Vencedor de 3 Oscar em 2019, cineasta contou a história de sua família e rebateu preconceitos
Spike Lee foi o orgulhoso vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado durante a premiação deste domingo, 25, por Infiltrados na Klan.
O filme de 2018 contou a história real de Ron Stallworth [John David Washington], um policial negro dos anos 70 que conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan, instituição que promovia a morte de negros e supremacia branca.
Em seu discurso de agradecimento pela vitória, o diretor do longa criticou a escravidão, e relembrou que sua bisavó ainda foi escrava, portanto o ato ainda é muito próximo da sociedade. Além disso, chamou a atenção para as eleições de 2020 e reforçou que os americanos deviam se mobilizar em uma campanha contra o ódio. "Estejam do lado certo da história. Faça a escolha moral entre o amor e o ódio. Vamos fazer a coisa certa", pediu o cineasta.
O diretor não citou nome algum no discurso, mas não escondeu o desgosto pelas atitudes consideradas racistas do presidente. Após apresentar a história do KKK, o filme apresentou imagens de uma marcha de supremacistas brancos - parecida com as realizadas pelo KKK - ocorrida em Charlottesville em 2018, na qual os protestantes desfilaram afirmando a superioridade dos brancos sobre os negros.
Pressionado e questionado, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, disse à época que tinha boas pessoas no meio dos protestantes, e que nem todo mundo era neonazista, e ainda que ambos os lados eram violentos e estavam errados.
Trump, conhecido por discursos radicais e políticas separacionistas, tomou o discurso do Oscar como uma ofensa pessoal e fez um desabafo com ar de crítica em seu Twitter durante esta segunda-feira, 25.
"Seria legal se Spike Lee pudesse ler suas anotações, ou melhor ainda, nem precisar de anotações quando fizer ataques racistas ao Presidente", escreveu. "[Eu fiz] mais pelos afroamericanos [reforma na justiça criminal, menor número de desemprego da história, corte de taxas, etc] do que qualquer outro presidente", completou o político.
Em uma coletiva de imprensa, Lee relembrou a apatia do presidente em relação às marchas racistas ocorridas por todos os Estados Unidos durante o último ano. "Aquele filho da p*** teve a chance de falar coisas boas e denunciar a Ku Klux Klan e aqueles nazistas de m****, mas não fez isso", esbravejou o cineasta.