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Etimologia

Deonísio da Silva Publicado em 12/11/2013, às 21h38 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Desordem: de ordem, do Latim ordine, declinação de ordo, antecedido do prefixo des, indicando negação. É frequente que ordem seja apresentada como positiva e desordem como negativa, mas Cleofas Uchôa (66), engenheiro naval carioca e mestre em Ciências pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), de Cambridge, Estados Unidos, credita à desordem um papel positivo na evolução, como se lê em seu livro Um Olhar para o universo: Somos Nada no Cosmo?: “Sem todas essas desordens, intercaladas por períodos de ordem, nós, seres humanos, não existiríamos. Portanto, éinocência absoluta imaginar que somos o epílogo perfeito da criação, o fim de linha desta extraordinária sucessão de eventos que nos fez surgir”.

Excipiente: do Latim excipiente, declinação de excipiens, do verbo excipere, pôr ao lado, pôr à parte, reservar. Esta palavra está onipresente nas bulas e frascos de remédios, designando substância neutra, que não integra a fórmula, servindo apenas para facilitar a ingestão do medicamento. No Português, excipiente é substantivo de dois gêneros. Na linguagem militar da antiga Roma, soldados excipentes eram aqueles que, vindos da reserva, continuavam o combate. Na linguagem jurídica, a parte excipiente é aquela que alega exceção nas coisas julgadas ou em processo.

Idiopático: do Grego ídios, de si mesmo, e pathos, sofrimento. Este adjetivo, qualificando enfermidades de causas obscuras ou desconhecidas, tem aparecido muito na Nosologia, ramo da Medicina que classifica as doenças, mas o escritor norte-americano Isaac Asimov (1920-1992) definiu idiopático como “termo pretensioso, para ocultar a ignorância”. Está nessa categoria o mal de Parkinson, doença degenerativa do sistema nervoso central, que tem este nome em homenagem ao cirurgião inglês James Parkinson (1755-1824), segundo proposta do médico francês Jean-Martin Charcot (1825-1893), ao reconhecer que foram pioneiros os seis casos estudados por ele.

Ordem: do Latim ordine, declinação de ordo, um conceito muito caro a religiosos e militares desde a Antiguidade. A ordem sempre se fez necessária em casa, na caça, na coleta, na agricultura, na indústria, na vida religiosa, militar, civil. É frequente que ordem seja apresentada como positiva e desordem como negativa. Pôr a casa em ordem, em livrarias e bibliotecas, pôr os livros em ordem. As autoridades devem manter a ordem. Na vida cotidiana, ordem de serviço, ordem de pagamento, ordem de compra, ordem de crédito, ordem do dia, ordem de grandeza, executar as coisas como estão, até nova ordem, receber ordem etc. Temos a Ordem dos Advogados do Brasil, e muitas condecorações são designadas por ordem, como Ordem de Malta e Ordem do Santo Sepulcro.

Pagador: de pagar, do Latim vulgar pacare, designando aquele que efetua o pagamento ou é essencial a que ocorra. O étimo remoto é  pag ou pak, de uma raiz indo-europeia, esta ligada também a pak-sla, pá para cavar a terra, e pak-slos, estaca, do mesmo étimo do Latim pax, paz, marco para fixar limites e assim evitar conflitos. Pagar, pagão e propagar estiveram ligados na origem a esses significados. O paganus, pagão, sinônimo de aldeão, de quem vivia no campo, na rusticitas, opunha-se ao habitante da urbs, cidade, educado e capaz de tratar a todos com urbanitas,  urbanidade.

Tupi-guarani: do Tupi tu-u’pi, pai supremo, do mesmo étimo de tupã, pai altíssimo, e tu-’pana, trovão; e do Guarani guarani, guerreiro. Designa família de línguas faladas por indíos de quase todo o Brasil e também na Argentina, na Bolívia e no Paraguai. Pesquisadores estimam que existam 6500 línguas no planeta. Uma das mais desconcertantes é a Pirarrã, descoberta em 1995 pelo missionário e linguista norte-americano Daniel Everett (62). Segundo a Funai, a população dos pirarrãs é composta por 450 pessoas. Eles vivem nas matas do município de Humaitá (AM), distribuídos em oito aldeias às margens do rio Maici. Eles só acreditam no que veem, ouvem e comprovam. Perderam o interesse por Jesus (século I) quando Everett admitiu que nunca o tinha visto. “Eles me modificaram profundamente. Eu era missionário e hoje sou ateu”, declarou.