Ex-BBB Amanda Djehdian fala sobre explante de silicone e cirurgião plástico explica os riscos na realização das cirurgias
As cirurgias plásticas vêm ganhando força nos últimos anos em todo o mundo. Durante a quarentena, diversas infuenciadoras digitais realizaram procedimentos estéticos como silicone, harmonização facial e a mais recente Lipo LAD ou HD.
Em 2018, o Brasil se tornou o país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo, com mais de 1 milhão e 498 mil, além de 969 mil procedimentos estéticos não cirúrgicos, segundo informações da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética. De acordo com os dados, em 2019, foram realizadas 1,7 milhão de cirurgias.
Joel Abdala, cirurgião plástico e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), explica que toda cirurgia tem seus riscos, reforçando que a saúde sempre deve estar em primeiro lugar. "Quando se opta por realizar um procedimento cirúrgico, deve-se levar em conta que os benefícios superam os possíveis riscos. A melhor maneira de lidar com um risco/complicação é evitá-la e isso é feito com um bom planejamento e avaliação pré-operatória das condições de saúde dos pacientes. De forma geral, a trombose venosa/embolia pulmonar (coagulação do sangue dentro dos vasos das pernas e dos pulmões) é um potencial risco em qualquer cirurgia devido ao período de imobilidade que a pessoa fica durante o procedimento”.
“Cada procedimento tem seus riscos específicos, como na lipoaspiração, por exemplo, que existe o risco de perfuração de órgãos internos, e nas mamoplastias, que existe risco de infecção e necrose (morte) da pele”, disse ele, citando ainda as possíveis reações alérgicas aos medicamentos.
De acordo com o cirurgião, os procedimentos estéticos não cirúrgicos são mais populares que os tratamentos cirúrgicos convencionais por serem pouco invasivos e agressivos, podendo ser feitos em consultórios, muitas vezes sem a necessidade de anestesia local. São divididos em três modalidades principais de tratamentos não invasivos: toxina botulínica, preenchimentos e ‘skin boosters’, que melhoram a elasticidade da pele de uma forma generalizada, com injeções que induzem a produção de colágeno.
As cirurgias plásticas também são comuns entre adolescentes
Joel revela que as próteses de silicone são mais frequentes em mulheres jovens, de 17 aos 35 anos, os preenchimentos e botox, em mulheres e homens dos 28 aos 40 anos, e a lipoaspiração é mais comum em homens e mulheres de 20 a 50 anos. Já o lifting facial e a blefaroplastia (cirurgia das pálpebras) geralmente são realizadas na faixa etária de 40 a 65 anos.
Abdala conta que os adolescentes procuram muito por cirurgias plásticas, sendo os procedimentos mais frequentes: rinoplastia, inclusão de implantes mamários, mamoplastia redutora e otoplastia (correção de orelhas de abano ou orelhas largas). Ele ressalta que nessa faixa etária, o bullying é frequente e ter um acompanhamento psicológico é essencial, além do apoio dos pais. “Se tudo estiver organizado de forma coerente e com assentimento do paciente, não existe contraindicação para realização das cirurgias”, afirma.
Nos últimos 10 anos, houve um aumento de 141% nos procedimentos estéticos, em jovens de 13 a 18 anos, segundo a SBCP. As redes sociais têm contribuído para o crescimento do número de cirurgias e procedimentos, principalmente entre os adolescentes, que são a maior parte da população presente nas redes sociais.
Com a popularização e divulgação de procedimentos por influencers, a banalização das cirurgias plásticas se torna um assunto preocupante. Muitas vezes, os influenciadores se submetem a procedimentos por permuta, ou seja, sem pagar, como uma parceria com o médico, e não mostram os riscos das cirurgias e a parte negativa do processo para os seus seguidores.
A psicóloga Talitha Oliveira comentou sobre como as redes sociais contribuem para a "ditadura da beleza". “A gente tem visto um alto índice do uso de filtros do Instagram, a gente se depara com grandes edições de fotos, e a gente acaba se espelhando nessas realidades. Realidades essas que a gente se depara e se comparar de maneira negativa, gerando até um julgamento mais rígido com nós mesmos”.
Ela também falou sobre a aceitação do corpo em um mundo de padrões. “A forma como enxergamos a nós e ao nosso corpo diz também sobre como nos permitimos e nos inserimos nas relações. Quando nossa autoestima e nosso bem-estar estão “alinhados”, nos permitimos o protagonismo de nossas histórias, nos libertando das amarradas dos outros. E passamos a nos perceber através de nossas lentes”, refletiu. Segundo ela, problemas como baixa autoestima, distúrbios alimentares, além de depressão, ansiedade, alterações de humor e isolamento, podem surgir devido a não aceitação.
Joel também fez um alerta ao número excessivo de procedimentos e explicou que quem faz, pode acabar se viciando. "A pessoa começa a criar uma insatisfação crônica e distúrbios de autoimagem, como, por exemplo, mesmo estando magra, se enxergar acima do peso e procurar uma nova lipoaspiração. Cabe ao profissional de saúde, de forma responsável, orientar e impor limites de tratamento, pensando na saúde da pessoa como um todo e descartando o viés financeiro".
