até aqui absolutamente tudo mudou algumas vezes… Produção, direção, ator… Não é fácil realizar teatro no Brasil. Ainda mais sendo minha primeira vez como idealizadora, sem conhecer os caminhos, sem saber que passos dar, com quem falar, sem verba. Até que encontrei pessoas que acreditaram no projeto tanto quanto eu. Ainda bem que insisti. Me sinto muito orgulhosa, tanto do caminho quanto do resultado”, disse ela.
E completou: "Trabalho e amo meu trabalho por acreditar no poder de transformação que ele pode provocar, e sinto que com essa peça a gente consegue tocar as pessoas, cada uma num ponto, de uma forma diferente, mas estamos falando de emoções e sensações que de alguma maneira todo mundo já experimentou um pouquinho. Então tem essa identificação. E estamos tendo esse retorno do público também".
Louise também contou sobre qual é o desafio de liderar um projeto teatral no Brasil. "Eu diria que o principal e talvez até mesmo o único foi o dinheiro. No fim das contas tudo esbarrava nele. É difícil juntar uma equipe que acredite no projeto e que possa ficar trabalhando nele sem previsão de verba. Eu encontrei pessoas incríveis no caminho que acreditaram no projeto, mas claro que elas não podem se dar ao luxo de ficar trabalhando sem saber quando vão receber. Aí surgia um outro trabalho pra eles e eles iam. E outros vinham. E iam. Até que o Panda ficou, encarou como se fosse dele também. Virou nosso. E naquela altura eu precisava de alguém que ficasse. Eu saí mandando e-mails atrás de patrocínio, catando os contatos na internet mesmo, devo ter mandado mais de 100. Inscrevi em quase todos os editais do RJ. Mas são muitos requisitos. Alguns que a peça não preenchia. É muita concorrência, pouco incentivo. Mas no fim das contas deu tudo certo, do jeito que tinha que ser. No tempo que tinha que ser. E exatamente com as pessoas que tinham que ser. Eu não mudaria nada", disse ela.
Desde que teve a ideia de montar o espetáculo Alaska, muita coisa mudou na vida da atriz. Inclusive, ela se tornou mãe de Caetano, seu filho com o ator Eduardo Sterblitch. Inclusive, a maternidade influenciou a forma como ela vê o projeto. "Acho que a maternidade influencia a vida de maneira geral, não tem como ficar alheio a esse grande acontecimento. As coisas se misturam, pessoal e profissionalmente. Porque o olhar pras coisas mudam. Os significados mudam. Então pra mim sinto que os valores mudaram completamente, ainda to assimilando e me apropriando dessa nova visão de mundo. E inevitavelmente para Rosannah, porque eu empresto tudo de mim pra ela. Ela sou eu também. Além de tudo tem essa relação de pai e filho que a peça trata. De como a gente existe através do olhar do outro, e de como a gente se perde se não tem alguém pra validar nossa existência, pra olhar pra gente de verdade e conhecer… Nossa, tanta coisa…", afirmou.
Por fim, ela refletiu sobre os seus próximos passos na carreira artística. "Me desafiam aquelas personagens que eu pego e penso: não sei por onde começar. Acho que não sei fazer isso. Normalmente o caminho pra encontrar é mais difícil, é ao mesmo tempo frustrante e prazeroso. Mas são os resultados que mais me dão orgulho. Estou com outro projeto de teatro pro ano que vem, “Felizarda” peça que estou idealizando e estreia no primeiro semestre em São Paulo. Tô bem animada pra começar os ensaios e posso dizer que será bem diferente de Alaska", disse.
A peça está em cartaz no Teatro Poeira, no Rio de Janeiro, até o dia 15 de dezembro, com apresentações de quinta a domingo.