Em cartaz com Anastasia, a atriz Giovanna Rangel celebra protagonismo e detalha caminhada no teatro: 'É uma responsabilidade muito grande estar no lugar de protagonista'
A ficha demorou para cair, mas, agora, felicidade é o que rege os dias de Giovanna Rangel (25). Considerada uma das grandes atrizes da nova geração do teatro musical brasileiro, ela começou a atuar ainda na infância, aos 6 anos, reunindo em sua trajetória passagens por espetáculos como O Despertar da Primavera e Gypsy. Hoje, ainda mais experiente, tem a chance de viver sua primeira protagonista nos palcos no musical Anastasia, uma história inspirada na animação de mesmo nome da Disney, de 1997.
“É uma responsabilidade muito grande estar no lugar de protagonista, dando vida a uma personagem que fez parte da infância de muita gente. Meu maior desafio foi entender que, realmente, era meu esse papel e tudo bem se eu tivesse dificuldades. Meu receio era não ser tão boa, de não corresponder às expectativas do público”, analisa a estrela, em cartaz no Teatro Renault, em São Paulo, desde novembro.
No palco, Giovanna não somente atua, mas também canta. “Descobri que era afinada, mas precisei evoluir, então, eu sempre fiz aulas de canto. Consigo chegar a qualquer tom, mas foi preciso estudar... Então, me sinto como uma atriz que canta”, define.
– Como surgiu a oportunidade para interpretar Anya no espetáculo musical Anastasia?
– Quando soube que o musical viria para o Brasil, já vi que era o meu perfil e decidi ir atrás de forma despretensiosa. Me candidatei para dois papéis. Fui chamada para o teste da Anya e embarquei para
São Paulo para fazê-lo. No começo, não me desesperei, porque meu foco era cumprir as etapas, ir de degrau em degrau. Eu nunca tinha passado na primeira fase de um musical tão grande...
– E quando soube que tinha conseguido o papel?
– Foi uma emoção muito grande, eu não esperava nem chegar à fase final! O engraçado é que, de início, não me falaram quem eu interpretaria, eu só sabia que tinha passado. Ainda assim, já estava radiante, era uma vitória. Co mecei a ler sobre a história, me informar sobre a princesa na qual foi inspirada, até que me deram a notícia. Foi incrível!
– A história contada pela Disney foi lançada no mesmo ano que você nasceu! Fez parte de sua infância?
– Acredita que não? Poderia, sim, ter visto antes, mas foi algo que acabou passando batido.
– Por conta do musical, você saiu do Rio de Janeiro para morar em São Paulo. Como tem sido esse processo?
– Acho que me trouxe a responsabilidade que ainda estava faltando. Tenho 25 anos e, perante a sociedade, sou considerada uma adulta, embora eu ainda não me veja assim. Sempre morei com minha mãe e essa é a primeira vez que me vejo sozinha em um apartamento. Coisas que eu não dava muita atenção, como limpeza, louça na pia, hoje, já são grandes tarefas! É uma nova fase que apareceu rápido. Tive que crescer e lidar com problemas de gente grande.
– Isso lhe trouxe receios?
– Pessoalmente, não. Mas, no trabalho, fiquei com medo de mudar minha essência. Não por me achar fraca ou influenciável, mas por já ter visto pessoas que ganharam grandes papéis e a fama subiu à cabeça... O teatro é muito forte.
– Lembra-se da sensação da estreia, quando se viu pela primeira vez caracterizada?
– Lembro da primeira vez que subi ao palco para marcar luz. Estava em uma batida muito grande de ensaios e a ficha ainda não tinha caído. Naquele momento, quando estava sozinha no meu papel, com uma plateia imensa e vazia, a ficha caiu. Eu era a protagonista e isso era grande.
– De que forma sua trajetória no teatro a ajudou?
– Por ter começado ainda muito nova, tenho bastante bagagem. Acredito, temos que estudar muito e evoluir, mas a prática é a melhor escola. Começar nova e já ter visto esse meio musical me trouxe entendimento de várias coisas.
– A carreira artística costuma ser instável. Em algum momento pensou em desistir?
– Nunca. Claro, a gente vai vendo as incertezas do meio, a instabilidade da carreira, o que é bastante assustador, mas, desistir nunca passou pela minha cabeça. Atuar é o que amo e eu quero continuar
vivendo disso.
– Passada a ansiedade da estreia, se sente mais confiante para abraçar novos desafios?
– Entendi que tudo acontece por um motivo e se fui escolhida para o papel é porque sou capaz.
Durante um tempo cheguei a pensar: “Eu nunca fui protagonista de um musical grande, por que me
escolheram agora?”, mas acho que estou cumprindo tudo muito bem. A reação do público tem sido maravilhosa e, lógico, dá orgulho ter chegado até aqui.
– Como lida com as críticas dentro e fora dos palcos?
– Acho que elas são importantes para nós, atores. É nosso corpo que está ali, nossa cara dada a tapa. Por enquanto, todos elogiam e estão felizes com o meu trabalho, mas nem sempre todo mundo vai
gostar. É saber dosar o que é bom e o que é ruim. A cabeça precisa estar boa para levar isso.
– Além dos palcos, você já chegou a fazer novelas. Tem vontade de voltar a trabalhar na televisão?
– Tenho, muita! É o meio que dá mais exposição e impulsiona o artista, muita gente te vê. Como sempre fiz teatro, percebo essa diferença. Poder atuar em Malhação - Vidas Brasileiras foi uma escola.
– Quais os seus sonhos e planos para o futuro?
– Este ano já realizei um sonho. Para o futuro, quero muito trabalhar fora. Até mesmo na Broadway, quem sabe? Não custa sonhar...
FOTOS: CAIO GALLUCCI