Em entrevista à Revista CARAS, Thiago Oliveira recorda sua origem humilde e destaca a importância da família que constrói com Bruna Matuti
Quando tinha 12 anos, Thiago Oliveira (40) escreveu seus sonhos em um caderno. Na capa, uma televisão com ele dentro simbolizava seu grande desejo: estar em frente às câmeras. O tempo passou e o menino de origem humilde, pouco a pouco, foi materializando cada uma das palavras escritas em seu caderno.
"Sou um cara que sonha alto e sempre imaginei chegar aonde estou. Quando você nasce em uma família humilde é educado a acreditar que falar de suas conquistas é prepotência ou arrogância e não aprende a celebrar essas conquistas. Dentro dos meus objetivos, dos meus valores e da minha essência, eu mereço sempre mais diante daquilo que eu me proponho na vida profissional e pessoal, que é entregar a excelência", fala Thiago Oliveira, apresentador do É de Casa (Globo), cujo caderno está guardado na casa de sua mãe, mas ele já não precisa revisitar as páginas. "Está tudo na cabeça!", avisa.
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Na lista dos sonhos, a família tem sido prioridade. Ao lado da eleita, Bruna Matuti (39), e da filha, a esperta Ella (1), Thiago se reinventa. "Minha filha me ensinou a equilibrar o profissional e o pessoal.
Antes, chegava do Rio e ia descansar, mas hoje não. Prefiro ficar cansado, não dormir, mas estar com
minha filha, curtir a família", frisa ele, que abriu as portas de ser lar paulistano —outro sonho realizado— para falar de carreira, representatividade e, claro, família!
Você disse que sonha alto. Chegar até aqui não foi surpesa!
Thiago: Eu sei de onde vim, aonde quero chegar e por que quero chegar! Quando você é focado, não pode ter vergonha de dizer que imaginava chegar aonde queria e se você é humilde na essência, precisa, sim, comemorar suas conquistas. E eu aprendi isso recentemente, porque eu não comemorava. Vim de uma família humilde, da periferia e, quando conquistava algo, ficava até com medo de celebrar.
Nessa trajetória, sair do esporte e migrar para o entretenimento já era previsto então?
Thiago: Sim! Sempre soube que eu viveria um período no esporte. Foram 12 anos, mas dentro de mim o lado do entretenimento gritava. Eu sabia que essa oportunidade iria chegar e eu abracei.
Eu acredito que o próximo passo já está traçado também!
Thiago: É continuar fazendo o que eu amo, me comunicar com o Brasil, com a família brasileira. Esse é um dos maiores desafios, porque o País é diverso e a gente não conhece tudo. O desafio é tentar conhecer cada vez mais o Brasil e estar mais presente na casa das pessoas.
E chegar até aqui foi difícil?
Thiago: Os obstáculos existem até hoje. Você pode ter dinheiro ou não, ter família ou não, mas o racismo vai te atravessar diariamente. Não importa se você é comunicador ou estagiário, ele vai te atrapalhar de alguma forma, mas temos comunicação e conhecimento para esse atropelamento não nos derrubar. A gente não é preto só um mês, é preto desde que nasceu, por isso, minha fala é importante de janeiro a janeiro.
Sente certa responsabilidade em ser exemplo e inspiração?
Thiago: Essa é minha missão desde que eu falei que queria ser apresentador. Quando escolhi isso para a minha vida, olhava em meu entorno de 360 graus e não tinha ninguém como referência. Querendo ou não, você desbrava o caminho sozinho. Independente da dificuldade, estou aqui para fazer acontecer, tenho nome e sobrenome e ele estará em todos os lugares que eu passar. É uma missão como ser humano e, agora como pai, isso se tornou ainda maior. Tenho orgulho dessa responsabilidade como comunicador preto, falando, aprendendo e abrindo portas.
Esse tema permeia a educação da Ella?
Thiago: Pensamos no futuro dela, mas os valores são naturais, vêm de berço. Desde sempre falo sobre a importância de a minha filha ter um pai preto e uma mãe branca. Claro que ela é uma criança, ainda não entende, mas o coração dela já sabe. Creio muito nisso.
Bruna: A gente se preocupa em criar uma mulher que seja forte, corajosa e que consiga enfrentar problemas que possam surgir por ela ser filha de um casal inter-racial. Que ela consiga lidar com isso com força e conhecimento e que esteja preparada. O pai será um exemplo para ela de quebra de barreiras e de perseverança.
E é exemplo para outras pessoas, já que você apresentou o Festival Negritudes e, agora, vai comandar o Prêmio Potências!
Thiago: Quando você fala sobre narrativas pretas, engloba toda a sociedade. Nos últimos tempos, a diversidade está cada vez mais presente e a gente olha para trás com muita reflexão, mas acima de tudo discute o presente e o futuro. Apresentar o Prêmio Potências é outra honra! O frio na barriga é diferente quando subo ao palco para falar o que eu sou, diante de pessoas gigantes e que admiro.
A chegada de Ella mudou muito a rotina de vocês?
Bruna: Tudo mudou! É como um furacão. Hoje, já acostumamos e não vejo mais minha vida sem ela. A gente deixa de ser só um casal e vira pai e mãe. No começo, a gente se esquece da gente. Eu me esqueci que eu era a Bruna esposa, mulher e, hoje, estou me reencontrando. A vida gira muito em torno dela, mas é uma delícia.
E como Thiago te ajuda nesse reencontro?
Bruna: Desde sempre ele disse para eu ter o meu tempo, buscar minhas coisas. É um período difícil, a gente fica muito sentimental e sensível.
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Sentem que ficaram mais conectados?
Thiago: Eu acho que a gente se desconecta, porque não estamos preparados. O que define é a tentativa de um compreender o outro. Tem que exercer a paciência e se entender consigo mesmo para não cobrar o outro. Eu cobrava a Bruna, onde estava minha esposa? O pai não nasce pai, ele se torna pai depois de um tempo, porque entende não só a função dele em casa, mas o apoio que pode dar para a esposa. Se desconecta como casal, mas se conecta como família, algo maior que nos conduz na mesma direção.
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