Na primeira viagem internacional, Papa Francisco estreitou o elo com os jovens no Brasil com visita ao Rio de Janeiro e ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida
Confira a reportagem publicada pela Revista CARAS em fevereiro de 2024, na edição especial sobre o Papa Francisco:
País com o maior número de católicos no mundo, o Brasil foi o destino eleito pelo papa Francisco para sua primeira viagem internacional após assumir o trono de São Pedro. Na ocasião, em 2013, ele conduziu a 28ª Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, que reuniu cerca de 600 mil jovens peregrinos de todo o mundo e quase 3 milhões de fiéis. “Deus quis que minha primeira viagem fosse ao Brasil”, disse ele, ainda no voo. Ao longo de sete dias, o pontífice rezou missas, fez discursos, dialogou com jovens e esbanjou bom humor. “Vocês não se conformam com nada. Vocês já têm um Deus brasileiro, queriam um papa brasileiro também?”, brincou ele, diante de grupo de jornalistas.
Na chegada, o pontífice circulou pelas ruas do Rio de Janeiro a bordo do papamóvel e, na sequência, foi recepcionado por autoridades, entre elas, a então presidente Dilma Rousseff, no Palácio Guanabara. “Eu aprendi que para ter acesso ao povo brasileiro é preciso ingressar pelo portal do seu imenso coração. Permitam-me que eu possa bater nessa porta, peço licença para entrar e transcorrer essa semana com vocês”, frisou Francisco. “Sabemos que temos diante de nós um líder religioso sensível aos anseios do nosso povo por justiça social”, disse Dilma, que presenteou o papa com uma escultura de bronze feita pelo artista João Turin (1878–1949).
De lá, Francisco seguiu para o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, no interior de São Paulo. Ao chegar à cidade, outro breve trajeto a bordo do papamóvel, com direito à escolta de multidão de fiéis. Na Basílica, ele celebrou a primeira missa aberta no País. “Tenham sempre no coração esta certeza: Deus caminha ao seu lado, nunca os deixa desamparados! Nunca percamos a esperança! Nunca deixemos que ela se apague no nosso coração!”, falou o santo padre, ao fim da celebração.
De volta ao Rio, Francisco visitou um hospital, onde inaugurou o centro de reabilitação de dependentes químicos do local, recebeu a chave da Cidade Maravilhosa — confeccionada em prata — das mãos do ainda prefeito Eduardo Paes (54) e visitou a comunidade de Varginha, no Complexo de Manguinhos. “Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo! Nesta hora, os braços do papa se alargam para abraçar a inteira nação brasileira, na sua complexa riqueza humana, cultural e religiosa. Desde a Amazônia até os pampas, dos sertões até o Pantanal, dos vilarejos até as
metrópoles, ninguém se sinta excluído do afeto do papa”, proferiu o pontífice, mostrando humildade e
profundo respeito pelo Brasil.
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O ponto alto, porém, foi o encontro do líder católico com jovens peregrinos de todo o mundo, na Jornada Mundial da Juventude, no Rio. Após uma verdadeira maratona, a programação da jornada teve seu ápice na Praia de Copacabana, onde Francisco conduziu a Missa de Envio. O dia nublado e chuvoso não impediu que cerca de 3 milhões de fiéis se reunissem nas areias da praia para receber a bênção — e elogios — do santo padre. “Sempre ouvi dizer que os cariocas não gostam do frio e da chuva. Vocês estão mostrando que a fé de vocês é mais forte que o frio e que a chuva. Parabéns, vocês são verdadeiros guerreiros”, destacou ele, sem economizar nos elogios. “Quero dizer aqui que os cariocas sabem receber bem, sabem dar uma grande acolhida”, completou.
Aos jovens, o discurso do sumo pontífice foi especial. “O coração de vocês, coração jovem, quer construir um mundo melhor. Acompanho as notícias do mundo e vejo que muitos jovens, em tantas partes do mundo, saíram pelas estradas para expressar o desejo de uma civilização mais justa e fraterna. Os jovens nas estradas; são jovens que querem ser protagonistas da mudança. Por favor, não deixem para outros o ser protagonistas da mudança! Vocês são aqueles que têm o futuro!”, falou ele, mostrando-se aberto ao diálogo com as novas gerações e reafirmando a vitalidade da Igreja Católica. “Eu parto com a alma cheia de recordações felizes!”, resumiu o papa, antes de voltar para o Vaticano.
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