Herdeiro de Buza Ferraz revela o DNA de um romance repleto de humor
A sintonia no amor, no humor e na busca dos mesmos ideais dá o tom dos quatro anos de relação dos atores Ariane Rocha (38), destaque como a inspetora Fernanda de Vitória, da Record, e Antonio Bento Ferraz (24), caçula dos cinco filhos do consagrado ator, diretor e produtor Buza Ferraz, morto em 2010, aos 59 anos.
Muitas das convicções deles sobre a vida afetiva vão na contramão da maioria dos casais. “Gosto dessa coisa solta. Ela tem a casa dela e eu, a minha. Se a gente quer ficar junto, um vai ao encontro do outro. Não temos rotina, nós a criamos”, ressalta Bento, também diretor e escritor, em sua casa, no Rio.
“Nunca tivemos crise, talvez por termos sonhos em comum. Não estou pensando agora em união, filhos. Desejo construir minha carreira e ele, também”, diz a atriz, bailarina formada, que estreou na TV em O Sítio do Picapau Amarelo, em 2004.
Nem mesmo a diferença de 14 anos entre os dois atrapalha. Pelo contrário, garantem.“Ela me passa coisas que viveu, até mesmo na profissão, me alerta. Muitas vezes, me dá o caminho das pedras”, admite ele, com o aval da amada.“De repente, Bento diz: ‘Vamos viajar, para não sei onde, agora’ ou ‘Vamos ao Maracanã, ao jogo do Botafogo’. Nunca tinha pisado lá! Estava recém-separada, então, ele trouxe um frescor maravilhoso para a minha vida”, garante Ariane.
Oriundos da tradicional escola de artes carioca Tablado, eles se conheceram nos bastidores da peça O Cavalinho Azul. A conexão imediata os uniu não só afetivamente, como a outros projetos. Um deles, AtuRando: um canal de humor no YouTube que satiriza os bastidores do universo artístico. “A gente estudava, se dedicava e nada dava certo. Pensei, por que não criar algo sobre isso na internet?”, lembra a atriz. “A ideia era falar do que estávamos passando, mas de forma bem-humorada, rir da situação”, explica Bento. “São cenas cotidianas, todos atores podem passar por isso. Sempre tem um diretor maluco, por exemplo. E os testes, nos quais se toma uma sequência de não e, às vezes, um sim. E ainda tem gente que acha glamouroso ser ator de TV, não é?”, ressalta ela.
Os dois também dividem o trabalho com a Cia. Tragicômica Verruga do Frade, criada em homenagem a Buza Ferraz, que iniciou a carreira em grupos de teatro. Além disso, atuam juntos com outros dez atores na comédia nonsense O Sol Está Quente e a Água Está Ótima, de Emílio Boechat.
“O palco é a nossa base”, reitera ela. A peça reestreia em março, no Rio. Depois, segue em turnê pelo sul do País. “Conseguimos montá-la na marra, é uma comédia escrachada. Para mim, nunca existiu ser ator sem fazer teatro”, enfatiza ele, que, aos 7 anos, atuou no filme For All – O Trampolim da Vitória, com direção do pai. “Dividimos as mesmas paixões. Tudo que sei de interpretação, câmera, aprendi com ele, ainda criança, meio sem querer. E ainda herdei o amor pelo Botafogo”, declara Bento, que pensa lançar o livro Clã dos Cavaleiros Perdidos, romance de fantasia criado a partir de diálogos e brincadeiras que manteve com Buza.