Psicanalista Ana Lisboa revela como traumas de infância movem stalkers que ameaçam celebridades como Paolla Oliveira e como funcionam suas mentes
O caso recente da atriz Paolla Oliveira (42), denunciando ameaças e perseguições, evidencia um problema que afeta inúmeras figuras públicas e que, segundo a psicanalista Ana Lisboa, vai muito além da simples admiração. A especialista aponta que a perseguição obsessiva, ou stalking, reflete um padrão de dependência emocional extremo, onde o perseguidor projeta na celebridade aquilo que lhe falta internamente.
Esse tipo de obsessão geralmente se desenvolve, de acordo com a psicanalista, a partir de traumas de rejeição na infância, criando um vazio que a pessoa tenta preencher ao se “aproximar” do outro, mesmo que essa proximidade seja ilusória e unilateral.
Lisboa explica que o comportamento stalker está frequentemente ligado a uma necessidade insaciável de validação e sentido, onde a figura pública é vista como essencial para o perseguidor se sentir vivo. “A pessoa sente que precisa dos olhos do outro para se sentir vista e reconhecida. Esse mecanismo de dependência emocional transforma a celebridade em um espelho onde o perseguidor projeta suas próprias carências”, detalha a psicanalista.
Segundo ela, a obsessão surge como uma forma de “psicose”, onde o perseguidor não apenas idealiza o outro, mas passa a necessitar dessa fantasia para dar sentido à própria existência. Esse padrão psicológico se manifesta em casos como o das atrizes Débora Falabella (45), que enfrentou perseguições constantes, e Fernanda Torres (59), cuja privacidade foi invadida por um fã obcecado. Lisboa argumenta que o stalker frequentemente cria uma narrativa própria, onde pequenas interações — reais ou imaginárias — reforçam sua neurose, levando-o a ultrapassar todos os limites pessoais e legais em busca de uma conexão ilusória com a celebridade.
O caso do cantor mundialmente famoso Harry Styles (30), por exemplo, expõe essa dinâmica, com um fã acampando em frente à sua casa na tentativa de se conectar a qualquer custo com o cantor. A psicanalista destaca que “qualquer atenção ou ‘pingo’ de interação recebido alimenta essa fantasia e intensifica o comportamento obsessivo, levando a pessoa a um estado de cegueira emocional”. No limite desse transtorno, explica Lisboa, a ausência de contato com a figura idealizada gera uma angústia que pode desencadear comportamentos extremos e até violentos, como foi o caso do assassinato de John Lennon (1940-1980) por um fã em 1980.
Para a psicanalista, a questão central do stalking não é a celebridade em si, mas o vazio emocional que a alimenta. Esse vazio, explica, tende a se perpetuar caso o perseguidor não busque ajuda psicológica adequada, pois o ciclo de rejeição e obsessão simplesmente se repete com novas vítimas. "Trata-se de uma dor profunda de se sentir rejeitado, que precisa de atenção e tratamento. Caso contrário, o perseguidor continuará a procurar outras vítimas e repetirá esse padrão de dependência emocional", conclui.
CASO PAOLLA OLIVEIRA
Recentemente, Paolla Oliveira denunciou uma fã e ex-figurante da TV Globo por persegui-la. Ela registrou um boletim de ocorrência na 16º Delegacia de Polícia da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro.
As duas se conheceram em 2020, por meio de um grupo de fãs. Para se aproximar da artista, a stalker decidiu se tornar figurante nas mesmas novelas que Paolla participava. No entanto, a mulher começou a ter um comportamento agressivo, cobrando da famosa mais atenção e acusando-a de ser “drogada”. Além disso, ela teria ligado mais de 40 vezes para Paolla durante a madrugada.
A atriz afirmou, em depoimento, que está assustada e com medo da fã se matar, ameaça já feita anteriormente.
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