Em entrevista à CARAS Brasil, Daniel Haidar fala sobre polêmica vida de Elvis Presley e revela abordagem escolhida em biografia musical
Publicado em 26/08/2024, às 15h43
Depois de muitos musicais de sucesso na carreira artística, Daniel Haidar acrescenta o papel de Elvis Presley no currículo com Elvis — a musical revolution, que está em cartaz em São Paulo até o dia 1º de dezembro. Em entrevista à CARAS Brasil, o ator conta que precisou encarar um desafio nos palcos ao tirar Elvis do altar: "Não é um santo", declara.
Nos palcos, Daniel divide o personagem com Leandro Lima, e afirma que o trabalho de construção do astro do rock foi em equipe: "A gente construiu um Elvis que serve à mesma dramaturgia, então temos um personagem que é o mesmo. Fomos muito bem conduzidos na busca pelas nossas individualidades, foi um trabalho de muita cumplicidade tanto com o Leandro, quanto com o Pedro, o nosso cover, que também faz o Elvis caso eu e ele não possamos fazer".
Daniel explica que os três ensaiaram e pesquisaram para o papel juntos, além de terem trocado muitas ideias. "Nós temos idades diferentes, corpos diferentes, vozes diferentes e vontades diferentes e tudo foi muito respeitado no processo. Então, são dois lados da mesma moeda, porque a gente se constrói, admira e se retroalimenta da performance um do outro. Tem coisas que incorporei na minha performance, coisas que ele incorporou na dele e coisas que a gente incorporou do Pedro", diz o ator. "Foi muito junto para servir esse mesmo espetáculo, essa mesma obra", completa Daniel.
Ver essa foto no Instagram
O intérprete destaca que estar na pele de Elvis Presley, no começo, não é uma tarefa fácil, já que o artista mundialmente famoso viveu momentos polêmicos ao longo da vida e era uma pessoa complexa. "É uma grande dificuldade até começar, sabe? Porque a gente tem a dimensão do que é o Elvis Presley fora de cena, vivendo, falando, ouvindo e lendo sobre. Mas, na hora que começa o espetáculo, é só embarcar naquela onda que parece que tudo sai de uma esfera mental e entra numa esfera física, e é onde a vida acontece de fato", revela.
Daniel destaca a capacidade do teatro em contar histórias de personagens controversos como Elvis: "Acho que no espetáculo a gente tem, e em espetáculos teatrais sobretudo, a gente tem a oportunidade de se debruçar sobre, no caso do Elvis, o performer e sobre o ser humano", pontua. Para o intérprete, o astro do rock é o que todos somos: um ser humano, e isso está bem representado no musical.
"Acho que o ser humano é um apanhado de seus erros e acertos ao longo da vida. Então, acho que, na verdade, eles me aproximam muito do Elvis, porque todos cometemos muitos erros. O Elvis não foi diferente e tudo é muito maior quando você vive uma vida hiper exposta", reflete o artista.
O intérprete compartilha alguns temas sobre a vida do astro que aparecem no musical: "Ele foi uma das primeiras pessoas que viveu essa hiper exposição de um superstar no mundo e a forma, sobretudo a relação dele com a Priscila, que também está representada no espetáculo e em filmes, traz esse lado que tira o Elvis do altar. Porque ele não é um santo, ele não é um anjo, ele é um ser humano que foi de carne e osso e, hoje, é de música e espírito", fala.
Para o artista, o musical adaptado por Miguel Falabella — quem ele elogia e descreve como um "homem de uma sensibilidade e de uma experiência de palco tremenda" — exibe Elvis por completo. "A gente tem essa oportunidade de mostrar quem foi esse cara. Mostramos o ídolo que a gente ama e admira e a gente mostra também o ser humano e todos os percalços que ele passou e que ele viveu", revela.
Haidar, um fã do cantor que interpreta, consegue acessar memórias musicais e se entrega no palco, mas destaca que é um desafio: "Quando o espetáculo começa a acontecer, é muito difícil de ser realizado, do ponto de vista de performance, mas é uma delícia. Então, é uma dificuldade, mas não é uma dificuldade dolorosa, é uma dificuldade muito prazerosa", completa.