Produtora de grãos fala dos obstáculos na sucessão familiar e da força feminina no agro
A vida no campo não estava nos planos de Edineia Becker (42). Filha e neta de produtores rurais, ela entrou para o agronegócio após a morte do pai, há quase 20 anos. Na época, aliás, a expectativa era de que o irmão mais novo assumisse os negócios da família, enquanto ela deveria finalizar a faculdade de Engenharia Química e levar uma carreira longe da fazenda. “Meu pai não queria que eu sofresse como as mulheres da roça, na época, sofriam. Ele não me preparou para uma sucessão familiar”, explica.
Porém, em 2006, ela passou a se interessar pelo assunto e buscou especialização. “Comecei a fazer cursos, me informar”, relembra ela que, hoje, trabalha com o marido, José Olekasander Forekevicz (38), no cultivo de grãos, como milho e soja, a cobertura de solo e gado de corte no Paraná. “Somos nós dois, meus sogros e minha filha. Temos funcionários temporários em épocas de plantio e colheita e para manutenções”, diz.
Majoritariamente dominado por homens, o setor jamais a amedrontou. “Nunca tive vergonha de estar em meio aos homens ou de operar uma máquina”, afirma ela, que reconhece, ainda que pequenas, algumas mudanças. “As mulheres precisam se autoconhecer. Se elas não souberem quem são, jamais conquistarão aquilo que é destinado a elas”, completa. Além de tocar o trabalho na fazenda, Edineia também coordena o grupo Mulher – A Essência do Agro, fundado em 2019, no qual trabalha para valorizar a postura feminina que atua no agronegócio. Ela ainda é empresária e dona da Boutique do Agro, que comercializa roupas e acessórios para mulheres, representante da Região Sul no Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio e coordenadora da Comissão de Mulheres do Sindicato Patronal Rural de Pitanga.
FOTOS: CRISTINA NUNES KELNIAR
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