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TV / CARREIRA

'Sou um dos roteiristas de maior sucesso e a TV não me contrata', desabafa Tiago Santiago

Autor de grandes novelas, Tiago Santiago agora se dedica ao cinema e literatura

Mariana Arrudas
por Mariana Arrudas
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Publicado em 13/03/2023, às 12h00

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O roteirista, escritor e ex-diretor Tiago Santiago - Foto: Reprodução/Instagram @tiagosantiago
O roteirista, escritor e ex-diretor Tiago Santiago - Foto: Reprodução/Instagram @tiagosantiago

Afastado das novelas desde 2012, o autor Tiago Santiago (59) usou o tempo fora das telinhas para estudar em Los Angeles, nos Estados Unidos, e se dedicar ao cinema e à literatura. Com alguns filmes na manga e mais um livro para ser lançado, ele afirma que ainda quer voltar à televisão. "Modéstia parte, provavelmente sou um dos roteiristas de maior sucesso da minha geração e a TV não me contrata há anos."

Em seus mais de 45 anos de carreira, Santiago escreveu novelas como Amor e Revolução, Os Mutantes: Caminhos do Coração e A Escrava Isaura. Agora, ele diz enxergar uma mudança necessária na TV com a ascensão da internet, e afirma que as emissoras precisam de autores que saibam fazer histórias com poucos personagens –e, consequentemente, poucas locações.

"Vejo com bons olhos e boa perspectiva a minha volta à televisão, mas, enquanto a TV não me convidar, vou dedicar a minha vida ao cinema e à literatura", completa ele, em entrevista exclusiva à CARAS Brasil. Focado nas produções cinematográficas e literárias, em meados de março, ele fez uma noite de autógrafos para seu último lançamento, o livro esotérico Os Caminhos do Mago.

O artista explica que a obra não ficcional aborda a magia existente em diversas áreas da vida, como  proteção, saúde, sucesso, e resiliência, e como é possível fazer as próprias vontades através de escolhas e da utilização dos próprios dons. No campo da ficção literária, ele também prepara o lançamento de Dandara, obra que contará a história da rainha de Angola Janga, território também conhecido como Palmares.

"[O livro] mostra que Palmares nunca foi derrotado, Zumbi não morreu. É uma história de vitória", completa ele, sobre a obra escrita ao lado de Bárbara Borges e Vinícius Sylvestre. Além disso, ele também prepara três longa-metragens para o cinema, sendo dois em português e um produzido em inglês. O projeto mais avançado deve estrear nos cinemas do Rio de Janeiro.

Intitulado Possessões, o longa traz uma história de terror e conta com grandes nomes no elenco como Marcelo Serrado, Camila Nobre, Tuca Andrada, Rocco Pitanga e Marcos Pitombo. "Ainda quero fazer mais um filme de comédia brasileiro e estou enviando sinopses e projetos para as emissoras de TV e plataformas no Brasil, e também para o mercado hispânico."

Ele ainda tem dois filmes roteirizados, no gênero do suspense. Um se chama Heinous Trap e foi idealizado para uma estrela brasileira –como Anitta, Gisele Bundchen ou Alice Braga– contracenar com um ator norte-americano. O segundo é intitulado Gina Light e levanta a bandeira da luta racial. "Sou um contador de histórias obsessivo e compulsivo. Se a TV não me contratar, vou continuar fazendo livros e filmes, essa é a minha vida. Ganhei mais dinheiro com isso do que quase todos os roteiristas da minha geração."

Abaixo o artista fala sobre sua relação com as redes sociais, a importância da representatividade LGBTQIA+ e sua conexão com sua família e seus primos Ricky Tavares (31) e Juliana Xavier (27). Confira trechos editados da entrevista.


Na época em que você esteve afastado das produções na TV, o que você escolheu fazer?
Quando eu fiquei sem contrato nenhum com a televisão, a Lígia, mãe do meu filho, resolveu estudar cinema em Los Angeles. E eu queria ficar perto do meu filho e fui também, foi ótimo. E me apaixonei por lá. Lá eu fiz toda uma reciclagem como roteirista na UCLA [Universidade da Califórnia em Los Angeles]. Comecei a aprender e entender a formatação e as regras de roteiro desenvolvidas por essas pessoas que tem um grande know-how no audiovisual. Lá desenvolvi alguns roteiros de filme que estão em um estágio avançado de formatação. Vamos ter meu primeiro filme em inglês.

Você defende as causas LGBTQIA+, que às vezes chega até a ser reprovada em novelas. Qual a importância disso?
Ainda há muito o que avançar, a homofobia aqui ainda é muito forte e violenta. Não é algo errado, nem uma opção. É algo que existe e é natural. Na minha vida, aprendi e entendi isso. Tenho orgulho de ter feito o primeiro beijo, beijaço mesmo, na novela Amor e Revolução com a Luciana Vendramini e a Gisele Tigre. Sempre procurei colocar personagens gays nas minhas novelas.

Nas redes, você se mostrou um forte combatente ao governo de Jair Bolsonaro. Qual a importância de se posicionar?
O que aconteceu no Brasil foi muito sério. Existe uma grande construção de uma rede de informação paralela com uma narrativa que prioriza o anti-lulismo e usam disso como uma forma de desestabilizar a democracia. Eu senti a necessidade de me posicionar porque vi que ali existia um perigo. O artista precisa se posicionar, principalmente quando há um risco à democracia.

Também nas redes você mostra o carinho que tem pelos seus primos Ricky Tavares e Juliana Xavier. Os dois têm bastante seguidores nas redes e trabalham com esse meio artístico, você teve alguma influência nisso?
Além de primo, sou como um segundo pai para eles. Somos uma família de artistas. Passou de geração em geração. Com certeza tive uma influência muito grande no fato dos dois terem seguido carreira artística. Tenho muito orgulho. São como filhos para mim. Antes de ter meu filho, que está com 15 anos, eles eram minhas crianças. Sonho com o dia que eu vou ser vovô. Quando a família tem amor, aquilo se torna uma fonte incrível de saúde, alegria, paz, serenidade, harmonia.