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Se o papel de dona de casa lhe traz insatisfação a única saída é mudar

Maria Vilela Nakasu Publicado em 29/04/2014, às 20h23 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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“Casei muito cedo, tive filhos e sempre cuidei de tudo. Meu esposo trabalha fora, põe dinheiro em casa, eu ponho toda a minha energia em casa. Até parece que está escrito na minha testa: desocupada. Ninguém reconhece meu trabalho, ninguém colabora com nada. Levo a vida que gostaria de levar? Estou casada por dependência financeira? Tenho prazer nas relações sexuais? Tudo é mecânico? Obrigação? O que estou fazendo com a minha vida?” Tais perguntas atormentam muitas mulheres infelizes. Há reclamações e brigas.

Elas questionam seus maridos, filhos, em um pedido desesperado de ajuda; sentem-se sobrecarregadas de serviço. Os esposos estranham sua atitude. Pensam: “Eu, como homem da casa, garanto o sustento; ela, como mulher, deve cuidar do resto”. Essas mulheres não tiveram condições de concluir seus estudos ou arrumar um trabalho que faça sentido. Vestem uma fantasia social que servia no passado, mas que agora aperta, incomoda. Não encontram mais sentido no tripé marido-filhos-casa. Como reclamam, se tornam as chatas da casa e não são levadas a sério. As reclamações viram uma espécie de mantra, música de fundo da vida doméstica.

Então, ela segue uma dessas três direções: ou deprime; ou somatiza; ou larga mão. Deprimida, chora à toa, não tem vontade de levantar, se fecha em um casulo. Ao somatizar, o ódio no seu corpo faz elevar sua pressão, produz dores nas costas, labirintites, rinites alérgicas etc. Se larga mão, reina a indiferença. Para de reclamar, mas para igualmente de fazer, de cuidar. Começa a deixar aparecer o pó na casa, a gordura na cozinha. Sai sem dar satisfação, deixa a louça na pia e fala para o marido e filhos que podem se virar sozinhos. Sai de casa com mais frequência, vai à igreja, encontrar amigas, ver a mãe, comprar algo e assim por diante.

Seja qual for sua opção para lidar com a insatisfação, ela geralmente atinge um ponto crítico no qual a depressão aumenta de intensidade, as dores de magnitude e a indiferença passa a afastá-la do resto de sua família. Sente-se só e não consegue sair desta “rede invisível” que a aprisiona. Essa “rede” se relaciona aos papéis sociais: o que é dever do homem, o que é dever da mulher. Algo que, faz muito tempo, não é mais tão definido. Ambos se questionam com perguntas diferentes e não sabem até que ponto o outro irá acompanhar. A crise no casamento se instala. O casal já não sabe mais o que é comodidade, o que é amor vivo, o que é projeto comum.

Toda crise revela algo, é um termômetro do presente. Não se deve tentar tapar o sol com a peneira. É preciso olhar para aquilo que não anda bem. É chegada a hora de mudar. Difícil? Muito. A dinâmica no lar pode sofrer abalos e depois se reacomodar de forma mais satisfatória para o casal; esta dinâmica pode igualmente implodir e, então, é hora de rever seu funcionamento e lidar com os pedaços que sobraram da implosão. Pode ainda continuar tudo igual. Nesse caso, é preciso muita atenção para que o corpo, os sentimentos, o coração não se tornem depositários das tristezas e frustrações. Se espírito, alma e corpo padecem na falta de diálogo, conversa e reflexão dentro de casa, é realmente hora de tomar uma atitude.