O cirurgião acredita que os procedimentos feitos por profissionais não qualificados são uma das consequências da banalização das cirurgias plásticas. “A realização de procedimentos por profissionais não qualificados, sem o devido treinamento e de forma irresponsável, inconsequente e pensando apenas no benefício financeiro, expõe os pacientes a riscos desnecessários e muitas vezes com sequelas de difícil tratamento e em alguns casos, permanentes”, avaliou ele sobre a importância de se procurar um especialista.
Livre das próteses de silicone
Amanda Djehdian, que participou da décima quinta edição do Big Brother Brasil, conta que decidiu colocar próteses aos 20 anos, por pressão estética, e que passou a sofrer com a chamada doença do silicone, que não é reconhecida pela OMS (Organização Mundial da Saúde), mas segundo os cirurgiões, causa fadiga, dores pelo corpo, quedas de cabelo, entre outros sintomas.
“Lutei contra bullying por conta das minhas olheiras, então, qualquer coisa que citavam que ‘estava errado’ em mim, eu queria arrumar. Ouvia comentários do tipo ‘você tem um bumbum grande, mas se tivesse seios maiores ficaria melhor’, ou ‘nossa, por que você não põe silicone? É muito mais bonito mulher com seios redondinhos’. E isso, quando você é insegura, quando está com a autoestima baixa, entra na sua cabeça feito uma bomba”, disse em entrevista exclusiva para a CARAS Digital.
A ex-BBB, agora com 34 anos, citou as consequências da cirurgia. “Cada ano que passava, notava algo diferente no meu corpo, no meu organismo. A queda de cabelo foi a primeira, depois os sintomas só aumentavam, passei a ter fadiga crônica, dores musculares, alteração de peso, dores de cabeça diariamente, hipoglicemia, vertigens, passei a ter moscas volantes na visão, sudorese noturna, meu nariz escorria direto, perda de memória”.
“Eu fazia exames, nunca era nada, mas eu sabia que tinha algo de errado, parecia que meu corpo pedia socorro, final de 2019 minha contratura aumentou (nosso corpo, sabiamente quando colocamos a prótese, faz uma cápsula em volta dela, pra nos proteger desse corpo estranho, o que vai diferir essa contratura é o grau) mas achava que era porque estava próximo ao período menstrual e ia empurrando, até que chegou um momento que era insuportável as dores, dos 30 dias com dores, 15 dias eram insustentáveis”.
Amanda resolveu dividir o que estava passando, anos depois da cirurgia de implante, com os seguidores, que a apresentaram os perfis @perigos.do.silicone e @explantedesilicone. Foi quando descobriu o que estava acontecendo. “Após saber de toda a verdade, de ter todas as informações que inclusive muitas delas constam no manual das próteses, e informações que não tive quando implantei, eu queria tanto me livrar deles, de algo que estava me causando dores, intoxicando meu organismo... Sabendo de todos os malefícios, não tinha motivos para ficar com as próteses”, explicou a artista, que fez o explante em menos de dois meses depois.
A empresária também contou como se sente atualmente com seu corpo, após decidir retirar as próteses. “Não sinto mais dor alguma, é surreal a mudança, a cura é real”, celebrou. “Hoje me olho no espelho me sinto maravilhosa, meu corpo agora tá super proporcional, não sinto mais aquele peso, incômodo, dores, a minha fisionomia é outra, não mudei minha alimentação nem treinos e meu corpo está se definindo, minha vida é outra, eu estou extremamente feliz”, concluiu.
O outro lado dos procedimentos estéticos
Diferentemente do que muitos pensam, as cirurgias plásticas não estão ligadas apenas à estética. Em muitos casos, são procedimentos essenciais que fazem parte de um tratamento, para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, como acontece com mulheres que tiveram câncer de mama.
"O objetivo é devolver a dignidade e autoestima para as pacientes, o que é, em última análise, criar uma estética favorável dentro das limitações impostas pelo tratamento do câncer. A importância dos procedimentos é muito grande! Vejo muitos "milagres", pessoas renascendo após um tratamento muito agressivo e mutilante, com a cirurgia plástica desempenhando um papel de instrumento para a obtenção destes resultados", explica o cirurgião Joel Abdala.
Apesar da banalização das cirurgias plásticas, segundo Joel, as redes sociais podem ter um papel importante na conscientização da população. “É educação, informação e para isso, as mídias digitais são ferramentas incríveis! Disseminar informação de qualidade, criar acessibilidade para os potenciais pacientes entenderem como são realizadas as cirurgias/procedimentos minimamente invasivos, entendendo suas vantagens, desvantagens e possíveis complicações de forma clara e transparente é um começo. Todos queremos nos sentir bem, bonitos, atraentes, e a cirurgia plástica pode ajudar muito nisso, se feita de forma responsável e coerente!”.