Desde a infância, Nat Guareschi se viu dividida entre a música e o futebol, mas nunca abandonou nenhum dos dois
Nat Guareschi (33)sempre se dividiu entre duas grandes paixões, a música, que lhe fez seguir carreira de cantora e o futebol, um dos seus hobbies favoritos. Porém, ela nunca deixou de lado nenhum de seus dois amores, inclusive fazendo músicas com temáticas futebolísticas.
"A primeira música que eu compus na minha vida, eu tinha ido em um domingo jogar futebol com umas amigas. E quando terminou o jogo, eu tinha levado o violão, obviamente, porque a bola e o violão sempre estiveram presentes na minha vida, eu peguei o violão, a gente começou a cantar e naquele momento eu senti a necessidade de escrever algo, e foi minha primeira música. Ela chama 'Nove do Quatro'", conta Nat em entrevista exclusiva para a CARAS Digital.
Quando criança, seu sonho era se tornar jogadora profissional: "Era muito real, parecia muito próximo. Quando a gente é criança a gente não faz ideia das dificuldades reais da vida. Então eu me imaginava dentro de um estádio, correndo, fazendo gol, sendo aplaudida."
"Eu esperava ansiosamente todo o domingo chegar pra ver meu pai jogando, porque meu pai jogava todo domingo em um tive de São José do Rio Preto em um time chamado Mistura FC. Eu ficava idealizando vendo ele jogar, eu ficava me imaginando no lugar dele. Durante a infância toda eu respirei futebol. Metade do meu guarda-roupa eram camisas de time. Foi muito bom passar minha infância me imaginando como jogadora de futebol.", relembra ela com carinho ao falar do pai, um de seus maiores incentivadores.
Entretanto, como ela mesma diz: "A música e o futebol sempre andaram lado a lado na minha vida" e, por isso, a carreira como cantora também era um sonho da pequena Nat: "Eu não me lembro de um momento específico que eu falei: 'Vou investir na minha carreira musical.' Porque a música foi sempre um elemento muito forte para mim e muito presente. Nunca foi descolado o momento que eu falei: 'Isso que eu quero para a minha vida', eu sempre soube."
Ela ainda ressalta as maiores diferenças que vê entre o mundo da bola e a arte: "Uma das coisas que eu sindo mais falta do futebol, é que o futebol tem um elemento muito forte que é o coletivo. A gente trabalha em equipe, o futebol só existe porque são várias cabecinhas funcionando ao mesmo tempo. É como se fossem as engrenagens de uma bicicleta. Se você tira uma, a bicicleta não anda. O futebol tem esse elemento de aprender a trabalhar em grupo"
"Na música, isso até existe quando você ta com uma banda, quando você tem um conjunto de pessoas fazendo um som. No meu caso, que sigo uma carreira solo, e boa parte da minha carreira eu estou sozinha, construindo minhas músicas sozinha, cantando minhas músicas sozinha, então não tem esse espirito coletivo que o futebol me ensinou e eu pude trazer pra minha vida.", continua ela.
Mesmo assim, ela reforça que "apesar de serem coisas distintas, acredito que a arte e o futebol tem muitas semelhanças". Ela segue, falando dos maiores ensinamentos que a música lhe deu: "Mas uma das coisas que no futebol não tinha, mas na arte, na música eu tenho é o fato de poder me expressar. No esporte a gente também se expressa, mas a gente fala com o corpo. E na música eu falo com a voz. Eu posso externar ai alguns sentimentos, coisas que eu reflito. Posso até falar a respeito de algumas críticas, posso dizer o que eu sinto, o que eu invento, o que eu ouvi. Eu acho que na música tem esse lance de tocar através da emoção, apesar de que o esporte também emociona e muito, mas na música tem esse lance de conseguir se expressar."
A sua carreira musical lhe uniu com o futebol recentemente, quando ela foi convidada para participar do Copa das Minas, um projeto do canal Desimpedidos no YouTube, que coloca meninas apaixonadas pelo esporte em times que competem entre si. Nat revela que não poderia estar mais feliz com o convite: "Quando eu recebi o convite eu fiquei em um nível de felicidade que vocês não imaginam. O pessoal da minha equipe sabe, porque na hora eu mandei um Whatsapp no grupo, comemorando muito. Eu não parava de agradecer e de comemorar. Parecia uma criança que tinha acabado de ver o Papai Noel."
"O futebol me trás isso, ele me coloca nesse contato com a criança que eu fui. O futebol mexe com muitas sensações dentro de mim e a Copa das Minas tem tanta mulher incrível jogando. Eu posso dizer que é a realização de um sonho. Eu estou muito feliz, apesar de estar muito enferrujada por estar há muito tempo longe do futebol, eu estou super feliz, quero dar meu máximo, quero me divertir. E não vejo a hora de chegar logo!", prossegue ela.
O projeto teve que ser adiado por conta da pandemia de Covid-19, mas mesmo assim, a ansiedade da cantora está bem alta: "Eu durmo e acordo pensando nisso. Eu abro o grupo que tem da Copa das Minas, vejo se está tudo certo com as datas, porque tiveram várias mudanças de datas pensando no bem-estar e na saúde de todos. Mas eu não faço outra coisa da minha vida. Eu falo que mexe com alguns sentimentos e me trás algumas lembraras porque na época do colégio, quando eu jogava, eu ficava ansiosa com os jogos. Eu não vivia mais nada, minha vida ficava focada naquele calendário dos jogos e ficava aguardando ansiosamente aquela data chegar. E eu estou exatamente igual nesse momento."
Nat também acredita que o preconceito contra as meninas no futebol não mudou nada de sua infância para os dias atuais: "Infelizmente, eu acho que o preconceito é algo muito real, principalmente pra quem é mulher, pra quem exerce a profissão de jogadora pior ainda, isso é potencializado. Infelizmente, eu acho que o preconceito é algo muito real, principalmente pra quem é mulher, pra quem exerce a profissão de jogadora pior ainda, isso é potencializado."
A cantora lembra que ela mesma chegou a sofrer esses preconceitos: "Durante toda a minha infância eu sofri demais com isso, porque eu não encontrava um lugar, nenhuma escolinha, que me aceitasse jogar futebol. Minha mãe corria comigo pra cima e pra baixo em todos os lugares a resposta era a mesma: 'Não, é só para meninos'; 'mas ela pode se machucar'; 'Ah mas os meninos não vão gostar de ter uma menina no time', diminuindo o fato de ser uma menina, como se uma menina não pudesse jogar bem o esporte."
Por fim, Nat protestou, e falou que espera um futuro melhor para o futebol feminino: "Existe uma questão de desigualdade absurda. O futebol feminino precisa de visibilidade, investimento... Tudo isso pra mim, está atrelada a essa questão de gênero e eu acho que esse é um dos aspectos que precisa mudar urgente. Eu sei que a luta é longa, mas ela existe e eu espero que as futuras gerações consigam pensar em mais formas de se abrir espaço para o futebol feminino crescer, porque ele merece."