Em entrevista para a revista The Talks, o ator analisa sua carreira e os papeis que mudaram sua vida
Willem Dafoe está no Brasil para as apresentações do espetáculo A Velha, dirigido por Bob Wilson, e adaptado para o teatro a partir de uma novela curta do russo Daniil Kharms. Na peça com ares surrealistas ele vive um escritor com bloqueio criativo assombrado pela figura de uma velha (vivida pelo bailarino Mikhail Baryshnikov).
Colecionando papeis controversos também no cinema, o ator americano analisa sua trajetória em entrevista para a revista The Talks:
Que filmes mudaram a sua vida?
É difícil dizer, mas provavelmente o primeiro, "The Loveless". E "Platoon", que foi quando ganhei reconhecimento como ator. Mas depois de "Platoon" também ficou muito difícil encontrar bons personagens. Tinha diferentes roteiros para ler, mas nenhum valia a pena. Mas como continuava no teatro, isto me trouxe uma diferente percepção de quem eu era e do que eu queria fazer. Fiquei aguardando uma oportunidade por um tempo, mas cansei de esperar e resolvi voltar ao trabalho.
Você tem limites para uma cena? Em "Anticristo", por exemplo, faz cenas fortes e parece ter sofrido fisicamente...
Sei que existe um certo limite, mas prefiro não saber o meu (risos). Uma das minhas ambições como artista, e até mesmo como homem, é me tornar menos medroso. Alguns cuidados são realmente necessários, mas nada é real, estamos fingindo em cena. Meu maior desafio, neste caso, é desaparecer. Preciso sumir em um papel. No caso de "Anticristo" [ele tem tomadas fortes de agressão, sexo e nudez no longa], gosto do que Lars Von Trier propõe como cineasta. Sinto que ele precisava de mim para aquele projeto. Pude ver que conseguia contribuir ali.
Vocês têm uma relação próxima?
Somos íntimos. Sei coisas da vida sexual dele (risos), por exemplo. A própósito, Lars adora falar sobre isto.
Existem muitas histórias de bastidores envolvendo os filmes dele. Como é trabalhar com Lars Von Trier?
Você sente que as coisas vão se encaixando. Existe uma ordem natural no set, mas acontecem alguns acidentes inesperados ao longo do caminho e eles vão criando um momento único. É quando a história começa a tomar forma. E este é um lugar interessante para um artista - você sabe o terreno em que está pisando, mas não está no controle da situação. Amo esta sensação.
Ao longo de sua carreira, você se arrepende de algumas de suas escolhas profissionais?
Tento não me arrepender. Mas penso: "Você precisa se preservar para que os convites continuem aparecendo".
Leia a entrevista na integra, aqui.