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Novelas / ENTREVISTA

Atriz de Dona de Mim, Haonê Thinar reforça representatividade na trama: 'Inspirar muitas pessoas'

Em entrevista à CARAS Brasil, Haonê Thinar detalha sua personagem em Dona de Mim e ressalta importância da visibilidade para pessoas com deficiência

Mariana Arrudas
por Mariana Arrudas
marrudas_colab@caras.com.br

Publicado em 05/04/2025, às 08h00

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A atriz Haonê Thinar - Foto: Globo/Manoella Mello
A atriz Haonê Thinar - Foto: Globo/Manoella Mello

A arte sempre atravessou a vida de Haonê Thinar(32) em suas mais diversas formas —e isso não é diferente no ano de 2025. A atriz, dançarina e modelo estreará nos folhetins da Globo como Pamela, em Dona de Mim, e reforça a importância da representatividade na trama, que busca trazer visibilidade para as pessoas com deficiência.

Haonê precisou amputar a perna direita ainda na infância, como parte do tratamento de um tumor osteossarcoma, e conta que, apesar das dificuldades na adolescência, lidou bem. "Preferi amputar para continuar vivendo", conta a atriz de Dona de Mim, em entrevista à CARAS Brasil. "A Pam é como eu: uma pessoa com deficiência que faz tudo sem nenhum problema."

Na trama que substituirá a novela Volta por Cima, no horário das 19h, a personagem é uma mulher independente, sensata e que valoriza muito a amizade de Leona (Clara Moneke) e Kamilla (Giovanna Lancellotti), com quem trabalha na fábrica Boaz. Ela também é mãe solo de um menino, e vive um relacionamento conturbado com Danilo (Felipe Simas). 

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"A Pam é como eu, que se relaciona, tem amizades, um relacionamento amoroso, os mesmos problemas que as amigas dela do trabalho, estuda, sai, se diverte e faz tudo sem nenhum problema, mesmo tendo uma deficiência. Vai ser uma explosão de representatividade. Para mim é uma coisa muito grandiosa. É uma oportunidade extraordinária."

A atriz diz que a personagem ainda é de extrema importância em relação à visibilidade para outras pessoas com deficiência. "Nunca me vi em uma novela, filme ou série. Creio que minha imagem pode inspirar muitas pessoas. Não uso prótese por opção, porque não gosto, por vários motivos", explica.

"Ter esse corpo diferente na TV é de suma importância para a representatividade, não só da mulher preta, mas também da mulher com deficiência, que é mãe e tem uma vida normal. É importante normalizar o corpo com deficiência, que transita por todos os lugares e faz tudo que as outras pessoas sem deficiência fazem."

Escrita por Rosane Svartman (55) e sob direação de Allan Fiterman (52), a nova trama das 19h deve estrear no final de abril. Abaixo, Haonê Thinar dá mais detalhes de sua personagem e abre sua relação com as redes sociais, maternidade e arte. Confira trechos editados da conversa.


O que podemos esperar de Pamela, sua personagem em Dona de Mim?
Pam é uma personagem que tem uma autoestima muito legal. Ela está sempre bonita, arrumada e é muito amiga das suas amigas. Ela está sempre alertando as duas sobre o que fazer ou não fazer, mas também é brincalhona e entra nas brincadeiras delas. Então, vocês podem esperar uma personagem muito sensata e divertida ao mesmo tempo.

Como está sendo trabalhar na trama global?
É viver um sonho, literalmente. Sempre assisti novela e minha avó, por parte de pai, é muito noveleira. Então, sempre acompanhamos novela com ela, desde o Vale a Pena Ver de Novo até a novela das nove. Está sendo uma grande realização trabalhar numa trama global.

Como surgiu sua relação com a arte? Além de atriz, você é dançarina, né?
Desde pequena, sempre gostei de tirar foto e conversar com a câmera. Minha primeira relação com a arte foi num desfile na Coab Teutônio Vilela, onde eu morava. Eu tinha 5 anos e as mulheres iam com o corpo pintado. Eu implorei para participar e acabei desfilando. Desde então, sempre disse que queria ser modelo e depois atriz. No Hospital Graak, sempre me fantasiava de bailarina e queria estar nas reportagens. Comecei a fazer teatro aos 16 anos. Não sou dançarina profissional, mas fui passista de escola de samba e participei do Caldeirão do Huck, concorrendo à musa do Carnaval.

