Tarcísio Meira e Glória Menezes, um dos casais mais conhecidos da televisão brasileira, revelam o segredo de sua relação duradoura e falam sobre projetos para o futuro. Veja a entrevista
Gestos de afeto, beijos repentinos, abraços, carinhos e olhares apaixonados, tudo típico de um casal em início de relacionamento. Foi neste clima que Tarcísio Meira (78) e Glória Menezes (79), dois ícones da arte de representar no País, curtiram a Ilha de CARAS, mostrando que, mesmo após cinco décadas de união, mantêm o amor e os arroubos da juventude. “As pessoas veem nossas atitudes românticas hoje em dia, coisa que não vejo acontecer muito com jovens casais, aí devem pensar: ‘Quem são esses velhinhos metidos a garotos?’”, diverte-se Tarcisão. “Eu sou velhinha, mas a minha cabeça é jovem”, acrescentou Glória. “É exatamente isso, a idade não impede o romantismo e nem mesmo o fato de nos sentirmos jovens”, completou ele. Com a mesma leveza, o casal 20 da TV brasileira não utiliza argumentos complicados para explicar o bemsucedido casamento. “Se estamos juntos é porque nos sentimos bem um com o outro. E, por trás disso tudo, tem algo simplérrimo: amor. Você é intolerante quando não gosta, aí acontecem as brigas e desavenças. Agradeço, sou privilegiada por poder amar Tarcísio e ele me amar”, reflete ela. “Não tem fórmula, é sentimento, é estar com a pessoa certa. Não acontece sempre, nem com todo mundo, mas acontece”, acrescentou ele.
Ao longo dos anos, a parceria rendeu também frutos profissionais. Os dois trabalharam juntos em novelas como Irmãos Coragem, Guerra dos Sexos, Torre de Babel, O Beijo do Vampiro e A Favorita; em filmes como Independência ou Morte, e em peças como O Duplo. No momento, estão de férias. Tarcísio não atua desde o fim do remake de Saramandaia, em setembro de 2013. Já Glória, fez uma participação no último capítulo de Joia Rara, exibido em 4 de abril. Tranquilos, em Angra dos Reis, esbanjaram energia e alegria.
– Vocês são sempre assim?
Glória – O dia em que não me virem assim, é porque tem algo errado comigo. Uma coisa posso dizer, estou de bem com a vida. É meu temperamento, minha maneira de ser, bem alegre. Talvez tenha puxado minha mãe, que ria muito. Outro dia mesmo, Tarcísio disse: ‘Você está lembrando Mercedinha.’ É bom levar a vida por esse lado.
Tarcísio – Glória é muito energética, espontânea e extrovertida. Eu sou diferente dela, um cara mais sério, fechado e até mesmo chato. (risos) O que não quer dizer que não seja bem-humorado. Talvez a gente se dê bem justamente por isso. Em toda relação, você tem protuberâncias, as nossas combinam bem.
– O que admiram no outro?
Tarcísio – Difícil, ela tem várias qualidades, e isso foi fundamental para que ficássemos juntos.
Glória – Não tem uma coisa, tudo me encanta nele. Me sinto bem na companhia do Tarcísio. Acredito que ele também.
– Sempre foram românticos?
Glória – Sim. Hoje até achamos graça. Quando entramos no elevador, damos beijinho. Outro dia, falei: ‘Tarcísio, esquecemos que no elevador hoje tem câmera?’
– Vocês planejam um novo encontro profissional?
Glória – Hoje, sou mais do teatro e Tarcísio, mais da fazenda.
– Vida mansa?
Glória – Não, ele tem responsabilidades. Não é fazenda para descansar, é negócio. Tarcísio gosta mais de estar lá, ver os boizinhos...Quando posso, eu vou com ele. Mas é que curto mais fazer teatro, coisa que ele já deixou um pouco de lado, duvido que faça. Gosto da adrenalina do abrir pano, de conquistar o público com a peça, me sinto bem no palco. É do meu jeito de ser, vivo o presente, não me preocupo com o passado nem com o futuro.
Tarcísio – Se não tenho o que fazer no Rio, viajo para a fazenda no Pará ou no interior de São Paulo. Me envolvo muito, gosto das coisas simples da vida.
– Mas você, Glória, está com algum projeto agora?
– Estou de férias porque me desgastei muito encenando durante cinco anos Ensina-me a Viver e fazendo novela junto. Depois, ainda atuei em Louco Por Elas. Fiquei estressada. Então, agora dei uma pausa. Estou com um pé nos 80, tenho que ir com calma, senão atrapalha a saúde.
– Qual o segredo para chegar bem a esta idade?
Glória – Ah, é meu jeito de ser, faço ginástica, musculação. Toda manhã estou lá, ando na esteira. Quando deixo de ir, não me sinto bem pelo resto do dia. Sempre me exercitei. Tenho que gastar energia, não sou de ficar sentada. Tenho que estar pererecando, como dizem. Até me chamam brincando de Dona Baratinha, porque ela é assim, bate e vai.
Tarcísio – Queria ter esse lado. Mas sempre que posso, faço algo, não estou tão relaxado.
–Vocês saem muito?
Glória – Gostamos. Às vezes, vamos jantar com amigos ou sozinhos, adoramos beber um bom vinho, mas saímos pouco.
– Podemos dizer que são oito décadas bem vividas?
Glória – Graças a Deus! E espero continuar sempre assim. Vejo aNathalia Timberg e aFernanda Montenegro, ambas mais velhas do que eu, fazendo tudo maravilhosamente bem, também quero estar lá. Não podemos parar. Qual a vantagem, ficar olhando para o teto? Você tem que botar a cabeça para funcionar, ler, produzir, criar, sou movida a desafios. Começaria tudo de novo, exatamente como fiz, sou muito feliz, uma privilegiada. Veja bem, existem atores com o mesmo talento que nós, mas não conseguiram chegar lá. Tem que ter uma dose de sorte também e eu tive. Sou privilegiada como ser humano e profissional.
Tarcísio –Graças a Deus, vivemos bem. E a família é importante, sempre demos muita importância a ela. Quanto à trajetória profissional, foi extensa, fizemos coisas boas, outras, nem tanto, mas isso faz parte. Amamos nossa profissão. O sucesso está diretamente relacionado ao amor que você tem pelo trabalho e ao empenho em realizá-lo bem feito. Nós procuramos dar o melhor de nós e sempre recebemos o mesmo das pessoas. Somos imensamente gratos ao público pelo carinho e prestígio.
– E vai ter festa nos 80 anos?
Glória – Ah, não precisa. Todo mundo já sabe que é 80, nunca escondi, mas não estou preocupada com isso. Só fizemos a festa das bodas de ouro do casamento no ano passado porque as crianças, meus filhos Tarcisinho, Maria Amélia e João Paulo, falaram que tínhamos que fazer. Como disse, vivo o presente. Pode até acontecer a festa, mas não penso nisso.
Tarcísio – Penso como ela. Quero é estar bem.