Em exclusiva, elenco e diretora revelaram como retrataram intolerância religiosa sem debochar e com respeito
Com um tom de comédia, o filme Amarração do Amor, que estreou no último dia 14, fala sobre intolerância religiosa sem debochar e faltar com respeito.
Em entrevista exclusiva para a CARAS Digital, os atores principais do longa contaram quais foram as dificuldades e os desafios de fazerem humor sem insultar as religiões retratadas, a Umbanda e o Judaísmo.
No filme, Cacau Protássio (46) faz a mãe de santo Regina que terá seu filho Lucas, interpretado por Bruno Suzano (29), apaixonado por uma garota judia vivida por Samya Pascotto (29).
Católica na vida real, a atriz contou como foi fazer uma mãe de santo nas telinhas. "Fui no terreiro, na casa da mãe Nanci, porque eu queria fazer a mãe de santo com muito respeito, eu queria fazer minha comédia e, acredito que faço bem, mas queria falar da umbanda com muito respeito", comentou.
Cacau Protássio acrescentou sobre a preparação de sua personagem: "A gente tem que ter muito cuidado para falar sem debochar, acredito que a gente conseguiu isso, tinha uma mãe de santo dando uma assessoria, ela orientava a gente, porque quando a gente tá fazendo a cena a gente não tá se vendo".
Assim como a comediante, Ary França (64), que fez o pai judeu de Bebel, personagem de Samya Pascotto, também tomou cuidado com sua atuação e se preparou tendo contato com a religião.
"O Samuel é uma versão judaica é o outro lado, superprotetor, carinhoso, amoroso, mas controlador, ele estranha muito o fato da filha não estar com alguém da mesma religião, a princípio fica com o pé atrás", começou contando um pouco da semelhança de seu personagem com o de Cacau Protássio.
Ary França falou como foi sua preparação: "Eu tenho a sorte de morar numa cidade assim como o rio multiétnica, então tenho muitos amigos judeus, eles me levaram na sinagoga, fui à casa deles, em cerimônias religiosas, nos jantares, então o personagem foi entrando da forma mais legal possível".
Bruna Suzano também precisou estudar a religião para dar vida ao filho de Cacau Protássio na trama. "A gente teve uma imersão muito grande, foi uma semana direto, eu fiquei particularmente mais voltado para a Umbanda", contou ele sobre sua primeira comédia no cinema.
Seu par romântico no filme, Samya Pascotto, frequentou sinagogas para viver Bebel. A maior dificuldade da atriz, que já havia feito outros papeis cômicos, foi acertar no tom.
"Acho que minha dificuldade foi conciliar o quanto era comédia e o quanto era drama porque a Bebel ela tá em um lugar intermediário no filme, a comédia não parte dela, a comédia vem dessa família que se choca e não tem tolerância... acho que o mais difícil foi entender onde tava o meu tom nessa comédia e também fazer as cenas embaixo d'água, eu e o Bruno nos beijando na água salgada, meu deus que terror...", revelou um momento de dificuldade durante a gravação.
Gravado em 2018, em meio às eleições, o filme foi feito, segundo a diretora, Caroline Fioratti, em um momento importante para se falar sobre a brasilidade, mas sem insultar as crenças.
"A gente tomou bastante cuidado com isso, eu cresci na Umbanda até por isso fui convidada para dirigir o filme, a produtora é de origem judaica, frequenta sinagogas, então eu tive uma imersão nas duas religiões e eu acho que a gente não faz graça com a religião", comentou como fizeram para retratar o tema com respeito.
"A gente mostra como as diferenças são mais parecidas do que a gente imagina e como que nós pessoas que interpretam as coisas como lhe convém... então, na verdade, é um filme sobre família", declarou ela