Em entrevista à Revista CARAS, Yasmin Brunet abre o coração sobre a vulnerabilidade que expôs dentro do BBB 24
Segundo as palavras da própria Luiza Brunet (61), sua filha, Yasmin Brunet (35), “nasceu na CARAS”. Nada mais justo, então, que ela saísse da casa mais vigiada do Brasil direto para a nossa capa. Depois do turbilhão que foi a participação da loira no BBB 24, a modelo e empresária ainda tenta entender o impacto de suas falas dentro do reality e busca se enxergar de forma mais carinhosa diante das críticas e elogios do público. “Lá dentro, quem tinha ouvido falar alguma coisa de mim, sempre me dizia que tinha me achado diferente do que pensava. Espero que, aqui fora, tenha sido igual!”, torce Yasmin, durante um franco bate-papo no Hotel Tivoli Mofarrej, em SP.
– Por que entrou no BBB?
– Sempre foi uma vontade minha viver a experiência do Big Brother. Sempre ouvi que era como uma realidade paralela, algo muito diferente, que só entendia quem já passou por isso. Tinha muita vontade de que as pessoas me vissem exatamente como sou. Meu melhor lado, meu pior lado, meus defeitos, minhas qualidades. Ser mais humana mesmo.
– Se arrepende de algo?
– Me arrependo de não ter me jogado mais. De ficar pensando muito em como certas coisas repercutiriam aqui fora. Me arrependo também dos meus excessos nas brigas, com certeza. A quantidade de palavrões e os exageros nas discussões. Acho que não precisava ter ido tão fundo, me excedi e não tenho orgulho de nada disso. Muitas pessoas não entenderiam, mas eu voltaria sim para o reality. Eu sinto muita saudade. Como eu quero ver essa experiência toda com mais carinho, nem vou me permitir encarar minha saída como uma rejeição.
– Pretende manter contato com amigos que fez lá dentro?
– Tem amizades ali, laços que eu criei, que quero levar para a vida toda. Falo muito com a Leidy pelo WhatsApp. Já revi a Raquele, o Michel. A Wanessa Camargo eu consegui ver uns dias atrás, mas foi algo muito rápido. Adoro a Pitel, a Fernanda, a Giovanna...
– Alguns brothers foram detonados aqui fora por comentários que fizeram sobre seu corpo na casa. Pretende falar com eles?
– Só assisti a essa cena no dia que fui eliminada e não consegui assistir de novo porque é muito desconfortável. Mas eu pretendo conversar com todo mundo que eu possa ter magoado e que me magoou. Eu não vou assistir mais nada. O que aconteceu na casa ficou na casa. Vejo aquilo como um jogo. É muito diferente estar lá, mas não tira o peso do que aconteceu. As pessoas devem entender que estamos em 2024. Não vamos ficar comentando sobre o corpo dos outros, muito menos dessa formatão machista e pesada. Mas quero falar, me entender. Todos estão ali para acertar e errar. A questão é entender a gravidade do erro e fazer uma mudança na vida.
– Suas inseguranças, mesmo sendo vista como uma mulher dentro do padrão, repercutiram aqui fora. O que achou disso?
– Padrão de corpo é uma coisa extremamente patética. Cada ser humano é único e existe beleza em todos os corpos. Só por estar dentro de um padrão imposto não quer dizer que você se sente bem com isso. Existe muita distorção de imagem. Eu sempre tive questões com meu corpo, desde os 12 anos de idade. Me lembro de manter um diário que escrevia tudo que eu comia, quantas calorias. Nunca podia passar de 400 por dia. Me pesava o dia inteiro, fazia as dietas mais loucas possíveis. Sempre foi uma questão difícil de vencer. Primeiro porque um distúrbio alimentar nunca vem sozinho. Vem acompanhado de depressão, ansiedade, pânico. É uma luta pra vida toda. Quero ajudar as pessoas que também tenham distúrbios a se verem de uma forma mais amorosa, carinhosa, mas eu preciso aprender a fazer isso comigo primeiro. Acho que falar sobre isso é de extrema importância porque o nosso corpo é nossa casa. Se a gente não amar nosso corpo, a vida vira um inferno.
