Mel Fronckowiak realiza o sonho de viajar pelo Brasil, reflete sobre a saudade da família quando está gravando e conta sobre os 10 anos de casamento com Rodrigo Santoro
Conhecida pelo público por seus trabalhos como atriz, Mel Fronckowiak (34), hoje, também exerce outra função. Despida de personagens, a gaúcha apresenta o Mel na Estrada, programa de viagens no YouTube no qual desbrava o País. Rodar o mundo, aliás, é um desejo que a artista nutre desde a adolescência e que, agora, realiza a trabalho. Para viver esse sonho, às vezes, ela precisa ficar longe do marido, o ator Rodrigo Santoro (46), e da filha, Nina (5). “Eu vou, mas o coração sempre fica um pouco. A gente aprende a se dividir”, diz. Discreta, afirma levar uma vida normal e evita mostrar a herdeira. “Achamos que faz sentido escolher a forma como vai lidar com a exposição lá na frente”, explica.
– Como tem sido desbravar o Brasil nessas viagens?
– Tem sido uma experiência maravilhosa. O Brasil é um País com muito para se conhecer, a explorar, até para quem já conhece. E, para além das experiências diversificadas que podemos ter fazendo turismo no País, ainda temos pessoas e histórias que a gente encontra no caminho e que enriquecem essa jornada.
– Sempre foi mochileira?
– Rodar o mundo sempre esteve nos meus desejos mais profundos. Quando tinha uns 12,13 anos, eu comecei a juntar dinheiro para comprar um trailer, que para mim simbolizava a independência de morar sozinha e a possibilidade de ter uma casa “móvel” e fazer da estrada um estilo de vida. Acabei mais ou menos assim, já que o Mel na Estrada também simboliza essa independência em termos de concretização de projeto.
– É só trabalho ou você consegue se divertir também?
– É um pouco de tudo, mas costumo dizer que são chips diferentes. Quando se está trabalhando, sua cabeça pensa em mil coisas ao mesmo tempo, não somente em aproveitar o momento. Fora o fato de fazermos roteiros, que geralmente as pessoas exploram em uma semana, em dois dias. Então, é tudo corrido. Mas sempre tem aquele final de gravação em que estamos voltando para o hotel, às vezes no meio da Amazônia ou em uma praia do Nordeste, e podemos assistir a um pôr do sol único ou admirar um céu cheio de estrelas. Mesmo que eu esteja trabalhando, tem momentos de muito prazer, em que eu me sinto grata por poder fazer o que eu faço.
– Algum perrengue?
– Quando precisei viajar com o tendão do pé rompido. Nas entrevistas, eu escondia um saco de gelo no tornozelo e fizemos a maior parte das caminhadas dessa etapa em slow, para não imprimir na tela que eu estava mancando.
– Você se encontrou como apresentadora?
– Acho que me reencontrei. Na faculdade de Jornalismo sempre me senti muito à vontade nas cadeiras de telejornalismo. Eu me sinto uma pessoa que gosta de se comunicar, que precisa fazer isso. Adoro ouvir histórias, percorrer caminhos e oferecer ao público minha perspectiva e vivência. Tenho prazer fazendo isso.
– Pensa em voltar a atuar?
– Sinto saudade da energia do set, dessa mistura de sentimentos que existe quando nos emprestamos para viver outra pessoa, a construção desse novo mundo que passa a existir paralelamente. Hoje, não tenho planos nesse sentido.
– Como fica a saudade da filha e do marido nessas viagens?
– Fica bem grande. Tem vezes que é mais difícil, principalmente nas viagens mais longas. E vou, mas o coração sempre fica um pouco, acho que isso faz parte de ser mãe, de ter uma família. A gente aprende a se dividir, pois é necessário dar espaço para as “outras nós” que também somos para além da maternidade.
– A maternidade te transformou de alguma forma?
– A maternidade nos reconstrói. Entendemos muita coisa depois de passarmos pela experiência de colocar no mundo alguém que depende da gente, que nos faz questionar nosso conceito de amor, de tempo. A maternidade me fez olhar para várias coisas que eu vivi sendo filha. Acho que só encarando aquilo que vivemos na infância de bom e de ruim a gente consegue se distanciar para criar outra pessoa que não tem nada a ver com isso, mas que estará misturada com todas essas questões. É uma oportunidade e tanto de olhar para a gente mesmo e se melhorar. Mas, muitas vezes, é também dolorido.
– Você e o Rodrigo são muito discretos. Conseguem levar uma vida normal?
– Acho que nossa vida é tão normal que não tem tanta coisa assim para expor. Ou pelo menos gostamos de ver assim. A gente cuida para separar as coisas, para tentar encontrar um lugar onde isso, de sermos pessoas públicas, não faça diferença. Porque não existe nada mais normal que as nossas humanidades. Mas a gente leva uma vida bem cotidiana, talvez só façamos escolhas que nos ajudem a manter essa normalidade. Como os lugares que frequentamos ou o dia da semana e horário que saímos para jantar, por exemplo.
– Vocês não expõem a Nina. É uma preocupação? E entendem a curiosidade das pessoas?
– Entendemos e respeitamos. Acho normal as pessoas quererem saber quem é a Nina. A questão é que nós também estamos descobrindo, assim como ela mesma. E achamos que faz sentido que ela possa escolher a forma como vai lidar com essa exposição lá na frente. Mas é uma decisão difícil, assim como todas as outras que fazemos pelos filhos. Não tem receita e superentendo quem pensa de outra forma.
– São dez anos juntos. Qual é o segredo?
– A gente foi vivendo um dia de cada vez, um ano de cada vez. E, de repente, se passaram dez anos. Eu adoro fazer essa pergunta para as pessoas que têm um relacionamento duradouro e que eu julgo saudável, mas a verdade é que não tem, né? Cada um vai encontrando a sua fórmula. Com certeza, a admiração mútua e a forma como sempre nos apoiamos, e fazemos nossa parte para que nossa vida siga andando junta, são alguns dos nossos ingredientes.
Fotos: Acervo pessoal / Divulgação / Beatriz Damy/Agnews