Selton dirigiu Claudio no último trabalho do ator na TV, na série 'Sessão de Terapia', no GNT
Selton Mello, que dirigiu o ator Claudio Cavalcanti na segunda temporada da série Sessão de Terapia no GNT -- o último trabalho do ator na TV -- lamentou a morte do artista.
Cavalcanti, de 73 anos, estava internado na UTI do Hospital Pró-Cardíaco desde a última semana e morreu por volta das 18h deste domingo, 29, no Rio de Janeiro.
Em Sessão de Terapia, Claudio Cavalcanti interpreta Otavio, empresário de sucesso em crise no trabalho. Ele procura o terapeuta Theo (Zécarlos Machado) após viver crises de ansiedade e acaba descobrindo os reais motivos por trás de seus problemas de saúde. A série, com direção de Selton Mello, já está toda gravada e será exibida de segunda a sexta, às 22h30, no GNT, a partir do dia 7 de outubro.
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Em recente entrevista ao site do GNT, o ator afirmou que interpretar Otavio era um sonho realizado. “Recebo convites, mas nem sempre tenho tempo. Mas esse papel é o sonho de qualquer ator!Eu merecia esse papel. Não posso trair a minha história”, contou Cavalcanti, que interpretou protagonistas icônicos como Jerônimo, da novela Irmãos Coragem, e Padre Albano, em Roque Santeiro. “Se eu dissesse 'não' eu seria louco. E burro!”, disse.
“Claudio estava feliz, com um entusiasmo contagiante e deixou para os seus fãs um trabalho notável em Sessão de Terapia”, contou Daniela Mignani, diretora do GNT, em comunicado para a imprensa.
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Abaixo o texto escrito por Selton Mello sobre o ator:
"Tive o privilégio de conhecer e conviver com esse grande ator chamado Claudio Cavalcanti. Ele nos deixou nessa noite do dia 29 de setembro, mas sua arte é eterna. Porque um ator pode nos deixar, mas suas criações seguem reverberando na mente e no peito de quem se deparou com elas.
Nosso lindo encontro proporcionou muitas alegrias de um trabalho que nos motivava diariamente e algumas certezas sobre nossa profissão. Uma delas é a de que não somos donos do que fazemos. A arte é algo nobre, generoso, que encontra ressonância em outras pessoas e só então ela se torna completa.
Tive o privilégio de ver um ator de 73 anos com muito brilho nos olhos, com um desejo gigante de se expressar da maneira mais potente possível. Claudio tinha fome de expressão.
E como isso era estimulante!
Para ele, que vivia uma excitação de menino por um trabalho que o deixava apaixonado, e para mim, pois tive a confirmação da longevidade espiritual que a arte oferece. Me impressionava sua disponibilidade física e emocional, estava ali inteiro.
E ríamos e nos emocionávamos com cada passagem de seu personagem. A equipe estava inteira do seu lado e vibrando com sua caminhada diária rumo a um trabalho notável.
Desde pequeno eu acompanhava pela TV o trabalho desse grande ator. Nunca trabalhamos juntos em cena. Quis o destino que fosse nessa configuração, ele na frente e eu atrás das câmeras.
E ali, eu ficava namorando os caminhos que ele percorria e então eu aprendia, aprendia muito em cada passo que ele dava.
E agora, com muita tristeza, nos despedimos dele, mas ao mesmo tempo com uma sensação nobre que embala o que estamos sentindo: o sentimento de que ele viveu uma última grande aventura emocional de uma maneira que só os grandes intérpretes conseguem alcançar.
Em nome de toda a equipe de Sessão de Terapia, envio nosso abraço apertado a Maria Lucia, sua companheira de toda a vida, e também a todos os seus familiares.
O lugar de um grande ator é no palco, nas telas, sob a luz que ilumina os já iluminados por natureza. Esse era seu lugar de direito.
Claudio Cavalcanti foi, é e sempre será um artista imenso”.