A mais nova série da Netflix segue prezando a diversidade no elenco
Na última sexta-feira, 15, a Netflix disponibilizou os 10 episódios da primeira temporada de The Umbrella Academy.
A produção deriva dos quadrinhos premiados que têm Gerard Way, vocalista de My Chemical Romance, na liderança do roteiro e o brasileiro Gabriel Bá no desenho. A adaptação demorou 12 anos para chegar à telinha de casa.
O músico e o artista visual participam da obra como produtores executivos, acompanhando de perto o processo e garantindo coerência à obra original, que sofre algumas modificações, mas tem sua essência preservada. O resultado não decepciona.
A trama tem como premissa o nascimento misterioso em 1989 de diversas crianças no mesmo dia e hora sem que as mulheres que as conceberam estivessem grávidas. Um milionário adota sete dos descendentes com a intenção de treiná-los para serem super-heróis.
Depois de quase 13 anos separados, os protagonistas excêntricos precisam se unir como adultos que seguiram caminhos diferentes para voltar à ativa e salvar o mundo de seu fim iminente.
O foco do desenvolvimento está na jornada pessoal de cada personagem, aprofundando no relacionamento entre os irmãos e em sua infância problemática, cheia de exploração, maus tratos e desprezo, que vai implicar em ressentimentos e assuntos mal resolvidos.
A dinâmica familiar é colocada em evidência, com brigas, provocações, mágoas e tentativas de reconciliação; o que gera identificação e prende o expectador. Mesmo com as habilidades especiais, o lado humano dos indivíduos se sobressai, criando uma versão mais intimista.
As personalidades são completamente distintas, a ponto de se definirem como estranhos vivendo sob mesmo teto. Para destacar as individualidades, a produção pesou a mão na oposição de cores e modelos dos figurinos.
Um fator positivo é a seleção de um elenco bem mais representativo. As mudanças em direção à diversidade acrescentaram figuras negras, asiáticas e latinas, enquanto na HQ todos são brancos.
O próprio Gerard Way disse em uma entrevista que vê o fato como uma grande melhoria. ''É uma das coisas que mais tenho orgulho. Deixa a história melhor. E funciona, porque são adotados''.
Ellen Page está no rol de atores como Vanya, a filha número 7, dando vida a uma protagonista um pouco mais sentimental e sem a forte apatia dos quadrinhos. As outras atuações, ainda que desconhecidas, não causam frustração.
O destaque vai para o Número 5 com seu estilo sarcástico. O novato realmente passa o peso de alguém mais velho preso no corpo jovem e rouba o show apesar da pouca idade.
É notável o orçamento elevado da série, que entrega efeitos especiais de alto nível e elementos hollywoodianos, que podem ser até um pouco exagerados, como as cenas de luta e o drama envolvido.
A trilha sonora é um ponto forte. As faixas conhecidas envolvem o público e conferem dinamismo, com The Doors, Queen, Radiohead.
Nos próximos capítulos, a narrativa promete ainda explorar o mistério que cerca o desaparecimento do Número 5, além do super-poder não revelado de Vanya e os segredos que os garotos e garotas escondem.
O serviço de streaming abre caminho para um novo universo de super-heróis independente do selo Marvel com uma criação violenta, divertida, jovem e atraente.
Todavia, é importante ressaltar que a história segue um rumo seguro, afastando determinadas esquisitices e o nonsense com a transposição. Desse modo, não alcança o excepcional e pode nos fazer questionar a duração tão longa dos episódios.