– O BBB foi um gatilho para a recaída nesses distúrbios?
– Minha psicóloga me disse, antes do programa, que se preocupava com a minha saúde mental e essa compulsão alimentar. Eu entrei sabendo que isso ia acontecer, mas queria me colocar da forma mais vulnerável para todo mundo. Não tinha como fugir daquilo lá dentro. Eram picos de ansiedade e minha válvula de escape era a comida. Sei que muitas pessoas fazem isso no dia a dia. Comem e não se sentem saciadas, parece que tem um vazio. Fiquei preocupada como seria aqui fora, mas fico feliz com tanto entendimento.
– Como sua relação com a autoestima avançou com o tempo?
– Como modelo, fui morar em Nova York muito nova. Aprendi cedo que meu valor estava na minha aparência e que eu precisava me comparar com outras mulheres constantemente. Ou estava muito magra ou muito gorda. E nós estávamos sempre competindo umas com as outras pelo trabalho. Criei meu senso de amor-próprio dependendo do que os outros pensavam de mim. Eu nunca aprendi a me amar baseada no que eu penso. E isso é o que estou aprendendo agora e ainda não faz sentido! Para mim, sempre foi normal os outros me julgarem. Minhas inseguranças eram pautadas nisso. Agora, beirando os 36, consigo me ver de outra forma e entender que, independentemente do que os outros pensam, importa o que eu penso de mim. É uma experiência muito nova. Sei que as pessoas, com as mídias sociais especialmente, passam por isso também. A gente depende da validação dos outros. É um padrão muito sério na minha vida que estou tentando quebrar, mesmo inserida nesse mundo que é difícil. Quero pelo menos me ver de uma forma mais carinhosa.
– Você está solteira, mas falou dentro da casa de um relacionamento abusivo que já viveu. Como foi expor essa dor?
– Essa experiência foi muito difícil, muito dolorosa, me jogou no fundo do poço, alimentou muitas inseguranças sobre o meu corpo e sobre mim como pessoa. Relações tóxicas assim te destroem por completo. Só consegui sair porque caí numa depressão absurda e me fizeram enxergar que a culpada não era eu. Ele me traía e me fazia sentir culpada pela traição. Eu pensava: “Ele precisou me trair para se sentir mais homem. Que merda de mulher que eu sou!”. Se aconteceu comigo, sempre acho que algum motivo tem e posso transformar algo muito ruim em positivo para alguém. Agora que sei que isso repercutiu aqui fora, me sinto mais livre para falar.
– Quais os planos pós-BBB?
– Eu tenho minha marca de beleza e, agora, vou para outro ramo, só que dentro de mim mesma, como minha marca. Só posso dizer isso! Tenho outros lançamentos vindo por aí, produtos maravilhosos, desse lado do empreendedorismo. Ainda não sei de nada sobre os rumores de algo para a televisão, mas eu ficaria muito feliz com um possível convite. Eu aceitaria em um segundo!
FOTOS: FRED OTHERO; LOOK DA CAPA: VESTIDO PARS COLLECT, JAQUETA D-GAIA; STYLING: ERICK MAIA, VESTIDO BRANCO: JU MARKAN BRAND, COLAR E ANEL: MARIA DOLORES, PULSEIRA: CAROLINA CURY; VESTIDO MARROM: CAROL ROSSATO, BRINCOS E COLARES: SARA JOIAS, ANEL: MARIA DOLORES, SALTO: SANTA LOLLA; PRODUÇÃO E ASSISTÊNCIA DE MODA: LU MACHADO E IZABELLA CAMARA, TOP: HOPE, BRINCOS: NADIA HIMENES, CINTO: VIRGINIA CAVALHEIRO; SOBRETUDO: CHARTH, ÓCULOS: OFF WHITE, SALTO: LOUBOUTIN