Você teve a perna amputada ainda na infância. Como você lidou com isso?
Eu tive a perna amputada por conta de um tumor osteossarcoma. Fazia tratamento desde os 8 anos e, de 9 para 10, veio a notícia da amputação. Eu preferi amputar para continuar vivendo. Lidei muito bem com isso, apesar de ter chorado nos primeiros 30 minutos após a cirurgia. O momento mais difícil foi na adolescência, mas eu me aceitei como sou e lidei muito bem com isso.

Qual a sua relação com as redes sociais?
A minha relação com as redes sociais está se iniciando. Eu tenho 32 anos, né? E na minha época mais jovem ainda não existia essa coisa de você ter um boom no Instagram, de você ser reconhecido ou conseguir ganhar dinheiro pelas redes sociais. O nosso celular na infância e adolescência tinha no máximo um jogo da cobrinha e era isso [risos]. Estou iniciando um processo de alimentar as minhas redes sociais. Eu sempre quis, mas não sabia muito o que fazer, não tinha muita criatividade. Hoje eu tenho uma social media trabalhando comigo, a Camila, e todo o meu time para me apoiar e me ajudar a construir essa minha relação com a rede social. Eu não queria ser reconhecida somente pelas redes sociais. Queria primeiro ter o reconhecimento como atriz para depois as pessoas me procurarem na rede social e, graças a Deus, isso está acontecendo agora.

Em seu perfil do Instagram, você também fala sobre a maternidade. A chegada de Felipe te transformou de alguma maneira?
No meu perfil eu falo um pouco da maternidade. Apesar de eu não gostar de expor totalmente os meus filhos, sempre coloco uma coisinha ou outra deles. A chegada do Felipe me transformou, sim, ele é o meu primeiro filho. E quando eu descobri que estava grávida dele foi bem difícil, porque foi a minha primeira gravidez. Eu não sabi como era ser mãe. Então, me assustou muito, mas eu sempre costumo dizer que o Felipe me salvou de muita coisa.

Como foi quando você descobriu a gravidez?
Descobrir a primeira gravidez foi assustador. Eu não aceitava, tinha 25 anos, estava voltando a trabalhar no meio artístico depois de um tempo afastada e sentia que as coisas estavam rolando para mim, financeiramente. A minha segunda gravidez foi a da Lavínia, que hoje tem dois meses, vai fazer três agora no dia 28. Essa segunda gravidez também não foi planejada, foi um susto, mas eu já estava bem mais preparada, né? Eu já era mãe, já sabia como funciona. Mas com o Gabriel fui mãe solo, já com a Lavínia tenho o meu esposo, Lucas, que além de ser essa pessoa maravilhosa que está na minha vida, também tem esse companheirismo comigo em relação aos meus filhos. Por isso essa segunda gravidez, para mim, foi mais tranquila.

Você é uma inspiração para muitos brasileiros. Como é para você ver que você trará representatividade em uma plataforma como a TV aberta?
Ser uma inspiração para muitos brasileiros é algo muito legal. Acho que ainda não tenho muita noção do alcance que é uma TV aberta. Mas eu, Haonê, sempre quis e sempre disse para a minha mãe que se eu não fosse a primeira, eu queria ser uma das primeiras a aparecer na TV aberta do jeito que eu sou. Amputada, de muleta e sem a prótese, que é algo que não gosto e não uso. Quero muito que outras pessoas que hoje são amputadas, talvez amputadas recentes, ou amputadas de muito tempo, que muitas vezes não saem de casa, possam se espelhar na minha personagem. Isso, infelizmente, existe. Já fiz visitas para pessoas com deficiência para contar a minha história e tentar incentivar as pessoas a saírem um pouco de casa. E a Pam vai levar esse recado para o público. Se eu puder ajudar a mostrar que elas são capazes e que nossos sonhos são possíveis de realizar, mesmo que a gente tenha alguma deficiência ou limitação, eu estarei extremamente feliz.

Além da novela, você tem algum projeto que possa nos contar?
Além da novela, fiz o filme 90 decibéis, com a Benedita Casé, que foi escrito pela Júlia Spadaccini. E é um filme que ainda vai estrear, mas que eu também estou bem ansiosa para ver. Eu gravei esse filme grávida. A Júlia tinha uma personagem para mim e ela adaptou um pouco, colocou a personagem grávida, e foi maravilhoso. É isso por enquanto, espero que que venham novos trabalhos, mas esse já é a realização de um grande sonho.

Leia mais em: Conheça a história de Haonê Thinar, que teve sua perna amputada ao descobrir um câncer no fêmur com apenas 8 anos

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