Em depoimento exclusivo à edição especial de Criadores de Conteúdo da Revista CARAS, Rafael Uccman revela como lida com as redes sociais
Rafael Uccman (31) ocupa o nono lugar no ranking dos 10 criadores de conteúdo mais queridos pelos leitores da CARAS Brasil. Abaixo, a influenciadora digital deixa um depoimento exclusivo à Revista e fala sobre sua trajetória nos ambientes digitais, reforça importância da autenticidade em sua vida e abre a intimidaade; confira o relato completo.
Se eu tivesse que definir minha vida em uma única palavra, seria autenticidade. Desde que me entendo por gente, sempre fui quem quis ser e agi da forma que achava que deveria. Ter uma essência autêntica me abriu portas de forma muito natural.
Minha carreira começou antes mesmo de eu saber que, o que faço hoje, poderia ser uma carreira. Na minha adolescência, fui ‘colírio’ da Capricho. Isso significava pertencer ao grupo de meninos bonitos e desejados por milhares de leitoras da revista e do blog. Era um status diferente na época e acho que foi o meu primeiro contato com o que viria a ser a influência digital.
Com a chegada do Snapchat, passei a fazer vídeos compartilhando meu dia a dia, falando da minha vida, de relacionamentos, comentando o que acontecia no universo das celebridades… Era um hobby, sem pretensão, porque eu sempre fui muito comunicativa, amo falar e dar minha opinião. Passei a explorar isso nos vídeos e não era comum as pessoas usarem a plataforma assim.
Fui percebendo que tinha gente que gostava de me acompanhar. Alguns vídeos que eu postava batiam 300 mil visualizações. Hoje, pode parecer pouco, mas, na época, era muita coisa. E era tudo muito orgânico, até porque nem existia essa ideia de produzir conteúdo para viralizar, muito menos algoritmo e todas essas tecnologias que impulsionam. Conquistei uma audiência que se mantinha presente e que acabou migrando para as outras plataformas que foram surgindo.
Com o Instagram, tudo tomou uma proporção muito maior. Milhões de pessoas passaram a me seguir e a me assistir diariamente. Automaticamente, comecei a produzir mais conteúdo, tendo sempre em mente que não queria mudar a minha forma de me comunicar. As pessoas se identificam com o meu humor, com o meu jeito, com a minha personalidade e minha linguagem e nunca pretendi abrir mão desse estilo. Isso sempre foi inegociável para mim.
Mas nem tudo são flores, né, meu amor? Eu realmente amo o que faço e é óbvio que ter uma audiência tão grande assim me dá muitos benefícios. Só que, quanto maior é o seu alcance, maior é a sua exposição, e isso tem um lado negativo. As pessoas na internet acham que podem te criticar e fazer comentários sobre a sua vida só por você ser uma pessoa pública. Como o meu tipo deconteúdo é muito pessoal, já que apareço na minha casa e mostro a minha vida real nos vídeos, dá mais essa noção de intimidade e proximidade. Aí se sentem ainda mais à vontade para falar o que querem.
Por algum tempo, isso me atingiu com mais frequência. Ninguém gosta de ser gongado, né, gente? Ninguém publica algo por livre e espontânea vontade para receber críticas. Se eu disser que não me importo nem um pouquinho com isso, seria mentira. Quando estou mais vulnerável, lá no fundo, eu ainda sinto o impacto.
Mas já criei uma casca grossa para enfrentar esse tipo de situação, porque são muitos anos de estrada. A gente vai aprendendo a lidar porque, na internet, isso vai acontecer uma hora ou outra, é inevitável. E acredito muito que as pessoas entregam ao outro o que têm dentro de si mesmas. Então, passei a me abater menos e a conseguir enxergar e dar mais valor aos elogios e comentários positivos. Essa mudança de visão também é muito sobre a nossa postura, de valorizar o que faz bem e conseguir ofuscar o que não agrega em nada.
O fato de ligar cada vez menos para esse ódio me dá cada vez mais liberdade para ser quem eu sou, para mostrar minha verdade sem me importar se vão dizer algo ou não. Eu gosto de transitar entre o feminino e o masculino, me considero uma pessoa fluida e sempre tratei isso com naturalidade na internet. Muita gente acha que, por eu amar uma montação e um look “babadeiro”, sou drag queen, só que também nunca me considerei assim. Não gosto de rótulos e definições, porque acho que isso é limitante, nunca quis ser colocada em uma caixinha. Imagina o caos que seria a minha vida se eu fosse reprimir meu jeito por medo daquilo que podem vir a comentar?
Para mim, toda forma de se expressar é válida. E uma das minhas formas de exibir minha personalidade é por meio da roupa, do meu visual. Na realidade, criei uma nova persona para chamar de minha. Quando estou desmontada, no dia a dia, de regata branca, moletom e cabelo preso, sou da zoeira. Eu senti que precisava de uma persona para mostrar meu lado ousado, para flertar, ser intensa. Essa é a “Rafa Nem Vem”. Quando estou montada é quando quero ser bonita, me sentir gata, sexy. Então, não tem gracinha, não tem piada. Faço a linha misteriosa sensual. Essa, então, é a minha outra versão.
Até isso foi uma descoberta que aconteceu aos poucos, de maneira espontânea. Nem me lembro mais quando foi a primeira vez que me montei. E levou tempo até eu ir me achando, entendendo o meu estilo, descobrindo como queria fazer a maquiagem, qual roupa me valorizava mais, qual cor e tamanho de lace eu mais gostava… Precisei aprender a me produzir sozinha, sem depender de ninguém, fiz curso de automaquiagem, testei muitas técnicas até me sentir realmente confiante e foi dando certo. Eu me permiti me conhecer a fundo e nunca tive medo de compartilhar isso com o mundo.
Nunca me faltou apoio para isso também. Estar cercada de amigos que me amam, apoiam e não me julgam me dá força e me faz sentir capaz de ser quem eu quiser ser. Tenho a sorte de ter muitos deles ao meu lado, como o Lucas Guedez, que mora comigo há anos, trabalha comigo e é um dos meus maiores incentivadores em muitos sentidos, mas especialmente nesse.
Eu vejo a autenticidade em todas as áreas da minha vida e em toda a minha trajetória. Penso nela como a coragem de encarar as mudanças — que acontecem com todo mundo — e se permitir ser quem você quiser ser, independentemente de todo o resto. Tudo que conquistei, tanto na minha carreira quanto na vida pessoal, é fruto dessa coragem. Hoje, já consigo olhar para a Rafa Uccman que começou como ‘Colírio Capricho’ lá em Fernandópolis, cidadezinha do interior de São Paulo, e ver o quanto ela cresceu. Eu também consigo ver o quanto ela ainda pode crescer, porque sigo corajosa para fazer meus sonhos acontecerem.
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